Publicado em 29/06/2012 as 12:00am
Livro relata vida de dançarinas eróticas em NY
A obra afirma que maioria das brasileiras que participa de danças eróticas é de classe média no Brasil
A obra afirma que maioria das brasileiras que participa de danças eróticas é de classe média no Brasil
da redação
Nos bares do Queens, brasileiras seminuas, vestindo biquinis, às vezes sem a parte superior, desfilam em uma pequena plataforma para uma plateia lotada de homens. É desta forma que o livro Transnational Desires: Brazilian Erotic Dancers in New York, da escritora Suzana Maia retrata a vida de algumas imigrantes que tentam sobreviver em New York.
O trabalho destas brasileiras consiste em atrair clientes que, enquanto ingerem suas bebidas, observam o desempenho das dançarinas. Elas param diante dos clientes e se exibem para receber um dinheiro. Uma performance de cada uma dura em média 20 minutos, sendo que os bares abrem às 19h30 e fecham às 4h, todos os dias.
A escritora conversou com várias dançarinas que contaram um pouco de sua trajetória e o que fazem para ganhar dinheiro. Quando elas não estão dançando, a maioria fica conversando com os clientes, fazendo uma espécie de socialização, segurando-o por mais tempo, para que gaste mais na casa. Desta forma eles comprar mais bebidas e as brasileiras acabam ganhando uma pequena porcentagem.
Alguns bares também oferecem danças particulares, onde as mulheres fazem uma exibição exclusiva para apenas um cliente. Geralmente isso acontece em algum canto escuro e reservado do estabelecimento.
Segundo estimativas, as dançarinas fazem entre $100 a $400 por noite, sendo que algumas ganham mais, dependendo do seu desempenho, do dia da semana e do clima do bar.
O livro mostra o trabalho como apenas uma dança e contraria à crença de que "dança erótica é uma forma de prostituição". Não há troca de dinheiro por relação sexual, pois o cliente está pagando apenas a apresentação da dançarina, como se estivesse pagando o ingresso para assisti-la dançar. As leis da cidade de New Yor são rígidas quando o assunto é combater a prostituição e diferencia a dança erótica do comércio do sexo.
A escritora conta que muitas vezes que foi aos bares para conhecer de perto a vida destas mulheres e acabou sendo confundida com uma dançarina. Até mesmo os proprietários dos estabelecimentos a convidaram para participar do grupo, pois ela "era brasileira, tinha corpo de brasileira, como a maior parte das mulheres que trabalham neste ramo".
Em uma de suas visitas, ela conheceu duas brasileiras oriundas da mesma cidade, no Brasil, Bárbara e Clara, sendo que a segunda era mais amigável e extrovertida. Suzana conversou muito com elas e conheceu um pouco da história de cada uma.
A escritora ficou surpresa em saber que maioria das mulheres é de classe média. Clara é uma advogada que tem mais familiares trabalhando como dançarinas eróticas em NY. Através delas, a escritora conheceu uma rede de brasileiras que trabalham neste ramo, todas oriundos de classe média no Brasil.
A maioria das entrevistadas falaram que optaram pela dança erótica, ao invés de housecleaner, devido a segunda opção ser "humilhante para a condição social que elas viviam no Brasil". Geralmente, elas cresceram sendo servidas por uma empregada e não conseguiram se adaptar como "domésticas" nos Estados Unidos.
Suzana Maia é professora de antropologia na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Ela recebeu Ph.D. pela City University of New York Graduate Center. Para mais informações acesse o site www.VanderbiltUniversityPress.com
www.VanderbiltUniversityPress.comFonte: Brazilian Times