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Publicado em 9/09/2013 as 12:00am

Abalo nos EUA muda sonho de brasileiros e americanos

Abalo nos EUA muda sonho de brasileiros e americanos

da redação

O mineiro Eduardo Silva Soares, de 34 anos, desembarcou nos Estados Unidos em 2004, aos 25 anos. Como milhares de brasileiros que imigraram para tentar a sorte na maior economia do planeta, ele levava um sonho na bagagem: juntar dinheiro, voltar ao Brasil e abrir duas farmácias em sua cidade natal, Governador Valadares (MG), além da casa própria e um carro. Soares não poupou esforços. Entrou numa dívida de US$ 10 mil para custear passagens e entrar nos EUA via México, com um grupo de nove pessoas, guiado por “agenciadores”. Sem visto, entrou ilegalmente no país e correu o risco de ser barrado e preso. Seis anos depois, Soares arrumou as malas e voltou ao Brasil. A crise financeira de 2008 que abalou a economia americana o obrigou a desistir de seus objetivos.

"O sonho era construir uma vida, juntar dólares, voltar e abrir duas farmácias. Quando deixei o Brasil, já trabalhava numa farmácia. Também planejava comprar a casa própria e um carro. Tudo acabou depois da crise de 2008. Voltei como fui, sem nada", diz.

Nos EUA, ele se fixou em Boston, um dos polos de atração de brasileiros nos EUA. Trabalhou em carpintaria, foi entregador de jornais, entre eles O GLOBO e o “New York Times”, e especializou-se em pintura de imóveis. Nesse ofício, chegou a ganhar US$ 12 por hora. Conseguia juntar US$ 2 mil líquidos ao mês, descontando despesas com comida e aluguel de um imóvel de três quartos, sala e cozinha, que dividia com oito brasileiros.

 

Prosperidade em casa

Mas os ventos mudaram em 2008, com a crise imobiliária. Desapareceram os clientes americanos que vendiam a casa para comprar uma maior e melhor e sempre reformavam seus imóveis. O serviço minguou e quando aparecia algo, a remuneração era baixa, de US$ 7 por hora. Para engordar o orçamento, Soares começou a trabalhar em serviços noturnos de limpeza. Trocou o dia pela noite. Teve que vender seu Toyota para reduzir as despesas. Aguentou até 2010, quando decidiu voltar:

"O que sempre deu dinheiro para os imigrantes, nos EUA, foram os serviços ligados à construção civil: pintura, carpintaria, troca de telhados. Foi exatamente o setor onde a crise começou e os negócios com casas pararam. O dólar perdeu valor frente ao real. Foi a senha para voltar".

Hoje, Soares é funcionário da Câmara de Vereadores de Governador Valadares. Trabalha como assessor de um vereador. Soares se casou no Brasil, tem dois filhos e financiou a casa própria pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

"Hoje a vida aqui está melhor do que quando saí, em 2004", diz Soares.

A socióloga Sueli Siqueira, da Universidade do Vale do Rio Doce, levantou o perfil dos imigrantes que foram afetados pela crise nos EUA e que retornaram ao Brasil até 2010. Ela entrevistou 237 pessoas em 25 cidades na região de Governador Valadares. A história de Eduardo Soares é o retrato fiel da maioria dos entrevistados na pesquisa.

"A crise no setor imobiliário atingiu grande parte dos imigrantes que trabalhavam na construção civil. A crise provocou a redução das horas de trabalho, a queda do valor pago e, consequentemente, houve redução dos ganhos e o aumento do custo de vida. Cerca de 85% não pretendiam retornar, mas ficou difícil continuar nos EUA", diz a socióloga. "Os imigrantes eram classificados como subprime e possuíam um perfil de crédito de alto risco, já que não podiam comprovar renda".

Meia década depois da crise a vida mudou. E não faltam nos EUA exemplos de gente que precisou se reinventar. Em dezembro de 2008, após ser dispensada do escritório de advocacia Simpson Thacher & Bartlett de Nova York, onde trabalhava desde a formatura na Escola de Direito da Georgetown University, em 2005, a paulista Adriana Kertzer resolveu fazer um teste de aptidão com um amigo recém demitido do Citibank. Se na época o resultado surpreendeu, hoje ela tem certeza de que há males que vêm para o bem.

"Ali ficou claro que meus hobbies deveriam ser usados profissionalmente. No escritório, o que mais fazia era IPO de empresas brasileiras. Mas sempre gostei de arte e de design — conta ela, que tem 34 anos e começou a trabalhar como diretora da galeria de design Sebastian + Barquet, em Manhattan, este mês.

 

A garagem de casa como escritório

Não foi fácil chegar até aqui. Bacharel em Relações Internacionais e Estudos Judaicos na Brown University — razão da sua mudança para os EUA —, Adriana precisou voltar às aulas. Ao terminar o mestrado na escola de design Parsons, trabalhou numa exposição da joalheria Van Cleef & Arpels no Museu de Design Cooper-Hewitt, estagiou na casa de leilão Phillips e prestou consultorias.

"Ralei muito para mudar minha apresentação, aprender, conhecer pessoas. Batalhei demais para conseguir os poucos contatos que tenho hoje. Foi tudo muito suado. Mas acho que faz toda a diferença na vida se dedicar a uma coisa de que a gente gosta e faz bem", diz ela, que lança em outubro o livro “Favelization”, sobre referências às favelas brasileiras no marketing de objetos de luxo.

Fonte: Brazilian Times

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