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Publicado em 8/02/2013 as 12:00am

Estudante da MIT fala sobre diferenças de ensino nos EUA e Brasil

Gustavo Haddad Braga, 18, mais de 40 medalhas em olimpíadas de conhecimentos, de física a linguística. Esse currículo lhe proporcionou oportunidade rara para um brasileiro: estudar numa universidade de ponta nacional (medicina na USP) e numa "top" mundial

Gustavo Haddad Braga, 18, mais de 40 medalhas em olimpíadas de conhecimentos, de física a linguística. Esse currículo lhe proporcionou oportunidade rara para um brasileiro: estudar numa universidade de ponta nacional (medicina na USP) e numa "top" mundial --o MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos EUA.

Após essa experiência, ele destaca pontos positivos na melhor universidade brasileira, como sua infraestrutura, mas afirma que uma das principais vantagens no modelo americano é que os professores ficam mais próximos dos seus estudantes.

Gustavo ficou os primeiros seis meses do ano passado na USP porque ainda não havia conseguido uma bolsa de estudos no MIT. Apesar de ser da classe média de São José dos Campos (SP), sua família não tinha recursos para bancar os cerca de R$ 100 mil anuais para pagar o curso e ainda se manter nos Estados Unidos.

Próximo ao segundo semestre de 2012, ele conseguiu financiamento do CNPq, órgão federal brasileiro que fomenta pesquisas. E Gustavo, então, rumou para o MIT, onde fez provas iniciais e conseguiu eliminar um semestre de estudos (matérias de cálculo e de física).

Na entrevista a seguir, ele compara os modelos brasileiro e americano de ensino superior. Ele ainda não definiu exatamente em qual área se formará (nos EUA, a escolha é feita após cerca de dois anos de disciplinas gerais)

Uma decisão, porém, está tomada. Gustavo afirma que voltará ao Brasil após a formatura. Ele vê grandes possibilidades de crescimento em sua carreira aqui. E diz que sente falta do jeito brasileiro. "Lá, cumprimentar alguém com beijo no rosto, esquece."

A seguir, trechos da entrevista, concedida durante suas férias, na semana passada, em São Paulo --onde visitava a família e finalizava detalhes para a criação de sua segunda empresa. (FÁBIO TAKAHASHI)

Folha - Qual sua avaliação sobre o ensino universitário no Brasil e nos EUA ?

Gustavo Haddad Braga afirma que são bem diferentes as meniras de ensino universitário entre o Brasil e os EUA. Um ponto marcante é que no modelo americano você não é aprovado para um curso ou departamento, mas para a instituição.

Só depois de cerca de dois anos você se direciona. Eu poderei fazer tanto história quanto engenharia. É legal porque, aos 17 anos, você geralmente não tem ideia do que fazer. No primeiro ano do MIT, os alunos devem fazer quatro disciplinas. Fiz matérias de ciências da computação, química, equações diferenciais e redação.

Você pode ver que é uma grande diversidade, e eles incentivam isso, até para ajudar depois na escolha de qual curso seguir. "Eu devo ir para ciências da computação e engenharia [é permitido fazer duas "especializações"].

Você sentiu diferença de ?

Ele aponta como uma das principais diferenças o relacionamento com professores brasileiros e americanos. No modelo do MIT, primeiro você tem aula em um auditório grande, com até 200 pessoas. O professor é altamente qualificado, muitos já ganharam o prêmio Nobel. Neste próximo semestre, terei aula de química com um dos caras que sequenciaram o DNA humano.

Depois, há continuidade em grupos de até dez pessoas com os "assistant professors", que são alunos terminando o PhD [doutorado]. Debatemos tópicos, eles incentivam que façamos perguntas, que cheguemos às próprias conclusões. O relacionamento com esse professor é muito próximo, conversamos com eles no corredor, tiramos dúvidas, saímos para almoçar.

Esse relacionamento próximo é diferente do que temos com os professores na USP, até porque eles têm muitos alunos ao mesmo tempo.

Mas ele afirma que viu vantagens na USP e que tem muitas coisas que gosteu. As provas são mais frequentes, o que ajuda você ficar em cima da matéria. Gosto de fazer prova, de acordar e saber que terei o conhecimento testado.

O chato nos EUA é que não existem áreas como medicina e direito na graduação. Você se forma em alguma coisa antes, provavelmente na área de biológicas para a medicina, e depois faz uma pós-graduação na área. Acaba demorando mais.

Em relação aos modelos de admissão nas universidades ele ressalta que nos EUA "é legal porque eles olham o candidato como um todo. Tem a prova, o SAT, mas eles pegam seu currículo, a redação em que você mostra seus interesses. Há ainda entrevistas, cartas de recomendação. É uma avaliação global. Mas tende a ser subjetiva. Aqui, com o vestibular, é mais objetivo". (extraido da Folha de S.Paulo)

Fonte: Folha de São Paulo

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