Conchita Wurst, a cantora austríaca que venceu o Festival Eurovision, dedicou a vitória neste domingo (11) aos que acreditam "em um futuro sem discriminação". O júri foi conquistado por uma bela voz, uma música-chiclete e uma estética provocadora na noite de sábado (10): uma chamativa barba que contrasta com sua maquiagem e seus vestidos justos de noite.

"Não foi uma vitória apenas para mim, mas para quem acredita em um futuro sem discriminação, baseado na tolerância e no respeito", disse em uma movimentada entrevista coletiva após seu retorno.

A artista, "alter ego" do cantor Tom Neuwirth, foi recebida no aeroporto de Viena por milhares de fãs que não paravam de cantar "Rise like a Phoenix", canção com que conquistou o segundo triunfo da Áustria no Eurovision - o primeiro foi em 1966.

Embora tenha dito à imprensa que sua vitória é uma mensagem a "alguns políticos", citando o presidente russo Vladimir Putin, Conchita insistiu que não se trata de abrir um debate de direitos humanos entre Europa e Rússia. "Na Rússia também há lugares onde sou muito bem-vinda", disse, lembrando que sua atuação recebeu cinco pontos do país.

Apesar da bandeira antipreconceito, Conchita Wurst afirmou que não pretende ser uma embaixadora da tolerância, mas dar sua pequena contribuição a uma missão em que, disse, felizmente não está sozinha. "Há pessoas mais poderosas e que poderiam fazer mais. Ainda assim, minha obrigação como artista, com o dom que tenho, é trabalhar nesse sentido", declarou.

Conchita também se referiu às críticas que recebeu em seu país quando foi escolhida para concorrer ao Eurovision. Uma pesquisa realizada por um jornal de grande circulação concluiu que 79% dos austríacos não estavam orgulhosos de sua candidata. "Os comentários contra mim não me interessam. Não me interessaram antes nem me interessam agora", sentenciou.