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Publicado em 22/08/2016 as 8:00am

Brasileiros, criadores do Hino e Bandeira dos Refugiados, moram em NY

Os refugiados encaram um drama global. Eles morrem aos milhares em travessias perigosas e enfrentam preconceito, desespero e portas fechadas em muitas nações.

Mesmo de New York, Artur Lipori e Caroline Rebello estiveram presentes durante a Olimpíada no Rio de Janeiro. Publicitários radicados na cidade, eles integram o grupo criativo responsável pelo projeto The Refugee Nation. Em pouco tempo, ganharam apoio da organização Anistia Internacional e, mais importante, dos atletas que competiram como refugiados no evento.

“Sempre nos interessamos pelo tema”, disse Artur. “Quando vimos que haveria um time de refugiados competindo nos Jogos Olímpicos sem uma bandeira ou hino próprios, tivemos a ideia de fazer algo que os representasse verdadeiramente”, continuou.

Como profissionais da publicidade, também foram atraídos pelo potencial da mensagem. “Quanto maior o alcance e a relevância do assunto, mais interessante fica”, resumiu. A resposta imediata, que surgiu em posts e pedidos de bandeiras de diversos lugares do mundo, mostra que o trabalho ressoou.

Cenário

Os refugiados encaram um drama global. Eles morrem aos milhares em travessias perigosas e enfrentam preconceito, desespero e portas fechadas em muitas nações.

Em março de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu tomar uma posição. Ao todo, 10 atletas – os nadadores Yusra Mardini e Rami Anis, os judocas Popole Misenga, Yolande Bukasa Mabika e os velocistas Yonas Kinde, Paulo Amotun Lokoro, James Chiengjiek, Anjelina Nadai Lohalith, Yiech Pur Biel e Rose Nathike Lokonyen – foram selecionados para competir numa seleção inteiramente composta por refugiados.

A equipe teve lugar de honra na cerimônia de abertura dos Jogos. Para a dupla brasileira, no entanto, o gesto não estava completo. Mesmo com pouco tempo – o projeto todo começou há três meses –, decidiram que os atletas e a causa mereciam mais. Criariam um hino e uma bandeira para a nação refugiada, ou refugee nation, composta por 65 milhões de pessoas. (Hoje, uma em cada 113 pessoas do mundo é refugiada.)

A jornada em busca de parceiros foi intensa e exigiu muita pesquisa. A bandeira, feita pela artista síria Yara Said, levou um mês para ficar pronta. O hino, feito pelo compositor sírio Moutaz Arian, levou outras três semanas. A comunicação entre todos se deu basicamente pela internet.

O grupo descobriu Moutaz em um artigo sobre um músico que buscava abrigo na Turquia. Uma frase sua lhes chamou a atenção. “Não quero fazer música apenas para árabes e curdos, quero fazer música para o mundo inteiro”, disse. “Sabíamos que ele era a pessoa certa”, lembrou Artur.

A liberdade de criação foi total. Na melodia, que tem toda a pompa de um hino nacional, Moutaz, que fugiu para não integrar o Exército de Bashar al-Assad, transmite a dor da condição de refugiado e ao mesmo tempo a esperança que uma seleção na Olimpíada representa.

A bandeira é, à primeira vista, minimalista. A história por trás do laranja e preto, no entanto, é lancinante. “Yara teve o insight das cores como maneira de mostrar solidariedade aos refugiados que precisam vestir os coletes salva-vidas para cruzar o oceano em busca de um país mais seguro para viver”, explicou o publicitário. “Ela própria precisou usar um quando foi obrigada a abandonar a Síria e aquilo nos arrepiou.” Hoje, Yara vive na Holanda.

Persistência

As dificuldades foram tantas que o grupo pensou até em desistir do projeto, que agora busca expandir o leque de parcerias – uma delas, com a Asteróide Filmes, de Curitiba, deu origem ao filme de apresentação – e ampliar seu alcance.

“Se tem uma lição que dá para tirar é a persistência. Se você acredita em uma ideia, mova montanhas para fazê-la acontecer”, disse. “Ninguém vai fazer isso por você e, no final, vale a pena.”

Fonte: Da redação

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