Publicado em 27/05/2015 as 12:00am
Empresário é acusado de aplicar golpe e fugir para os EUA
Vítimas dizem que não sabiam que dinheiro seria usado em 'pirâmide'. Amigos de infância se dizem lesados por carioca, que hoje está em Orlando (FL)
A maioria das vítimas fez um registro de ocorrência no sábado (16), na 16ª DP (Barra da Tijuca). Eles também criaram um grupo na internet para contabilizar os prejuízos e trocar informações para tomar as providências legais contra o suposto estelionatário. A suspeita é de que pessoas de fora do Rio de Janeiro também tenham caído no golpe.
A promessa era receber, a cada 40 dias, 16% do valor investido em um suposto Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Ou seja, um retorno 20 vezes maior que a caderneta de poupança, por exemplo. O valor mínimo a ser investido seria sempre de R$ 50 mil. Com o tempo, no entanto, começaram a perceber os indícios de que estavam investindo em uma pirâmide.
O G1 enviou
mensagens para Rafael Caram na noite desta terça-feira (17). Morando
atualmente nos Estados Unidos, ele inicialmente apenas passou o
contato de quem seria seu advogado. O defensor, no entanto, disse que
não poderia falar sobre o caso porque trabalha apenas para o pai do
empresário e não tem relação com o caso. A equipe de reportagem
voltou a questionar Caram, que então respondeu: "Meu advogado
vai checar informações e vai entrar em contato com você na semana
que vem, quando voltar de viagem".
Vítima perdeu R$ 300
mil
O economista César Trotte, uma das vítimas, diz que entrou
no investimento há um ano e meio e teve prejuízo de R$ 300 mil.
Segundo ele, sem citar o esquema da pirâmide, Rafael inventou
investimentos em aço, venda de diesel e até fraudou balanços da
Petrobras para convencer os investidores. Para cada vítima, ele
citava um tipo de investimento distinto.
“Ele é irmão de uma menina com quem eu estudei a vida toda. Sentamos para conversar e ele me pagou três jantares, fez um teatro como se fosse do ramo, fechando cotas de investimento. Coloquei R$ 30 mil inicialmente, tive lucro, e depois R$ 270 mil. Desde então, ele começou a travar o negócio. Aí ele dizia que teria a dobra, que ia dobrar os valores e vinha enrolando. Enrolou até outubro e novembro. Como ele viu que o cenário estava ficando feio, foi para os Estados Unidos”, explicou Trotte.
Amigo de infância
O
administrador Frederico Siciliano, de 31 anos, foi convidado pelo
suspeito para participar de um fundo que investiria em diesel para
caminhões. Apesar de serem amigos desde crianças, Frederico conta
que tentou se inteirar sobre como funcionava o esquema e a
rentabilidade prometida, que chegaria a mais de 50% ao ano.
“Ele foi muito convincente com a história, apesar de alguns pontos, às vezes, não baterem muito bem, principalmente quanto a possível rentabilidade do negócio”, disse.
CPI da Petrobras como
argumento
Frederico conta que chegou a questionar Rafael sobre o
esquema ser uma pirâmide, o que foi negado pelo suspeito. De acordo
com a vítima, o empresário dizia que estava chamando apenas poucas
pessoas de confiança para entrar no negócio e que o sigilo deveria
ser mantido.
“Inicialmente neguei a proposta, mas ele tentou me convencer de todas as maneiras, prometendo pagar juros altos mensais. Utilizou a nossa amizade e confiança de anos para me convencer. Então, entrei com R$ 50 mil mediante uma nota promissória de 10 parcelas de R$ 8 mil, com juros de R$ 30 mil propostos por ele acreditando que, na pior das hipóteses, receberia pelo menos o principal de volta. Depois de muito esforço, consegui apenas duas parcelas de R$ 8 mil de volta, pois alegava que a CPI da Petrobras havia paralisado tudo e os contratos com a Odebrecht estavam suspensos."
Suposta
fuga
O empresário Antoniel Souza, de 38 anos, que foi casado com
uma das irmãs de Rafael, conta que recentemente começou a ser
pressionado pela família do suposto estelionatário para assinar uma
procuração onde permitisse que o filho deles, de 1 ano, pudesse
viajar para os Estados Unidos. Segundo ele, os familiares alegavam
que queriam levar a criança para conhecer a Disney.
“Eu relutei muito para assinar, mas nunca desconfiei que houvesse nada de errado com eles. Acabei assinando a procuração e, agora, sabendo de toda essa história, percebi que na verdade todos eles querem fugir para os Estados Unidos e levar o meu filho. Fui à Polícia Federal e vou ao juizado de menores para cancelar essa procuração. Se eles forem, eu nunca mais vou ver meu filho”, disse.
Fonte: Da Redação