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Publicado em 14/01/2015 as 12:00am

A saga de uma brasileira em busca de abrigo às Vésperas do Ano Novo

O inverno foi mais rigoroso para a jovem brasileira Maria (ela não quer o nome publicado), que passou por uma situação bem complicada no último dia 30 de dezembro.

 Uma família americana colocou uma jovem brasileira de 20 anos de idade na rua na véspera do Ano Novo, seu caso virou atrativo das redes sociais e foi marcado de muita solidariedade e também de especulação de curiosos.

O inverno foi mais rigoroso para a jovem brasileira Maria (ela não quer o nome publicado), que passou por uma situação bem complicada no último dia 30 de dezembro. Ela estava dirigindo o carro da família americana, para qual prestava serviço de “au pair”, e quando voltava para casa bateu em um animal na estrada. Ligou para a família avisando e eles foram ao local do acidente, pois devido ao nervosismo ela não conseguia mais dirigir.

Segundo a brasileira, o limite de velocidade era baixo, e quando viu o animal freou, porém o carro derrapou, o que acarretou no acidente. Assustado o animal correu para o mato e ela foi ver o estrago no carro, apenas um pequeno amassado no capô e vidro do farol dianteiro quebrado.

De volta para casa ela conta que eles mal falaram com ela, e que a mulher apenas dizia que ela quebrou a confiança da família.

No dia seguinte enviaram as crianças para a casa dos avós e às 10:30 da noite anunciaram que ela deveria deixar a casa e que o dinheiro do salário que eles haviam dado para ela, ficaria retido como forma de pagamento do estrago do carro.

Depois disso começou a saga em busca de um lugar para ficar, que foi marcada por muita solidariedade da parte dos brasileiros e também curiosidade de outros. Na hora do desespero ela só pensou em pedir ajuda no grupo de “Au Pair” no Facebook. Em questão de minutos o post se tornou viral, estava em outros grupos das redes sociais e chegou até à casa de sua mãe no Nordeste do Brasil.

Maria conta como foram os primeiros momentos após a notícia de que deveria deixar a casa apenas com seus pertences e sem dinheiro. “No momento em que me vi na rua, sem dinheiro, com o celular sem funcionar, apenas no wi-fi, e longe de qualquer pessoa conhecida que poderia me amparar, minha cabeça estava vazia! Não conseguia chorar, nem pensar em nada. Me senti perdida! Não queria contatar minha família no Brasil para não assustá-los, nem a polícia por medo da história se voltar contra mim por qualquer razão. Afinal, seria a palavra de americanos conta a palavra de uma estrangeira. Foi aqui que entrei no McDonald’s da cidade e postei no grupo”.

Em questão de minutos dezenas de pessoas postaram que ela seria bem-vinda em suas casas, pessoas de diferentes Estados e regiões dos EUA.

Um grupo de meninas que trabalham como “au pair” bancaram a noite dela em um hotel na cidade na qual trabalhava, perto do Canadá, e no dia seguinte outras pessoas compraram seu bilhete e em menos de 24 horas ela desembarcava em Manhattan.

“Graças a Deus contei com pessoas maravilhosas, que me cederam casa, passagem de trem, estadia em hotel na noite do ocorrido. Pessoas que me ajudaram a ficar de pé novamente, a reorganizar minha vida, mas também vi pessoas fazendo comentários maldosos sobre minha situação. Gente que me acusou de participar de esquema para tirar dinheiro das pessoas, sendo que em momento algum eu pedi dinheiro, pedi apenas lugar pra ficar, um teto! Eu entendo que confiar em todo mundo nos dias de hoje é um pouco difícil, mas ao ver alguém pedindo socorro às 11 da noite, no frio de NY, esse talvez fosse o meu último pensamento. Como assim foi o de muitas pessoas”, desabafa.

Com sua rede social repleta de recados, ela não deu conta de ler todas as mensagens e em alguns grupos nem fazia parte e foi só se dar conta da repercussão quando chegou na cidade de NY.

O desembarque em NYC ocorreu aproximadamente às 11:00 da noite do dia 31 e a calorosa acolhida de brasileiros dispostos a ajudar foi o que confortou seu coração.

“A minha noite de réveillon foi olhando para o Empire State, e pedindo apenas energias positivas para o novo ano! Pensei ‘agora já era! Tudo de ruim ficou naquele dia. Esse é meu ano’!"

Já inserida na comunidade ela pôde respirar aliviada. “Estou em busca de emprego para poder manter meus estudos em alguns meses! Quanto ao emocional, não está abalado! Não procuro pensar em nada do que aconteceu. Seleciono memórias. Essa é uma das que joguei no lixo!”, conta Maria.

Quando conseguiu contato com sua mãe, no Brasil, ela levou um susto, afinal, como uma história que aconteceu às 10:30 da noite na fronteira com o Canadá pudesse ter chegado tão rápido no Brasil?

“Minha mãe foi informada por outra pessoa, antes que eu tivesse tempo de avisar sobre tudo o que aconteceu! Porém, ela ficou tão abalada a ponto de não ter acreditado em nada do que fora dito à ela. Minha mãe me ligou e então eu contei a história. Ela chorou muito, mas hoje está mais tranquila. Apesar de ter passado dias me pedindo para dormir com o passaporte no corpo com medo de que eu caísse em mãos erradas novamente! Infelizmente, ou felizmente, aqui dependemos um dos outros! Feliz daqueles que como eu, conheceram pessoas boas para amparar e acolher.”

Na casa nova ela e a pessoa que a acolheu brincam sobre a história de “dormir com o passaporte no sutiã” e também estão estudando uma maneira objetiva para agradecer a todas as pessoas que ajudaram e às muitas outras que ofereceram ajuda. Mas querem fazer de forma efetiva para evitar as outras milhares de mensagens das pessoas que duvidaram de sua situação.

Com um emprego em vista, ela já está com teste agendado para poder iniciar uma nova carreira e completa sua saga dizendo: “De todos os males uma experiência para o livro da vida! Só tenho a agradecer a Deus e a todos os que me deram suporte. O importante é que estou bem, que tudo que vivi agora não passa de um momento de aprendizado!”

Fonte: Da Redação do Brazilian Times | Reportagem de Marisa Abel

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