Publicado em 3/05/2013 as 12:00am
Obama visita México e segurança na fronteira é assunto principal
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, desembarcou nesta quinta-feira (02 de maio) no México, com o intuito de fortalecer as relações com o novo presidente mexicano Enrique Peña Nieto.
Da redação - ABTN
As relações econômicas entre os dois países, da ordem de meio bilhão de dólares, é um dos assuntos principais da agenda, porém, a segurança com toda a certeza dominou as conversas privadas entre os dois presidentes, já que o México tem endurecido na cooperação com as autoridades americanas.
Uma fronteira entre dois mundos
Com 3.141 quilômetros de extensão, a fronteira dos EUA com o México, não apenas separa dois países, mas marca claramente a fronteira entre o primeiro e o terceiro mundo, e todas as consequências desta divisão.
De um lado, estão os EUA, o país mais rico do mundo, com todos os avanços tecnológicos e poderio financeiro, para manter sob vigilância constante o seu pobre vizinho, tentando impedir que imigrantes ilegais, drogas e contrabandos não entrem no país. Do outro lado, encontra-se um país com economia fragilizada, que tem nas remessas de dólares de mexicanos que vivem nos EUA, e nas drogas, suas principais fontes de receita, e onde o crime organizado tem forte atuação. Estas discrepâncias fazem da fronteira EUA/México um ponto de ebulição constante e fonte de preocupação diuturna dos dois governos.
Segundo a Comissão Nacional dos Direitos Humanos do México e a União Americana das Liberdades Civis, mais de 5.000 pessoas morreram na fronteira nos últimos 13 anos. Não se sabe ao certo quantos brasileiros perderam suas vidas nas mãos de coiotes, ou na travessia para os EUA.
Governo mexicano limita informações para autoridades americanas
Nos últimos anos, tendo em vista principalmente a desigualdade das relações, as autoridades mexicanas começaram a restringir as operações conjuntas com os seus pares americanos, causando uma pequena tensão entre os dois países, por isso, especialistas afirmam que a segurança dará o tom da visita de Obama ao México.
No governo anterior, o foco da segurança interna do México foi tentar acabar com os líderes do crime organizado no país, e muitos chefes de quadrilhas foram presos ou mortos nas operações realizadas, porém, na prática, outros líderes assumiram o controle do crime e poucos avanços ocorreram, principalmente no combate ao narcotráfico. Já o novo governo quer promover uma reforma educacional, social e econômica como forma de aumentar a segurança interna no país, todavia os objetivos de segurança, segundo os EUA, tem que ser mais imediatos.
O governo americano alega que a porta de cooperação entre os dois países, no que se refere à segurança, já não está tão aberta, e é preciso que os dois países voltem a ter a mesma atuação que já tiveram no passado.
Relações mais do que profundas
A história da constituição dos dois países, e a proximidade geográfica, estabelecem relações muito complexas entre os Estados Unidos e o México. A desigualdade econômica, social e cultural é muito grande, mas ao invés de criar um fosso entre os dois países, acaba fortalecendo as relações, já que de um lado existem ávidos consumidores de drogas, com dinheiro para comprá-las, mas sem produção interna, e de outro, produtores e comerciantes loucos por dólares, gerando uma indústria que envolve não só o narcotráfico, mas traz em sua esteira a prostituição, a imigração ilegal e o contrabando.
O forte comércio formal entre os Estados Unidos e o México, bem como a imigração legal de milhares de mexicanos para os EUA, faz com que as relações entre dois países seja forte, não só no submundo do crime, mas também na superfície, levando com que seus governantes tenham realmente que sentar e discutir quais as melhores fórmulas, não só para combater o crime organizado, mas também para diminuir o fosso das desigualdades entre os dois países, e a visita de Obama a Peña Nieto foi não só oportuna, mas também necessária.
Fonte: Brazilian Times