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Publicado em 23/11/2016 as 5:00am

ELEIÇÃO DE TRUMP:

Brasileiros na Flórida se dividem entre medo e esperanças no novo Governo

A vitória de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos continua dividindo opiniões entre imigrantes que moram no país, sobretudo, entre os indocumentados. Para os que se mudaram há mais tempo, a ameaça não deve se efetivar, por avaliarem ser inviável economicamente. Já os recém-chegados na América do Norte temem ser incluídos entre os 3 milhões de imigrantes que o presidente republicano prometeu expulsar durante o mandato.

Há cerca de 1 ano no Estado de Wisconsin, segundo o jornal Correio de Uberlândia, o assistente administrativo Marcelo (nome fictício) teme duas vezes a gestão conservadora de Donald Trump. “Vim com um visto de turista, por três meses, que estendi por mais três meses. Além do visto já ter vencido, estou trabalhando aqui, o que é proibido. Mas, o agravante é que, neste período, me casei com um americano e estou solicitando o Green Card. Agora sou um imigrante irregular e gay no país, o que pode dificultar a obtenção do visto permanente se começarem a complicar o processo, levando em conta a visão conservadora do presidente”, disse.

O caso de Kau Lemos é mais grave, pois ele imigrou ilegalmente para os Estados Unidos, pela fronteira do México, em 2004. “Não temo todas as ameaças de Donald Trump, pois em Orlando tenho uma vida – carro, apartamento, Internet no meu nome – e pago meus impostos como todos. Além disso, já fui preso por não ter habilitação, em 2007, e não fui deportado. Bush disse que iria mandar os imigrantes embora e Obama mandou mais gente que ele. Sobrevivi aos dois. Por isso, estou confortável”, disse Kau, que atua na construção civil. Na época, ele pagou U$ 5,5 mil para atravessar a fronteira, de ônibus. A família já tinha feito a travessia, entre caveiras no deserto, e o aguardava.

Há dois anos no Estado da Flórida, o gerente de importação e exportação Denis Eduardo do Valle entrou no país com visto de turista, que depois foi estendido. “Eu tinha várias visitas ao país e, na última, me apertaram. Levaram-me para a salinha, mas me deixaram entrar, pois comprovei tudo. Me deram 30 dias, pedi extensão e fiquei, o que chamam de overstaying, não é um crime de imigração. O risco maior é para os ilegais, que entram sem visto pela fronteira, principalmente para os que cometeram algum crime, o que já acontece. Mesmo assim, os que conheço não estão apreensivos, pois promessas como essa sempre são feitas”, disse Valle.

Itamaraty 

Há mais de 3 milhões de brasileiros no exterior, segundo o último dado consolidado do Itamaraty, de 2015. Estima-se 1,2 milhão está nos Estados Unidos, sendo cerca de 700 mil irregulares, de acordo com o Ministério de Relações Exteriores. “É muito significativo que mais da metade do número de imigrantes de brasileiros está nos Estados Unidos com documentação não apropriada, sujeitos, portando, à deportação”, disse a professora do curso de Relações Internacionais do Instituto de Economia da UFU, Cristine Koehler Zanella.

Especialista

A promessa de deportação total de imigrantes irregulares – cerca de 11,3 milhões de pessoas, segundo o Governo dos Estados Unidos – não deve ser implementada pelo presidente norte-americano eleito Donald Trump, por sua inviabilidade econômica. “Mas, acredito que seja um pouco idílico imaginar que nada vai acontecer, pois a base do eleitorado do presidente está convencida sobre essa retórica. Acredito que deva vir pela frente uma política imigratória ainda mais enfática que a do Obama”, disse Cristine Zanella.

A pesquisadora disse ainda que, economicamente, é praticamente inviável mobilizar forças para retirar os imigrantes irregulares dos Estados Unidos, por representarem força de trabalho significativa naquele país e pelo custo que uma operação como esta representa. “Há analistas internacionais que estimam que, caso Trump siga com a promessa, teria que dispor de U$ 400 bilhões, algo que não poderia decidir sozinho, por mais que conte com a maioria republicana no Congresso”, afirmou Cristine Zanella.

A professora de Relações Internacionais lembra ainda que a ação demandaria forças de deportação para vasculhar locais de trabalho, visitar bairros e casas, para exigir documentação. “Uma política dessas pode levar a um estado de perseguição que em poucos momentos presenciamos na história, momentos que resultaram em episódios trágicos, que não deveríamos querer reviver”, disse a pesquisadora.

Fonte: Da redação

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