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Publicado em 11/09/2015 as 12:00am

Brasileira diz que era explorada por ex-vice cônsul do Brasil em Boston

Em Massachusetts, existem aproximadamente de 67 mil trabalhadoras domésticas, dos quais um terço é imigrante. Muitas destas pessoas trabalham muitas horas por menos que o salário mínimo e ainda não têm direito a alguns benefícios, como dia de folga.

Da redação

O jornal Boston Globe destacou em sua edição de domingo, uma história envolvendo seis mulheres, das quais duas são brasileiras. Segundo a matéria, elas denunciam exploração maus-tratos em seus trabalhos (baby-sitter e housecleaner), além de não receberem corretamente pelo serviço. Entre os contraentes denunciados estão banqueiros, advogados, diplomatas, políticos, empresários estrangeiros, além de famílias de classe média americanas.

Em Massachusetts, existem aproximadamente de 67 mil trabalhadoras domésticas, dos quais um terço é imigrante. Muitas destas pessoas trabalham muitas horas por menos que o salário mínimo e ainda não têm direito a alguns benefícios, como dia de folga.

Entre as denunciantes estão as brasileiras Noiva Ferreira Resende e Edilene Moraes Almeida. Segundo as informações, em troca de visto para permanecer nos Estados Unidos, elas fizeram um acordo com a Justiça em ajudar no processo contra seus antigos empregadores, inclusive um vice-cônsul brasileiro.

Em sua denúncia, Edilene, que é natural de Brasília, disse que trabalhou como empregada doméstica para José Marco Nogueira Viana, entre 2009 a 2011. Ele era vice-cônsul do Brasil em Boston (MA). “Na maioria dos dias, ela acordava às 6:00 a.m. para fazer o café do diplomata e ajudá-lo a se arrumar para ir trabalhar, o que ia além de suas funções domésticas. A denunciante recebia $255 por semana, mas era orientada para que ela falasse que seu ganho era de $8 por hora, caso alguém perguntasse”, disse o relatório.

O diplomata se foi enviado para Dominica, em 2011, e pediu que Edilene fosse com ele, mas a brasileira disse que não poderia ir devido estar muito doente para viajar. Ela optou por ficar em Boston e se tratar.

Mas durante o tempo em que ela trabalhou com eles, o Visto dela venceu, e eles a deixaram com “status de ilegal” no país, além de pouco dinheiro. A advogada da brasileira cobrou $48 mil em horas extras, mas sem sucesso.

A esposa do vice-cônsul, Mônica Mulser Parada, negou as acusações e escreveu uma carta ao Consulado alegando que “eram justos com Edilene e que eles a levaram para Boston legalmente e com um contrato aprovado pelo governo americano e que deram comida, abrigo e conforto para ela”.

O outro acusado é um executivo do banco Santander, para o qual Noiva Ferreira de Resende, 40 anos, trabalhou em 2012. Segundo a denúncia, ela trabalhou para o vice-presidente do banco e sua esposa. A brasileira morou com eles, cozinhava, limpava, lavava roupa, secava e cuidava dos cachorros.

Conforme consta nos relatórios de acusação, a brasileira recebia $300 dólares por semana e trabalhava 14 horas por dia, cinco dias por semana. Isso significa que ela recebia cerca de $4 dólares por hora, um valor muito abaixo do salário mínimo federal que é de $7.27.

Através de um intérprete, ela disse que não sabia falar inglês e nem tinha amigos e familiares nos EUA. Segundo ela, o contratante a ameaçou enviá-la de volta ao Brasil caso ela reclamasse. “Ele dizia que essa era a única forma que eu poderia ter vindo para este país”, fala.
Na época, quando ela chegou, ficou 15 dias trancada na casa sem poder sair. Ela afirma que estava cansada e queria outro emprego. A advogada de defesa, Lydia Edwards encaminhou o caso da brasileira para a Procuradora Geral Martha Coakley e para o US Department of Labor.

O banqueiro Guilherme Bueno de Moraes e sua esposa, Adriana, fizeram um acordo com a procuradoria, mas negaram qualquer tipo de conduta ilegal. Segundo as informações, eles concordaram em pagar cerca de $17  mil dólares para a brasileira, mais uma multa de $5.100 ao estado. Noiva está no processo de pedido do U-Visa, para imigrantes que são vítimas de crimes.

Em uma nota, as autoridades afirmam que os abusos podem acontecer a qualquer tipo de empregado doméstico, mas quem mora com seus patrões estão mais vulneráveis a isso, sob ameaças de ficarem sem um teto para morar se reclamarem. Mais de um terço de quem trabalha e vive no local de trabalho reclamam de maus-tratos e de terem sido vítimas de insultos, abusos verbais e ameaças.

Fonte: Brazilian Times

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