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Publicado em 14/10/2016 as 6:00pm

Em carta, brasileiro relata preconceito em cadeia de imigração

Brasileiro está no Plymouth County Correctional

A redação do jornal Brazilian Times sempre recebe cartas enviadas por brasileiros que se encontram preso em cadeias de imigração. Algumas tem apenas o objetivo de pedir ajuda e o apoio da comunidade, mas em outras, os detidos relatam suas histórias de vida, experiências e o cotidiano da prisão.

Nesta semana, mais uma carta chegou à redação e aborda um tema comum em quase todas elas – o preconceito e a maneira como são tratados os brasileiros que estão presos. Identificado por Juliano, preso no Centro de Detenção para imigrantes no Condado de Bristol, ele disse que alguns guardas não gostam do Brasil e por isso descarregam a raiva em que está detido no lugar. “Eu mesmo já fui alvo deles algumas vezes”, fala.

Juliano explica que os presos recebem apoio das igrejas e líderes religiosos, mas que é pouca a presença de representantes de entidades que defendem os brasileiros. “Nós só ouvimos falar das associações, dos centros, dos grupos, quando estamos fora da cadeia. Aqui dentro eu não vi nenhum deles”, continua.

O brasileiro, que segundo a carta, tem 28 anos e é natural de Nova Viçosa (Espírito Santo), foi preso há três meses após uma abordagem policial na Rota 01. “Eu vinha do meu trabalho, por volta das 6:00 p.m., quando um carro de polícia apareceu do nada e ordenou que eu encostasse o meu veículo”, fala ressaltando que o polícia era rude e conversava aos gritos.

Juliano lembra que quando ele informou que não tinha carteira de motorista válida nos Estados Unidos, o policial perguntou se ele era um imigrante e se tinha autorização para estar no país. “Eu fiquei sem saber o que responder, mas pelo meu nervosismo ele deve ter percebido que sou um indocumentado”, explica.

O policial pegou o Passaporte do brasileiro, foi até a sua viatura e falou com alguém ao rádio, lembra Juliano. Em seguida, ele pediu ao brasileiro para sair do veículo e deu voz de prisão. “Acho que ele queria me segurar por mais tempo, pois assim que fui levado para a delegacia, fui informado de que agentes de imigração estavam vindo me buscar”, disse ressaltando que já havia sido deportado uma vez, há cinco anos.

Juliano sabia que seu destino seria uma cadeia de imigração e que o policial fez de tudo para mantê-lo preso e entregá-lo aos agentes. “Eu vi que ele se exaltou quando percebeu que eu não era dos Estados Unidos”, disse.

Depois de ser colocado a custódia do Departamento de Imigração, Juliano foi levado para o centro de detenção, onde permanece até o momento. Ele disse que não vai gastar dinheiro com advogados porque sabe que seu caso é perdido, haja vista que ele tem uma deportação em seu histórico. “Mas a minha vontade é permanecer aqui, pois amo este país e tenho mais oportunidade de viver”, fala.

Em relação ao preconceito na cadeia, Juliano escreve que até mesmo na hora de comer sente que alguns brasileiros não são bem vistos. Ele explica que em algumas ocasiões, notou que quando um brasileiro faz perguntas para determinados guardas, a resposta é grosseira e sem muita explicação. “Parece que eles não gostam de nós”, afirma.

A audiência de imigração está marcada para o final de outubro e ele afirma que se for mesmo deportado, vai fazer de tudo para voltar. “No Brasil eu não tenho nada e aqui mesmo com pouco, nós vivemos bem. Vale a pena se arriscar para ter o melhor em nossas vidas”, finaliza.

Fonte: da redação

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