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Publicado em 19/06/2013 as 12:00am

Brasileiros se Solidarizam às Manifestações do Brasil

Brasileiros se Solidarizam às Manifestações do Brasil

Segundo Ato em favor dos protestos brasileiros deve reunir centenas em Boston.

 

No último domingo (16), a juventude brasileira se reuniu em Cambridge e se manifestou a favor dos protestos pacíficos no Brasil, caminhando com cartazes e bandeiras até o Boston Common. Jovens estudantes, turistas e trabalhadores, que reivindicavam direitos da população brasileira, já marcaram novo manifesto para o próximo domingo (23) às 2pm na Harvard Square.

O ponto de encontro do último domingo foi o MIT. No fim da tarde, os jovens começaram a chegar com os seus cartazes, alguns ainda em branco. Qual seria o motivo do manifesto? As caminhadas no Brasil, mais especificamente em São Paulo, começaram no dia 13 de junho na intenção de protestar contra o aumento da passagem no transporte público. Os cartazes que se resumiam a um único tema, no entanto, assumiram outra abordagem depois da reação policial contra primeiros grupos da reivindicação.

Imagens do posicionamento policial diante dos jovens foram capturadas por câmeras da população presente na Avenida Paulista e começaram a desmistificar o que a grande mídia, até então, vinha mostrando. Os vídeos foram rapidamente compartilhados nas redes sociais. O motivo da comoção nacional é um dos primeiros registros: grupo pequeno gritando "Sem Violência" e a chegada da Tropa de Choque atirando balas de borracha e bombas de efeito moral.

Tomas Ventura participou da caminhada em Boston. O economista, empresário e estudante da Extension School de Harvard contou um pouco das suas memórias de criança paulista para o Brazilian Times: "Lembro-me da violência e medo de assalto desde pequeno. À medida em que o país foi melhorando e algumas pessoas tendo menos dificuldades, comecei a me sentir preso por outro fator: o trânsito de São Paulo".

No Brasil, o que parecia ser somente uma luta contra vinte centavos de aumento, porém, transformou-se numa comoção geral pelo direito à liberdade de expressão. Bastou a população de outras cidades e países ver o acontecimento para unir-se rapidamente a uma causa que se espalhou na rede virtual com um clamor principal: saia do mundo online e vá pra rua. O mineiro Jean Soares, empresário local e participante do manifesto, disse que "a esperança aparece quando você levanta tua cabeça, olha para o horizonte e vê os brasileiros, em todos os cantos do planeta, despertando e demandando mudança imediata contra toda a roubalheira que acontece no Brasil". Já são mais de 315 municípios organizados em 25 países, sendo 58 cidades no exterior e uma delas é Boston.

Débora Leal (36), nascida no Rio de Janeiro e recém-chegada para trabalhar em eventos do MIT, percebeu a movimentação online e procurou colaboração no grupo de pesquisadores e estudantes de Boston para organizar o evento. "Encontrei quatro pessoas interessadas. Ficamos mais de quatro horas conversando e pensando em como contribuir com as manifestações. Na sexta pela manhã, acordei e já criei o evento, para não perder o ritmo dos acontecimentos no Brasil", contou Leal. Contente com a repercussão na mídia internacional, ela resumiu o sentimento dos outros brasileiros que vivem fora de casa: "Nosso protesto é para mostrar apoio aos manifestantes no Brasil. Temos muitos problemas há muitos anos e finalmente saímos às ruas".

A carioca não estava sozinha. Teve brasileiro representando todas as regiões do país. Aproximadamente 150 pessoas, carregando bandeiras do Brasil, pintando o rosto de verde e amarelo e com cartazes, agora já pintados com a ajuda dos recém conhecidos. Mais simbólico do que iniciar a caminhada brasileira no berço cultural e histórico americano, foi ver um bebê de pais brasileiros no meio da manifestação pacífica. "Usei a bandeira do Brasil como capa durante o dia todo no último domingo; não somente na passeata. A cada pessoa que perguntava o porquê da capa, eu esclarecia o que estava acontecendo; muita gente solidária ao Brasil", afirmou Vitor Pamplona, catarinense, especializado no MIT, que vive há 3 anos na região e atua como CTO na EyeNetra Inc.

Nessa mesma intenção de comunicar a problemática brasileira para o mundo, a apoiadora peruana da American Civil Libertie Union (ACLU) e representante da Organização Não-governamental Reaweave, Carla Mosquera, pronunciou-se sobre a passeata: "Queremos apoiar a comunidade brasileira em MA e promover um terreno otimista para a simetria discursiva, através de diálogo cultural e valiosas habilidades de liderança. Estamos tentando olhar para além das linhas culturais, em direção a algo que une e conecta todos nós. O valor que é compreendido na criação de sustentáveis sistemas ​​de mudança".

O grupo seguiu até o Boston Common, distribuindo folders, produzidos também online e de modo colaborativo, para outras pessoas que caminhavam entre Cambridge e Boston. Na mensagem, relatos do descaso político no Brasil, que ultrapassam reclamações acerca do transporte público. "Estou só aqui, não tenho família por perto, e tenho vontade de voltar para casa. Mas, tenho medo. Aqui tenho segurança, assistência social, saúde de qualidade e infraestrutura para viver dignamente. É frustrante viver aqui com o coração lá no Brasil, porém é difícil imaginar-se voltando ciente de que jamais se adaptará novamente, por conta de tanta desigualdade social", desabafou Christina Santos, nascida em Vitória e residente em Boston há mais de 12 anos.

De acordo com Santos, ainda, muita gente não soube do protesto e pediu para criarem outro. O número de pessoas no evento "Ato em Favor às Manifestações dos Brasileiros", criado no Facebook, já passou de 2.000 pessoas. Débora Leal fala para o BT que todos estão "empolgados com tudo isso. E já temos algumas ideias de realizar um HackDay ou um encontro com palestras para contribuirmos com ideias e projetos a serem desenvolvidos aqui e levarmos para o Brasil". Leal estende convite a todos os brasileiros moradores da região para se unirem à causa na Harvard Square. O garçom mineiro que vive em Boston há 2 anos, Farley Oliveira, vai participar novamente. Ele acredita que os manifestos "mostram que nós, apesar de vivermos longe das nossas origens, estamos com os corações unidos pelo Brasil. Nós estamos com um só objetivo: melhorar o nosso país".

 

QUADRO INFORMATIVO - MANIFESTAÇÃO:

Evento no Facebook: "Ato em Favor às Manifestações dos Brasileiros"

Local: Harvard Square

Dia e hora: domingo (23) às 2pm

 

QUADRO INFORMATIVO - ENQUANTO ISSO NO BRASIL:

5º Ato em São Paulo

"Em dias normais de atividades, o paulistano tem mania de esbarrar, fazer cara feia e tratar o outro pedestre como um poste. A sensação que tive ontem é a de que estava em outro lugar, onde todo mundo se conhecia e se importava com o outro. Pessoas que eu nunca vi sorriam e me cumprimentavam na manifestação. Outros não caminharam, mas apoiavam das janelas e dentro dos carros. Fiquei emocionada quando enxerguei uma motorista chorando e outra exibindo flores pela janela. A primeira vez que observei o trânsito parado com gente buzinando por apoio, não por estresse". (Aline Costa, nascida em Belo Horizonte, 32 anos, promotora de eventos, mora em São Paulo e participou das manifestações locais)

"Depois de perceber que os quatro últimos atos não eram somente por causa de 0,20 centavos e ficar em choque com a brutalidade da PM contra senhoras, estudantes e jornalistas, eu resolvi ir às ruas, pintar a cara e me juntar à grande massa brasileira para gritar contra a corrupção, que vem nos calando no Brasil há décadas". (Thiago Khaus, nasceu em Mococa/SP, tem 25 anos e trabalha como analista em São Paulo)

 

Manifestação de 17 de junho em Belo Horizonte

"Todos estamos cansados com o acordo estado-mídia que encobre os esquemas de corrupção. Esse conchave já não é novidade e existe em outros países. Mas, pelo grau de miséria que existe em nosso país, não dá para engolir mais. Existe o movimento Passe Livre que está se colocando como líder desse movimento. Mas a verdade é que não existe lideranças. Apenas existe insatisfação. Minha casa, neste ano, foi invadida nove vezes por usuários de craque". (Lucas Rinor, nascido em Vitória da Conquista/BA, mas vive em Belo Horizonte, é um músico de 30 anos)

 

RJ com mais de 100 mil nas ruas: O 6º Ato.

"Num país onde mensaleiros condenados continuam livres e ainda assumindo cargos públicos, estávamos à gota d'água e essa gota foram os 20 centavos. O que aconteceu na Alerj foi algo totalmente isolado. Estávamos todos da Cinelândia e por toda a Avenida Rio Branco quando chegou a notícia que haviam tomado o Congresso e que teria um grupo tentando invadir a Alerj. A grande maioria queria continuar o protesto de forma pacifica. Não vamos parar. Temos um próximo grande protesto agendado para amanhã (20): o Rio 20". (Nelson Leandro Soares, 26 anos e técnico em telecomunicações)

 

Marcha do Vinagre, na Esplanada dos Ministérios Brasília

"Eles (Polícia Militar) atacaram a população covarde e indiscriminadamente. Foi terrível sentir a impotência do povo diante da autoridade agressiva e injustificável da PM. Foi terrível sentir que expressar a nossa indignação e divergência é motivo para sermos atacados. O povo é quem governa uma democracia. Há um grito de guerra que a gente costuma a cantar em manifestos, que eu gosto muito.  É algo assim: 'Poder! Poder! Poder para o povo, poder para o povo! E o poder com povo, vai fazer um mundo novo'". (Emily Almeida, 20 anos e estudante de jornalismo)

Fonte: Brazilian Times

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