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Publicado em 4/09/2015 as 12:00am

Brasileiro diz que viu a morte na fronteira

Manoel fugiu do Minuteman, grupo civil que patrulha a fronteira armado. Um tiro passou próximo a sua cabeça quando ele fazia a travessia

Da redação

Apesar da forte fiscalização imposta na fronteira entre os Estados Unidos e o México, o número de imigrantes que entram ilegalmente no país continua sendo significativo. Até mesmo os brasileiros não se intimidam com as ameaças de traficantes e sequestradores do lado mexicano e o policiamento do lado estadunidense.

Dezenas de brasileiros continuam atravessando a fronteira toda semana e nos últimos meses, um grande número de rondonienses aportou nas terras do Tio Sam. Entre eles estava Ricardo Manoel, um jovem de 25 anos, que traz na bagagem o sonho de construir uma vida e muito em breve trazer a sua família para morar com ele.

Mas como todos que cruzaram a fronteira, ele também tem uma história para contar. No caso do rondoniense de Ji-Paraná, “a morte passou ao seu lado”. Um tiro do grupo dado por um dos membros do Minuteman passou perto de sua cabeça. “Mas eles não me viram. Acredito que estavam atirando a esmo”, fala.

Segundo Manoel, assim que ele chegou à fronteira, foi colocado em uma camionete que fez uma viagem de mais menos 30 minutos. Junto com um grupo de seis hispanos, o brasileiro foi colocado em um casebre numa região deserta. “Nós passamos a noite por lá e quando amanheceu, entramos em outro carro e seguimos por mais 15 minutos. Então pediram para que descêssemos e continuássemos a pé”, lembra.

O grupo já tinha caminha por cerca de quatro horas durante a noite. Em um determinado ponto da travessia, quase amanhecendo, após passarem por um morro cheio de pedras traiçoeiras, eles foram avistados por fachos de lanternas que estavam com pessoas há mais menos 100 metros. Manoel disse que ouvir gritos em espanhol para que parassem e o líder do grupo ordenou que todos corressem e buscassem esconderijo.

Manoel, sem saber o que fazer correu para um lugar alto e se jogou entre arbustos. De longe ele podia ver os fachos das lanternas se aproximando ao pé do morro em que estava escondido. Respiração ofegante e tremendo muito, ele não conseguia piscar os olhos. Mas em dado momento, a morte passou bem próximo a ele.

O brasileiro que o grupo, mais tarde identificado por um dos coiotes como Minuteman, parou ao pé do morro e ficaram conversando e focando a lanterna em todas as direções. Um dos membros resolveu disparar um tiro de espingarda para cima. O problema é que o atirado apontou na direção do alto do morro, sem saber que Manoel estava escondido lá em cima. “Foi horrível. Eu estava muito assustado e de repente ouvi um disparo e um zumbido. Minhas pernas tremeram mais ainda e fiquei sem ação”, fala ressaltando que quando o grupo seguiu viagem, mas ele decidiu esperar o dia clarear, pois o sol já estava surgindo.

Assim que a luz do sol apareceu, Manoel viu que a morte realmente passou bem perto dele. A pedra onde ele estava com a cabeça encostada, estava com a marca da bala, poucos centímetros de onde ele tinha se apoiado. “Se eu estivesse deitado cerca de 15 centímetros para a minha direita, não estaria aqui para contar a história”, finaliza.

Manoel se dispersou do grupo ao qual iniciou a viagem, mas para a sua sorte, algumas horas depois de caminhando sem direção, encontrou outro grupo e imigrantes e para a sua sorte lhe ofereceu ajuda. Ele chegou à cidade de Somerville (Massachusetts) na semana passada e já esta trabalhando em uma companhia de pintura. “Depois de quase morrer, agora estou vivendo o sonho americano”, conclui.

Fonte: Brazilian Times

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