Publicado em 1/08/2013 as 12:00am
SEM VISTO, Navio vai abrigar empresários indocumentados brasileiros nos EUA
SEM VISTO, Navio vai abrigar empresários indocumentados brasileiros nos EUA
Da redação
Em 2014, um antigo navio de cruzeiro deve ser ancorado
a 12 milhas da costa de São Francisco, na Califórnia, em águas internacionais.
Hospedados nas pequenas cabines que servem de escritórios em alto-mar com
acesso a internet de alta velocidade, cerca de mil empreendedores de diferentes
partes do mundo vão viver por meses na embarcação.
A iniciativa exótica é uma oportunidade para
empresários estrangeiros realizarem o sonho de administrar suas startups ao
lado do Vale do Silício, um dos maiores polos de tecnologia do mundo, mesmo sem
ter um visto de trabalho. O navio Blueseed, como é chamado, é um projeto que
mobiliza empreendedores desde 2011. A iniciativa adota o princípio do
Seasteding, movimento que defende a criação de cidades flutuantes e que tem
como entusiasta o investidor Peter Thiel, cofundador do PayPal.
Um dos responsáveis pelo Blueseed é Dan
Dascalescu, um ex-desenvolvedor de software do Yahoo e embaixador do movimento
Seasteading. "Os oceanos são o único lugar que os governos não controlam,
o que nos permite testar novas formas de organização social", disse
Dascalescu. Os fundadores do Blueseed também querem driblar a dificuldade para
obter visto de negócios nos Estados Unidos, em um momento em que a reforma nas
leis de imigração - que prevê a criação de um visto para startups estrangeiras
- enfrenta dificuldades para ser aprovada no país. "Neste momento o
Blueseed é a melhor solução para a falta de vistos a empreendedores", diz
Dascalescu.
Para embarcar no navio, basta ter o passaporte e
visto de turismo, que no caso dos brasileiros garante três meses de
permanência. Quem ficar na embarcação por mais tempo pode precisar de um
documento chamado Advance Parole, uma autorização para pessoas sem visto válido
retornarem ao território após viagem internacional.
Uma balsa vai garantir o deslocamento diário de
ida e volta ao Vale do Silício, que pode ser alcançado em 30 minutos. Até
agora, 1,4 mil empreendedores de 68 países se candidataram para morar e
trabalhar no navio. São mil vagas disponíveis. Eles vão pagar a partir de US$
1,2 mil por mês por uma cabine com capacidade para quatro pessoas.
Inicialmente, o navio tinha previsão de zarpar em 2011, mas o projeto foi
adiado por causa da complexidade.
Entre os candidatos estão 15 brasileiros. Um
deles é Adriano Telles, da startup Dia de Feira, que vendia cestas de frutas e
fechou as portas recentemente. "O processo para conseguir visto de
negócios é muito burocrático", diz. "A vantagem do confinamento é a
troca de ideias e experiências com pessoas que têm o mesmo ideal."
Outro brasileiro inscrito no projeto é Felipe
Pires, do aplicativo de mensagens VoteChat, que abriu um escritório na Índia.
"Esse projeto atende as pessoas com um apetite grande por risco",
diz. Já os fundadores da Easy Taxi desistiram de embarcar. "Acho que o
Blueseed é um projeto legal para empresas 100% de tecnologia. Já para o nosso
negócio, que depende de sair na rua para validar o produto, não teria como
aprender estando em alto mar", diz Tallis Gomes, fundador da empresa.
O Blueseed recebeu US$ 9 milhões de investidores
privados e de fundos como a Bit Angels, que apoia startups que usam a moeda
Bitcoin. Para sair do papel precisa de US$ 28 milhões. O navio Island Escape,
que fez cruzeiros na costa brasileira, é um dos candidatos para ser usado.
"Vamos recondicionar um navio já existente porque é a forma mais eficiente
de iniciar o projeto", diz Dascalescu. A meta é construir uma estação flutuante
no futuro. No ano que vem, um comitê deve escolher as empresas que vão
embarcar. Enquanto isso, o grupo busca outros investidores e negocia com
autoridades para minimizar os riscos legais. (Agência Estado)
Fonte: Brazilian Times