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Publicado em 6/07/2015 as 12:00am

Soldado brasileiro cumpre sua primeira missão no Afeganistão

Marlos Acordi, que já morou em Everett (MA), passou por treinamento pesado e integra o setor de aviação do U.S Army

Fabiano Ferreira

     A realização de um sonho que levou a uma experiência única, pautada por treinamento, disciplina e patriotismo. Assim podem ser resumidos os últimos 5 anos da vida do brasileiro Marlos Acordi, 29 anos, que acaba de chegar de sua primeira missão no Exército Americano (U.S Army), depois de passar nove meses no Afeganistão.

     Casado com a também brasileira Lorena Acordi, e pai de Ryan, de 5 anos, o soldado teve a coragem e a paciência de esperar o momento certo para tentar entrar para o exército americano e integrar o setor de aviação, um dos que desperta mais fascínio entre os jovens que querem ser voluntários.

     Acordi saiu de Criciúma (Santa Catarina) e veio para os Estados Unidos aos 12 anos de idade para morar com a mãe Zula Acordi, que já estava por aqui há alguns anos. Atualmente, Zula é colunista semanal do Brazilian Times na Flórida. Na época, ele morou e estudou em Everett, Stoneham e Somerville, todas cidades na região da Grande Boston. Marlos trabalhou em restaurantes, inclusive no McDonald´s, mas seu sonho era entrar para o exército.

     Em 2010 ele fez a primeira tentativa, mas como a esposa ficou grávida acabou esperando um pouco mais. Em 2012, novamente Acordi foi atrás do seu sonho. Procurou órgãos ligados a U.S Army e se submeteu aos testes de recrutamento. Foram avaliações físicas e testes de habilidades para determinar a área em que ele iria atuar caso fosse aprovado.

     Ele se lembra que teve esperar 10 meses para ter vaga no setor de aviação, o qual ele sempre aspirou. Quando tudo ficou pronto e o contrato foi assinado, começou a sua jornada. Marlos Acordi foi para a base de treinamento da Carolina do Sul, Fort Jackson, no dia 24 de abril de 2012.

     Treinamento pesado

     Marlos Acordi conta que passou por três meses de treinamento intenso, no chamado Basic Combate Trainning. “Lá aprendi a manusear fuzis, além de passar por exercícios físicos intensos por várias horas”, lembra. Nessa época ficou sem contato com a família, pois todo o foco era o treinamento.

     Nessa base estavam em treinamento cerca de 120 homens e mulheres, divididos em pelotões. Ele conta que o sistema era tão rígido que certa vez uma integrante tentou comprar um refrigerante e por causa disso todos os recrutas tiveram de fazer exercícios pesados por mais de duas horas, até que a pessoa que cometeu o erro admitisse. “Sempre que alguém infringia o regulamento todos eram penalizados”, lembra.

     O desafio era também aprender a montar e desmontar armas como metralhadoras calibres 556 e 762. “A pressão era muito grande. Tive de criar uma força mental para superar a exaustão física e agüentar as ordens dos sargentos”, relembra.

     Concluída a primeira fase, em 4 de julho de 2012 ele passou uns dias com a família e foi para a base do Estado de Virgínia, a Fort Eustis. Foi lá que ele começou a aprender tudo sobre helicópteros, durante três meses de estudo intenso e preparação física. Em 21 de novembro do mesmo ano ele se graduou e foi promovido a PV2.

     Divisão privilegiada no U.S Army

     Depois das formações iniciais, Marlos Acordi foi para Fort Bragg, na Carolina do Norte, uma das divisões mais privilegiadas no Exército Americano. Foi lá que ele integrou o 2º Batalhão do 82º Combat Aviacion, atuando na manutenção de helicópteros. “meu trabalho era cuidar das aeronaves e também ser assistente dos pilotos. Passei por várias qualificações e tive de estudar regras de aviação para entender sobre as limitações dos helicópteros e também a fisiologia do corpo humano em grandes altitudes”, conta.

     O próximo passo de Acordi foi passar por treinamentos em outros estados. O primeiro deles foi em Louisiana, já em preparação para o Afeganistão. Depois ficou no Oeste do Texas, onde o clima se assemelha bastante ao afegão. E finalmente, em 30 de agosto de 2014, ele foi enviado para sua primeira missão em Cabul, capital de Afeganistão, país que fica no centro do continente asiático.

     Adrenalina e muitas horas de voo

     Marlos Acordi foi para o Afeganistão num vôo comercial lotado pelo U.S Army. Ele conta que na ocasião o que mais lhe vinham à cabeça eram sua família e os pensamentos de como seria a missão e quais as dificuldades que poderia enfrentar tão longe de casa e com tanta responsabilidade. “Era muita adrenalina, mas quando cheguei lá vi que não é tão perigoso assim como imaginamos, já que na base onde ficamos é um local seguro, protegido por uma muralha”, conta.

     Durante a estadia no Afeganistão sua missão era escoltar autoridades nos helicópteros, buscar e levar soldados e mantimentos. Para isso, trabalhava 12 horas por dia, 7 dias por semana, com uma folga somente a cada duas semanas. Cada vôo durava, em média, 8 horas, sobrevoando a cidade de Cabul. Segundo Acordi, diariamente pelo menos 8 helicópteros operavam na região. “Era um trabalho intenso, pois para voar precisava checar caixa de ferramentas, colocar coletes pesados à prova de balas, conferir armas e munição e levar um rádio para se comunicar, que era do tamanho de um tijolo”, lembra.

     O soldado contou ao Brazilian Times que durante os voos os talibãs até tentavam atirar nas aeronaves, mas como não são treinados e não têm preparo não conseguiam acertar. O mais triste, segundo ele, é quando os helicópteros tinham que se deslocar para buscar o corpo de algum soldado americano morto em combate terrestre. “Quando isso acontecia todos faziam uma homenagem para este soldado”, diz.

     Nos últimos meses, a missão diminuiu o número de helicópteros e combatentes. “Mas tudo ocorreu de forma tranqüila e conseguimos cumprir o trabalho e retornar para Fort Bragg”.

     Há duas semanas, Marlos esteve na Flórida em férias para visitar a mãe, mas na última sexta-feira já retornou à base. Agora, ele terá mais uns dias de folga e visitará a família de sua esposa, que mora em Boston. Depois, volta aos treinamentos para aguardar a próxima missão.

Fonte: Brazilian TImes

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