Chegou o Classificado do Brazilian Times. Divulgue ou busque produtos e serviços agora mesmo!

Acessar os Classificados

Publicado em 21/11/2012 as 12:00am

Arquiteto brasileiro se destaca na América

"Audacioso" é como o arquiteto Marco Aurélio Gonçalves descreve sua trajetória profissional. Mas sua postura não tem um pingo de petulância. Pelo contrário. De forma um pouco tímida, e com enorme humildade, ele encara os projetos com "Impulso da alma para

"Audacioso" é como o arquiteto Marco Aurélio Gonçalves descreve sua trajetória profissional. Mas sua postura não tem um pingo de petulância. Pelo contrário. De forma um pouco tímida, e com enorme humildade, ele encara os projetos com "Impulso da alma para atos difíceis ou perigosos", uma das definições precisas do termo audácia em dicionários.

Marco abraça cada projeto como se fosse o único e o ultimo. E foi assim com essa garra, que o carioca vem conquistando a América — primeiro a capital dos Estados Unidos, onde tem uma empresa de arquitetura e decoração — e agora a capital da América Latina nos Estados Unidos, que é como muitos se referem a Miami.

"Às vezes, quando olho para trás, me vejo como muito audacioso, e penso, como é que fiz isso? Mas no final acaba dando certo", diz o arquiteto, que como um desbravador, tem como meta agora abrir novos caminhos na Flórida. "Sempre tive esse sonho de vir para Miami".

Ele chegou a fazer alguns projetos aqui em 2005 e 2006, mas acabou voltando para Washington para atender outros clientes na época e ficou por lá — até agora.

Em 2013, ele diz que vai ficar na ponte-aérea Washington-Miami.

"Me sinto agora mais estruturado profissionalmente", diz Marco, que hoje tem um showroom em Alexandria, uma cidade do estado de Virginia, considerada parte da Grande Washington, onde sua empresa  EuroDesign Solutions atende grandes nomes da elite americana, como Louis Hughes, ex-presidente da Lockheed Martin e da General Motors, que está reformando um apartamento de luxo na Ave. Massachusetts, numa área nobre da capital americana.

"Decidimos continuar trabalhando em D.C., mas abrir também o caminho em Miami, onde achamos que tem um público que se assemelha muito com nosso trabalho. Achamos que vai haver um bom reconhecimento".

E assim tem sido a história de sua vida: primeiro o desejo depois a meta, o desafio e a realização – e entre cada etapa, um obstáculo, que como numa concepção arquitetônica, pode apenas atrasar um pouco o projeto, mas no fim, todos seus passos acabam sempre em grandes conquistas sustentáveis, como pilares numa construção.

E é assim também que ele começa seu processo de criação: como um desejo, quase irracional, de achar soluções para o estilo de vida do cliente. "Tenho muito forte essa vontade de consertar, achar soluções para os problemas", diz o arquiteto, que às vezes se posiciona quase como um psicólogo. "Primeiro, tenho que entender qual o problema, o que a pessoa quer. Acho que isso faz a diferença. Enquanto não encontro aquela solução, não tenho paz".

Marco cresceu no subúrbio do Rio de Janeiro, filho mais velho de quatro irmãos. Sua mãe, dona Vera, era dona de casa, costureira de mão cheia, foi dona de alguns comércios e uma pequena confecção no Rio. Seu pai, Seu João, era funcionário público, motorista de ônibus, e, nas horas extras, de taxi. Marco lembra do pai estudando à noite para completar o segundo-grau.

E esse espírito de luta e empreendedorismo sempre fez parte da família Gonçalves.

"Não existia na minha cabeça a opção de não estudar", diz ele, que desde cedo sabia que queria cursar uma faculdade.

Passou no vestibular e entrou na Universidade Gama Filho.

"Na época era completamente fora da nossa realidade", conta. "A mensalidade era muito cara".

Mas Marco vive sua vida como o arquiteto audacioso que é: sempre em busca de soluções para projetos que cria – às vezes projetos no ramo profissional e, muitas outras vezes, na vida.

Conseguiu uma bolsa de estudos integral e crédito educativo.

"Era bem sacrificado", diz. "Tinha dias que pegava mais de 10 ônibus".

Ele trabalhava na administração de uma cervejaria e nos dois dias de folga que tinha na semana frequentava a universidade. Tinha aula das 7h30 às 22h.

Nisso, pouco antes de entrar na faculdade, seus pais haviam se separado, e Seu João resolveu recomeçar a vida em Washington. De subemprego, como muitos brasileiros que vem "fazer América", ele foi crescendo e logo abriu uma empresa de jardinagem, que tem até hoje, e aos poucos foi trazendo todos os filhos, um por um.

Marco resolveu trancar matricula em 1994 e veio passar uns tempos nos Estados Unidos com o pai. Ficou seis meses, mas decidiu voltar para completar a faculdade. Três anos depois se formou e foi um dos poucos alunos na época a conseguir trabalho no ramo de arquitetura. Mas não fazia projetos, que é sua maior vocação e paixão. Por isso, pediu demissão e começou a correr atrás de seus próprios clientes.

Estava fazendo alguns projetos em parceria com colegas quando, em 1999, resolveu voltar a Washington em busca de novos desafios.

Lá, concorreu a uma vaga de arquitetura numa firma local e chegou a finalista, mas na última hora, perdeu.

Começou a trabalhar como entregador de pizza e garçom até que, um dia, uma festa que fez numa boate foi um sucesso tão grande que, naquele momento, Marco passou a ficar conhecido como "o promoter" brasileiro da cidade. Logo abriu a Brazilian Night Entertainment, que chegou a promover festas para até 2 mil pessoas num dos maiores "night clubs" de Washington.

"Eu decidi, na época, que não iria mais tentar arrumar emprego como arquiteto. Iria ganhar a vida e dinheiro e desenvolver meu lado de arquiteto fazendo casas para mim", diz. "Mas de uma certa forma, usava meu talento como arquiteto para promover eventos, da iluminação à decoração".

Mas, novamente, apesar de Marco tentar se afastar da arquitetura, ela nunca desistiu dele.

Ele voltou a fazer um projeto aqui, outro ali, e aos poucos foi reconstruindo os pilares de sua vida.

"Acho que a arquitetura é algo que está dentro de mim. Tenho certeza que eu nasci para ser arquiteto", diz, com humildade mas determinação. "Eu deveria ter saído do Brasil consciente de que seria um percurso duro, que demoraria muito. Por algum motivo, eu talvez subestimei".

Mas nunca desistiu, e essa é a lição que deixa para jovens arquitetos:

"Se você acredita que tem talento, sabe que tem talento, estude, tente, não se derrote com barreiras, crie forças e crie uma meta," diz. "Acredite no seu potencial". (fonte: http://colunistas.ig.com.br/diretodemiami)

Fonte: Brazilian Times

Top News