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Publicado em 10/10/2011 as 12:00am

Membros do CRBE apresentam deficiências da entidade em debates

Em série de palestras em Massachusetts, New Jersey e New York, membros/suplentes do CRBE elucidaram sobre as deficiências do conselho

Por Larissa Gomes 

A atuação dos membros do Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior (CRBE) e a criação de uma Secretaria Estadual, sem a atual tutela do Itamaraty e com independência para aprovar novos projetos, foram dois dos principais assuntos discutidos nas palestras sobre o CRBE, criação do Estado Emigrante e união das entidades, realizadas em Somerville – MA no dia 6 ( Holliday in Hotel), New York – NY( Casa do Brasil), no dia 7, e Newark – NJ ( sede da BAUA) , no dia 8. As palestras foram organizadas pelo Comitê Pró-Cidadania Unida, com o apoio do jornal Brazilian Times.

O pastor e membro/suplente do CRBE, Walter Mourisco, disse que está faltando mais compromisso por parte dos membros com a comunidade. "É preciso entender que liderança significa abrir mão da sua vida particular em prol de outras pessoas, e não o ‘status’ que o cargo proporciona. Se os brasileiros não participam dos debates é por falta de motivação, porque não estamos nem influenciando nem motivando os brasileiros residentes nos EUA. As pessoas trabalham demais e, para ir a uma palestra, elas têm que ter a certeza de que voltarão para casa melhores, e decepcionadas com o resultado do evento. Precisamos ser exemplo, para então sermos líderes e, assim, conquistar a confiança da comunidade brasileira. Quem gosta do status de líder é porque está preocupado com a grandeza do cargo, e não com as responsabilidades e tarefas que ele tem. Lutamos por causa dos imigrantes brasileiros e nada mais", disse.

Ainda segundo Walter, ética e cidadania devem andar juntas. Por isso, sugeriu uma proposta para a Casa do Brasil em NY, que promova reuniões trimestrais a fim de que seja feito um balanço nas ações realizadas junto à comunidade e para que se chegue a um consenso nas atividades. Sugeriu, também, que, uma vez ao ano, seja realizado um fórum com os líderes para a discussão da atuação dos membros do Conselho e uma retrospectiva do que foi realizado em prol da comunidade brasileira.

Rui Martins, jornalista e membro/suplente do CRBE na Suíça, explicou como se tornou um imigrante. "Saí do Brasil em 1969, fui exilado, jornalista e formado em Direito pela USP, me engajei em 1994, contra uma Constituição que impedia que os brasileiros nascidos no exterior fossem cidadãos brasileiros. O projeto foi batizado com o nome de Brasileirinhos da Pátria e foi um movimento mais virtual e que deu muito certo. Representantes em todos os continentes, dentro ou fora da embaixada ou consulado brasileiro, se uniram para impedir que o Senado aprovasse uma Constituição com o objetivo de acabar com a nacionalidade da cidadania nata de filhos de brasileiros nascidos no exterior” afirmou ele.  “A Constituição dizia que crianças nascidas nos EUA seriam americanas e não brasileiras, e que a partir dos 18 anos poderiam reivindicar judicialmente a cidadania brasileira e que até completarem maioridade seriam despatriadas, ou seja, sem a cidadania nata brasileira. O processo levaria, no mínimo, três anos e custaria cerca de US$ 3.000. Isso seria um grande problema para os cidadãos e uma mina de ouro para advogados e despachantes. Com essa campanha ajudamos mais de 300 mil crianças, impedindo que elas deixassem de ter o direito à nacionalidade brasileira” relatou o jornalista.

Rui Martins também falou sobre outros assuntos que também fazem parte das obrigações do conselho. "O conselho até consegue decidir algumas pautas, mas não tem verba, não tem agenda, podemos imaginar os projetos, mas não decidimos, porque quem decide e aprova é o Itamaraty. Não precisamos de tutela, somos imigrantes e representantes, o que nos possibilita fazermos quase tudo o que queremos, mas não podemos decidir nada. Sempre pergunto aos meus colegas conselheiros se vale a pena tanta luta em vão, se vale continuar ou não. Seria melhor lutarmos para sermos independentes, para conseguirmos colocar em prática todas as nossas ideias. Queremos uma Secretaria de Estado dirigida por imigrante, pois diplomatas têm regalias e são remunerados, diferentemente de nós", protestou Rui

Já o ativista e membro/suplente do CRBE, Jorge da Costa, comentou que gostaria que o Estado brasileiro liberasse verba para que o consulado controlasse a demanda de serviços. "Não há em nenhum país no mundo, serviços que sejam suficientes para os cidadãos que buscam ajuda. Brasileiros enviam milhões de dólares por ano ao Brasil e nada disso é levado em consideração, isso precisa ser mudado urgentemente" pediu o ativista Jorge da Costa.

Finalizando o debate, Walter Mourisco comentou que um dos melhores projetos que o CRBE tem atualmente é a sugestão para que o departamento responsável pelas licenças para dirigir possibilite aos brasileiros que retornarem do exterior, um tempo de, no mínimo, três meses para regularizar a situação da carteira de motorista do Brasil. Segundo ele, o governo aprovaria isso com muita facilidade, pois não é inconstitucional.

A série de debates contou o moderador e empresário do setor de Comunicação, Edirson Paiva, moderador-assistente Pastor Jota Moura, Secretária Cláudia Tamsky e os diretores Sue O’Brien e Jorge Costa.

 Confira a carta enviada pelo membro/suplente do CRBE na Europa, jornalista Rui Martins

Minha declaração em Boston, NY e Newark

Decidi participar da Frente pela Emancipação dos Emigrantes.

Me uno aos outros emigrantes nesse esforço, para que nós emigrantes saiamos da tutela do Itamaraty e possamos ter um órgão independente.

É muito importante termos independência.

Atualmente, tudo que o Conselho de Representantes, o CRBE, faz tem que ser aprovado pelos diplomatas do Itamaraty. E o Itamaraty também toma decisões sem consultar o CRBE e sem comunicar previamente seus membros.

Somos tratados como crianças e os membros do CRBE como marionetes.

Nós todos somos  adultos, maiores, juridicamente capazes de assumir nossas responsabilidades, queremos sair da tutela do Itamaraty para que nós mesmos, emigrantes, possamos planejar e decidir o que nos convém, junto com parlamentares também emigrantes, apoiados por um grande conselho de emigrantes.

Sem a tutela do Itamaraty, ligados diretamente à Presidência da República. Isso não vai custar nada para o dinheiro público, porque o Itamaraty criou uma subsecretaria que deveria ser nossa e está usando uma verba que seria suficiente para termos uma Secretaria dirigida por Emigrantes.

Esta Frente pela Emancipação dos Emigrantes é um movimento pela nossa independência, queremos ser donos do nosso nariz e discutirmos nós mesmos o que é importante para nós emigrantes, sem tutela.

Não temos nada contra a política externa do Itamaraty, só que achamos em que matéria de Emigração, são os emigrantes que devem decidir.

Rui Martins

Jornalista e membro-suplente do CRBE

Fonte: (da redação)

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