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Publicado em 7/09/2016 as 12:00pm

Mãe que teve o filho sequestrado no Brasil, levado ilegalmente pelo pai para os EUA, concede entrevista ao Brazilian Times

Após juíza brasileira conceder a guarda definitiva para a mãe, o pai americano fugiu com o garoto para os EUA

A nutricionista paulista Cintia Pereira, 35 anos, passa por uma luta para reaver a guarda do seu filho, o pequeno Joseph de 5 anos. Cintia conheceu o americano Gary no Brasil em 2009, eles se casaram e decidiram residir no Brasil. Cintia engravidou e eles tiveram Joseph. Antes do filho completar 1 ano, o casal se separou e Gary retornou para os EUA. Em 2013 o ex-marido voltou ao Brasil com o pedido de divórcio e de guarda da criança. Foi então que eles travaram uma verdadeira batalha judicial, onde, para obter a guarda de Joseph, o pai acusava a mãe de abusos físicos contra o filho e que o irmão de Joseph (de apenas 9 anos, fruto do primeiro casamento de Cintia) teria abusado sexualmente do garoto

 A juíza que cuidava do caso, afastou Joseph do convívio diário com a mãe até que a investigação fosse concluída, o que durou cerca de 1 ano. Durante esse período o menor ficou sob cuidados do pai durante a semana, e voltava para a casa da mãe aos finais de semana.

Após vários exames e laudos médicos e psicológicos, em dezembro a juíza concluiu que Joseph não sofreu nenhum tipo de violência física e nenhum tipo de abuso sexual, por isso devolveu a guarda para a mãe, permitindo ao pai (que residia no Brasil), que visitasse o filho em finais de semana alternados. Inconformado, Gary fugiu do país pelo Paraguai, levando o filho com ele para os EUA. “Nós vimos o carimbo no passaporte dele. Ele já tinha um planejamento para caso ele perdesse. Fiquei 5 meses sem ver meu filho, ele cortou qualquer meio de contato”, relata a mãe.

Cintia buscou a ajuda da Autoridade Central Brasileira, que entrou em contato com a Autoridade Central Americana. Eles colocaram uma advogada americana para cuidar do caso. “Quando eu ainda estava no Brasil, recebi um e-mail da advogada, solicitando a minha presença nos EUA, na cidade de Provo (Utah) para uma audiência”, relata.

Durante a audiência, após ser pressionado pelo juiz, o avô paterno de Joseph acabou informando o paradeiro do filho e do neto, que no mesmo dia foi entregue a mãe. “Ele estava dentro do carro, quando me viu ele veio correndo e não acreditava no que estava acontecendo...Não conseguia falar nada, ele agarrou no meu pescoço ”, conta a mãe emocionada.

Uma nova audiência foi marcada e durante esse período mãe e filho tiveram seus passaportes recolhidos, porém ficaram hospedados juntos em um hotel. Segundo relatos de Cintia, Gary se aproveitou do prazo que teve para as audiências seguintes para inventar provas. “Eu estava tranquila, por que sabia que as acusações dele (as mesmas que já havia usado no Brasil) não eram verdades, e ele estava ali como réu”. Ela conta que na terceira audiência o ex-marido chegou a dizer ao juiz que o garoto corria risco no Brasil pois morava com a mãe em um barraco de madeira com mais dez pessoas, localizado em uma favela. “ Ele inventou para o juiz que eu fazia parte de uma quadrilha, do PCC e ele estava sendo ameaçado de morte. Foram esses argumentos que ele usou para justificar a saída dele do Brasil. Eu estava tranquila, por que sabia que era tudo mentira e que eu não tinha feito nada. Eu moro em um condomínio no bairro do Butantã em São Paulo”.

Depois de ter permanecido na presença do filho por um mês, na quarta audiência, ocorrida em 27 de abril, o juiz deu a sentença final de que o Joseph não poderia retornar ao Brasil com a mãe por ter chegado à conclusão de que garoto corria riscos no Brasil, por isso deveria permanecer com o pai nos EUA.

Essa semana o Brazilian Times conversou com Cintia, com exclusividade, para saber como está o caso atualmente.

BT: Como o juiz americano estabeleceu as normas de contato entre você e o Joseph desde a decisão da guarda ser dada ao pai?

Cintia Pereira: Eu o vejo apenas no ACAFS (Academy for Child Advocacy & Family Support) três vezes por semana e três horas por visita. Mês passado apenas que liberam Skype todos os dias por meia hora.

BT: Como você tem se mantido financeiramente e arcado com as custas do processo aqui nos EUA?

Cintia Pereira: Eu tenho me mantido nos EUA através de ajuda de pessoas de toda parte do mundo, uns oferecem caronas para eu ir nas visitas, outros moradia, outros compartilhando tudo, outros criando eventos para arrecadar fundos, etc. Ajuda financeira e emocional.

BT: Quando será a próxima audiência?

Cintia Pereira: A próxima audiência será 20 de setembro, será apenas uma audiência de custódia.

BT: Como tem sido a repercussão do caso no Brasil?

Cintia Pereira: Muitas pessoas conhecem meu caso no Brasil porque me acompanham desde que comecei a procurar por ele em dezembro de 2015. Acompanham de maneira fiel até hoje. Organizam passeatas pacificas, vendem rifas, já passou inúmeras vezes na tv. Um caso de repercussão internacional mesmo.

BT: O que você espera das autoridades brasileiras?

Cintia Pereira: Eu espero é que alguma autoridade no Brasil tenha um coração e nos estendam a mão.  Não só a mim, porque tem muitas mães aqui na mesma situação sem apoio.

Quando foi o caso do menino americano Sean, o EUA fez de tudo para recupera-lo até conseguir. Eu e outras mães só esperávamos o mesmo do Brasil, que lutassem por seus cidadãos. JJ é um cidadão brasileiro.

BT: Atualmente você recebe algum tipo de apoio das autoridades brasileiras?

Cintia Pereira: A ajuda que recebo das autoridades brasileiras são:
Providenciam documentos para meus advogados, e trocam e-mails com eles, o que me gera um custo altíssimo. Porque nós quem estamos pagando por estes contatos, não o Brasil. Precisávamos de uma tradução juramentada feita por eles, para reduzir os custos e nem isso puderam ajudar. Eles dizem que tem feito muitas coisas, mas nada disso mudou 1% da situação em que me encontro hoje. Eu preciso de algo real, tem alguém que coloque a cara aqui e defenda estas mães e a mim. Recebemos uma carta do ministro José Serra a qual descreve passo à passo do que eles dizem o que estão fazendo sobre o meu caso. Essa carta não aumento nem o tempo que eu como mãe deveria ter com meu filho, ou seja, essas etapas deles não surtiram efeito nenhum na corte de Provo.

Brazilian Day

Um grupo de mães brasileiras aproveitaram a movimentação da população e da mídia brasileira no maior evento brasileiro nos EUA, o Brazilian Day que aconteceu no último domingo, dia 4 em NY, e foram as ruas com placas e camisetas da campanha #GiveJosephBack para fazer uma passeata pacifica pela causa de Cintia Pereira e seu filho Joseph.

Para fazer doações, acesse: www.gofundme.com/returnjj.

Fonte: Thais Partamian Victorello

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