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Publicado em 2/02/2016 as 12:00am

Caminho alternativo no basquete universitário dos EUA tem único técnico brasileiro e estrelas da NBA

O Junior College, no entanto, tem uma grande curiosidade para o basquete brasileiro: por lá está o único treinador nascido em terras tupiniquins

Na primeira divisão do basquete universitário dos Estados Unidos estão as futuras estrelas da NBA. Times extremamente tradicionais como Duke, Kentucky e Kansas movimentam milhões de dólares e são a grande paixão de muitos norte-americanos. Os melhores atletas do high school, com nota suficiente para entrar na faculdade, são selecionados pelos programas liderados por treinadores como Mike Krzyzewski, também comandante da seleção do país. O tratamento dado pela mídia é maior do que o dispensado a outras ligas profissionais. Trata-se de um mundo à parte.

Há outro caminho, menos badalado, para quem deseja jogar basquete. Você já ouviu falar em Junior College? Todo aluno que não consegue a nota necessária para ir à universidade tem a opção de cursar dois anos com matérias básicas e comuns nos primeiros anos universitários, para tentar então uma transferência posteriormente. Esse, resumidamente, é o Junior College, e mesmo nessa estrutura secundária o esporte está muito presente nos Estados Unidos.

Para comportar os milhares de estudantes que estão nesta situação existe a NJCAA - National Junior College Athletic Association. São 525 escolas, espalhadas em três divisões e com diversas modalidades esportivas. Especificamente no basquete, tem rendido bons frutos.

De lá saíram para o College e depois para a NBA diversos jogadores. A lista dos que brilharam na liga profissional é grande: Nate Archibald, Mookie Blaylock, Artis Gilmore, Mitch Richmond, Dennis Rodman, Larry Johnson, Kevin Willis, Stephen Jackson, Sam Cassell, Steve Francis, Latrell Sprewell, Nick van Exel, Shawn Marion e Ben Wallace. Entre os que estão na NBA atualmente, podemos citar Tony Allen (Memphis Grizzlies) e Chris Anderson (Miami Heat).

Muitos brasileiros passaram por lá e outros ainda estão. Rafael Araújo, o Babby, passou dois anos em Arizona Western antes de se transferir para BYU e posteriormente ser a oitava escolha do Draft de 2004, escolhido pelo Toronto Raptors. Quem fez muito sucesso nesse mesmo modelo foi o pivô do Flamengo e da Seleção Brasileira, JP Batista. O pernambucano estudou primeiro em Western Nebraska, na sequência em Barton County e então obteve a transferência para Gonzaga. Não foi para a NBA, mas teve boa carreira na Europa antes de retornar ao Brasil.

O Junior College, no entanto, tem uma grande curiosidade para o basquete brasileiro: por lá está o único treinador nascido em terras tupiniquins. Adjalma Becheli é o head coach da USU Eastern, localizada em Logan, Utah, da Divison I.

Vandinho, como é mais conhecido, trabalhou em São Paulo na base de Paulistano, Círculo Militar e Ypiranga. No adulto comandou São José do Rio Pardo, Brusque e Blumenau. A convite de Walter Roese, assistente técnico no basquete universitário norte-americano por muitos anos, e do próprio Babby, ex-jogador dele na base paulistana, Becheli foi para os Estados Unidos. Passou quatro anos como assistente técnico na USU Eastern até assumir o cargo principal.

"Posso garantir que a nossa estrutura aqui é bem melhor do que muitos times que jogam o NBB. Se falarmos das universidades top, como Duke, North Carolina, Kentucky, não tem nem como comparar. Só para dar um exemplo, Duke com o time masculino de basquete gasta US$ 14 milhões por ano, todos os voos são fretados e só fica em hotéis 5 estrelas! O nosso orçamento anual na USU Eastern é de US$ 600 mil dólares por ano. Aqui nós temos tudo que precisamos em um lugar só. O ginásio é um complexo esportivo que possui academia de musculação completíssima, a quadra, uma pista, fisioterapia, dormitórios, restaurante e também todo o material esportivo. Com isso não precisamos ficar se deslocando de um lugar para outro como acontece no Brasil, onde o ginásio é em um lugar, a academia em outro...", conta Vandinho.

Cada vez mais brasileiros têm buscado o basquete universitário dos Estados Unidos. Na elite, ou seja, a Division I da NCAA, são apenas dois: Rafael Maia, Pittsburgh, e Paulo Cruz, filho de Joaquim Cruz (ouro nos 800m em 1984 e prata em 88), Arizona. Muitos estão espalhados pelas demais divisões e também na NJCAA, apesar de barreiras criadas, como conta Vandinho.

"A cada ano as ligas universitárias mudam as regras pra barrar atletas estrangeiros. Desde 2008, quando cheguei, essas regras vêm ficando cada vez mais rígidas. Muitos brasileiros entram em contato comigo querendo vir jogar aqui nos Estados Unidos e muitos deles não sabem que para vir precisam passar em um teste em inglês que se chama TOEFL. É como fazer um vestibular, mas em inglês. Além disso, se o menino no Brasil atuar por algum time do NBB ou do Campeonato Paulista da Série A1, por exemplo, depois dos 18 anos, ele perde a condição de atleta amador e se torna um atleta profissional, ficando assim impossibilitado de vir jogar no basketball universitário americano".

Acima de tudo, os Estados Unidos oferecem aos seus cidadãos e também aos estrangeiros a possibilidade de levarem o esporte para sempre na vida. Seja profissionalmente, algo que poucos atingem, seja como parte integrante de uma cultura. Enquanto jovens jogadores no Brasil que não conseguem a profissionalização são obrigados a largar o esporte aos 17 anos e buscarem emprego, por lá estes poderiam usar justamente o talento esportivo para conseguirem bolsas de estudo, seguirem jogando e alcançarem a necessária formação profissional.

Fonte: braziliantimes.com

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