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Publicado em 14/10/2011 as 12:00am

Brasileiros falam sobre choque cultural entre Brasil e EUA

As diferenças da culinária, da língua, da cultura e do comportamento social entre os dois países são alguns dos conflitos mais citados pelos imigrantes brasileiros

Por Larissa Gomes

A mudança de residência para um outro país, sempre esbarra com um grande conflito de adaptação : as diferenças culturais e de costumes. Para os brasileiros nos EUA, a questão é sempre colocada considerada na decisão de continuar no país ou voltar para o Brasil.  Deixar o país de origem para morar em outro, às vezes, pode ser mais complicado do que se imagina. Os brasileiros entrevistados pelo BT disseram que o primeiro ano é sempre o mais doloroso e a vontade de voltar ao Brasil passa a ser um eterno desejo. Muitos sonhos foram planejados antes de deixar a terrinha e muitos conseguem conquistar as metas estabelecidas, mas nem sempre os planos saem como o esperado e nessa hora só mesmo mantendo hábitos brasileiros e se mantendo no meio social com os conterrâneos é capaz de segurar a vontade de ir embora.

Teresa Mendes, residente nos EUA há 25 anos, atualmente em Everett (MA), natural de Montes Claros (MG), conta que os primeiros anos foram os piores. "Vim de uma cidade pequena e fui morar em NY, dividia uma casa com outras duas brasileiras. Naquela época, era difícil fingir que, por alguns momentos, estávamos no Brasil, não tínhamos canais brasileiros na TV como temos hoje, diversos jornais, lugares de brasileiros, etc. Hoje em dia, tudo é mais fácil, quando chego em casa e ligo a TV, parece que estou no Brasil, meus hábitos são brasileiros, convivo com muitos conterrâneos, só a alimentação que não é nem americana nem brasileira, apenas como comidas saudáveis, independentemente de que origem sejam ", disse Teresa.

Teresa conta que sempre vai ao Brasil a trabalho, pelo menos cinco vezes ao ano, e que se pudesse ficaria por lá, mas possui empresas nos EUA e isso a impede de retornar. "No momento em que piso aqui, já quero voltar a Minas Gerais, e para matar a saudade tento me manter o mais brasileira possível. Escuto músicas de lá o dia todo, tenho muitos amigos e funcionários brasileiros, enfim, faço de tudo para conseguir ficar aqui, sem sentir saudade do meu país" completa.

Teresa trabalha com venda de passagens, inclusive para o Brasil, e são muitos os que chegam até ela com dúvidas se querem ou não voltar ao país de origem, muita gente não suporta por muito tempo a saudade dos familiares e, mesmo vivendo com a comunidade brasileira e mantendo hábitos da terrinha, não são todos que conseguem aguentar os hábitos americanos e a falta do calor humano do Brasil.

Rômulo Martins, residente há 12 anos em Newton (MA), natural de Governador Valadares (MG), se diz mais americano do que brasileiro. "Cheguei aos EUA com 14 anos de idade, tenho esposa e filho americano, não trabalho com brasileiros e meu contato com a comunidade é só quando encontro alguns amigos. Em casa, nem canais brasileiros tenho, só assisto à TV americana, esporte, shows e noticiários. Torço para o Red Sox, Celtics e não acompanho nenhum esporte do Brasil. Só falamos português em casa, porque quero que meu filho fale meu idioma. Primeiro ensinei minha esposa e agora nós ensinamos nosso filho. Comida brasileira só comemos quando minha mulher pede para ir a restaurante brasileiro, ela adora a comida de lá. Tirando isso, é só comida americana", disse.

Segundo Rômulo, ele não sente falta do Brasil e não voltaria para lá, pois ele considera os EUA a terra das oportunidades, onde é possível ter tudo o que deseja. "Trabalhando, conseguimos conquistar tudo o que queremos. Tenho um amigo brasileiro que não tinha nem uma casa para morar no Brasil e chegando aqui, em poucos anos, comprou terras e gados. Nunca conseguiria isso em tão pouco tempo se estivesse morando no Brasil".

Jonathan Luiz, residente em Framigham há 11 anos, e natural de Governador Valadares (MG), diz que foi um dos primeiros brasileiros a chegar à cidade de Newton (MA). "Foi ‘dureza’, não tinha amigos brasileiros, e tive que aprender o Inglês para poder me socializar e me comunicar com os amigos. Depois das sete horas da noite não tinha mais ninguém andando pelas ruas, só policiais. Tudo era diferente do Brasil, foi muito difícil a adaptação aqui, mas hoje estou bem", relata.

Segundo Jonathan, quando a saudade aperta, ele ouve músicas ou assiste a canais brasileiros e mantém diariamente os hábitos do Brasil, como alimentação, por exemplo. "Lá em casa comemos arroz e feijão todos os dias, falamos português, assistimos a jogos do Brasil, nossos amigos são brasileiros e frequentamos lugares onde tem ‘gente como a gente’", afirma .

Jonathan revela que nunca quis ser cidadão americano, embora pudesse, uma vez que possui o Green Card, mas depois que casou e teve uma filha, sente-se na obrigação de se tornar americano, assim pode garantir estabilidade no país para a família. "Farei isso por elas, não por mim, quero que minha filha e esposa fiquem tranquilas, mas continuarei sendo brasileiro de coração" revela.


Fonte: (da redação)

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