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Publicado em 28/04/2014 as 12:00am

Pesquisadora realiza estudo sobre o impacto da Imigração

Pesquisadora realiza estudo sobre o impacto da emigração na vida escolar dos estudantes de Governador Valadares

por AGATHA BRUNELLY

Certamente não é fácil deixar familiares para trás e partir em busca de um novo lugar para viver. Apesar de ser algo difícil, diversas famílias em Governador Valadares e região deixaram pai, mãe, parentes em geral e principalmente filhos na cidade e se mudaram para os Estados Unidos da América. O motivo da mudança é específico para cada uma dessas pessoas, porém, as dificuldades encontradas nessa partida são muitas e podem modificar a vida não só de quem egressa, como de quem permanece no local de origem.

Uns dos obstáculos encontrados nessa mudança são o contato e o acompanhamento desses pais emigrantes para com os filhos que ficaram no Brasil. Ainda que muitos mantenham uma relação bem “próxima” dos filhos, a vida longe do contato pessoal diário não é a mesma de quando pais e filhos moravam sob o mesmo teto. As conversas e o amor podem ser os mesmos, mas outras características são modificadas com a distância.

Uns dos aspectos mais impactados na vida desses filhos são a educação e o ambiente escolar. Com base nessa perspectiva a pedagoga Erika Christina Gomes criou a pesquisa “O reflexo da migração na vida escolar dos estudantes em Valadares”. A intenção do material é descobrir qual o impacto da migração dos pais para o exterior na vida escolar dos filhos, estudantes de Valadares, principalmente aqueles que estavam na adolescência. O projeto buscou em escolas públicas, municipais, estaduais e particulares do município respostas para perguntas a respeito de como era a relação do filho com o pai à distância; quais eram os meios de comunicação utilizados para o contato no dia-a-dia; o que o aluno achava do país onde os pais estavam e quais eram as perspectivas desse filho para o futuro.

 “Os resultados demonstraram que a maioria dos pais não fazia contato com a escola. O único modo de acompanhar essa educação do filho era pelo retorno que o filho dava ou que o responsável legal que ficou com a tutela da criança aqui no Brasil dava. Seria uma coisa interessante e possível os pais entrarem em contato com as escolas uma vez que existe telefone e as escolas também tem acesso ao e-mail, mas eles não faziam isso. Mas, alguns casos demonstraram serem exatamente ao contrário, alguns alunos relatavam que os pais até ajudavam a fazer dever de casa pelo telefone”, afirmou a pedagoga Erika Christina Gomes.

Para Erika, apesar da maioria das respostas apontarem falta de acompanhamento dos pais na vida escolar do filho, muitos alunos entrevistados mantinham o interesse pelos estudos e pretendiam prosseguir a vida escolar até o ensino superior. “Perguntávamos qual era o maior desejo dos alunos para o futuro e eles respondiam que seria emigrar também, buscar se encontrar com os pais no exterior. Porém, uma coisa muito interessante que a gente viu foi que ao mesmo tempo eles falavam em buscar um curso superior. Eles queriam continuar estudando. Alguns diziam que gostariam de continuar os estudos aqui no Brasil, outros diziam que esse desejo era de fazer esse curso fora”, disse a pedagoga.

Segundo ela, essa tendência dos filhos em manter os estudos é totalmente inversa aos costumes da geração dos pais emigrantes. “O que a gente achou mais interessante é que essa geração então seria diferente da geração dos pais porque geralmente esses pais que emigraram tinham no máximo um ensino médio (pouquíssimos pais tinham o ensino superior). E essa geração de filhos já busca o ensino superior, e muitos deles, até os pais (a gente não chegou a entrevistar os pais) se preocupavam com o estudo dos filhos. Um dos projetos dos pais era ter condição de pagar a faculdade do filho no Brasil.

                Allan Barbosa tem hoje 20 anos. A mãe dele se mudou para os EUA quando ele tinha sete e desse período aos onze anos ele morou com a avó, o tio materno, o irmão, dois primos e duas tias no distrito do Divino do Traíra, município de Engenheiro Caldas. Aos onze, ele foi morar com o tio e a tia, ambos irmãos da mãe dele, em Governador Valadares. Na cidade ele permaneceu até os 17 anos, quando concluiu o Ensino Médio e então se mudou para Belo Horizonte, onde ingressou no ensino superior.

                Ele conta que de perto ou distante a mãe sempre se preocupou com a sua vida escolar e que a mudança dela nunca foi motivo para ele desejar abandonar ou se sentir desmotivado com os estudos. “Após alguns anos vivendo na América, de pagar suas dívidas e investir em bens materiais, minha mãe propôs que nos (irmão e eu) mudássemos para GV, onde poderíamos estudar numa escola melhor (ou seja, particular). Meu irmão não se adaptou à cidade, mas eu fiquei e estudei por três anos no colégio particular. Quando ela não pôde, por circunstâncias diversas, continuar a pagar uma escola particular e eu fui estudar no Estadual, ela continuou a arcar com todas as minhas despesas e fornecer tudo quanto necessário (do uniforme da escola ao computador para pesquisas) para que eu pudesse me dedicar apenas aos estudos, sem precisar trabalhar”, contou Allan Barbosa.

                Atualmente, Allan está no 4º período do curso superior de Ciências Socais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Minas Gerais por meio de uma bolsa de estudos. Porém, ele relata que sem o apoio financeiro da mãe ele não poderia (ou, pelo menos, teria muitas dificuldades em) prosseguir nos estudos. “Na melhor das hipóteses, teria que estudar e trabalhar ao mesmo tempo, o que me impossibilitaria de participar de atividades de extensão, monitoria, palestras e eventos acadêmicos como de fato participo”, disse.

                Apesar do apoio financeiro ser algo essencial para diversos filhos de emigrantes, o principal suporte apontado na pesquisa de Érika é o acompanhamento do desenvolvimento escolar. Segundo Allan, ele e a mãe sempre se falam e o interesse dela pela vida acadêmica Dele é intenso. “Nós nos falamos sempre e ela pergunta sobre o curso (“E a escola, como tá?") e minhas demais atividades formativas (extensão, curso de inglês). Por ela não conhecer os conteúdos específicos do meu curso, não temos conversar aprofundadas a este respeito. Mas ela sempre procura saber do meu rendimento, se eu estou satisfeito com meu curso e os meus projetos para o futuro”, pontuou Barbosa.

Fonte: (da redacao)

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