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Publicado em 2/02/2018 as 2:00pm

Brasileira desiste de campanha após ser atacada na internet

“Minha filha foi abusada pelo meu companheiro que foi preso, estou sem trabalhar, sem dinheiro para comer e mesmo assim pessoas insensíveis preferem promover o ódio a compartilhar um pedido de ajuda”, disse Lorena Santos.

Brasileira desiste de campanha após ser atacada na internet Brasileira e os quatro filhos estão indo para um shelter.

Desde que se mudou de Portugal para os Estados Unidos, a vida da brasileira Lorena Santos Soares seguiu rumos completamente diferente do que ela havia traçado. Quando fez a mudança do continente europeu para Massachusetts, onde fixou residência em Framingham, ela chegou com duas filhas e fugiu da violência doméstica e agressões sofridas por parte de seu ex-marido.

Assim que chegou aos EUA, Lorena trabalhou na área de limpeza de casas e em seguida em uma padaria. Mas depois ela conseguiu um emprego lavando carros e no final de 2015 conheceu o aquele que se tornaria o pai do seu terceiro filho.

Os dois iniciaram um relacionamento e após um ano juntos, Lorena engravidou, mesmo se cuidando e utilizando anticoncepcionais. “Minha gravidez foi de risco, por isso aos três meses tive que deixar o trabalho e fiquei em casa, cuidando do marido e das meninas”, fala em uma entrevista exclusiva ao Brazilian Times.

O bebe, que recebeu o nome de Lyandro, nasceu em maio de 2017 e até os seis primeiros meses de vida sofria com refluxos e isso não a deixava dormir direito. “Como eu não podia sair de perto do meu bebê, decidi fazer um curso para trabalhar em casa, afiando alicates, tesouras e facas”, fala ressaltando que não terminou por falta de recursos financeiros. “O meu Companheiro foi preso antes que eu terminasse”, continua.

Ela conta que a tormenta em sua vida começou no dia 15 de setembro de 2017, quando estava em sua casa. De acordo com a brasileira, no fim da noite, quase dormindo, ela percebeu que o companheiro saiu do banheiro e foi em direção ao quarto onde as filhas dela dormia. “Eu fiquei intrigada com isso e fui verificar depois. “Quando fui caminhando para o quarto delas, o assoalho fez um barulho e ele percebeu e disfarçou como se tivesse brincando com ela e fazendo cócegas”, afirma.

Mas então que percebi que algo estava errado e conversei com ela, descobrindo que ele abusava sexualmente da mais nova”, fala. “Fiquei em choque quando soube, mas depois de conversar bastante com ela, fui à delegacia para fazer a denúncia”, segue.

Após a denúncia, o companheiro de Lorena foi preso no mesmo dia. Ela foi encaminhada ao hospital de Framingham e depois para o Children Boston Hospital. De acordo com ela, foi ai que iniciou sua luta com a polícia, advogados, psicólogos, médicos, assistentes sociais, entre outros. “Foram três meses de muita correria, visitas em casa, entrevistas com assistentes do Department of Transitional Assistance (DTA), apoio de famílias e passei três meses tomando um forte medicamento”, relata.

A menina passou por diversos exames, tratamentos, controles e todos os protocolos que se seguem quando se trata de abuso sexual infantil nos Estados Unidos.

Lorena contou em sua denúncia que a filha tinha manchas vermelhas pelo corpo, uma alergia ocasionada por um produto utilizado em plantas. De acordo ela, a menina ficou toda empolada e o material que gerou a irritação é usado por quem trabalha com jardinagem, mesmo ramo de atividade do companheiro.

Diante disso, Lorena entrou em uma grave depressão, perdeu as forças e passava maior parte do tempo deitada. “Mas graças a Deus recebei a ajuda de duas amigas e elas me encorajaram para seguir em frente. Elas também me ajudaram com alimentos, pois estava sozinha e tinha três filhos para cuidar”, fala.

Apesar do governo de Massachusetts ter vários programas que ajudam crianças e famílias menos favorecidas, Lorena afirma que teve muitas portas fechadas quando ia pedir ajuda. “Todos me diziam que não tinha direito. Corri atrás o máximo que pude, mas não éramos elegíveis”, afirma.

No final e outubro, Lorena conseguiu ajuda da igreja católica de Framigham para pagar um aluguel que estava vencido. “Logo que paguei, a dona da casa já me interpelou sobre o mês seguinte, se já estava providenciando o dinheiro e como faria”, fala.

Diante disso, Lorena voltou à igreja para pedir ajuda mais uma vez para pagar o outro aluguel, até que conseguisse se estabilizar. Mas de acordo com ela, o padre não a atendeu e orientou uma pessoa a doar US$500 e que “não daria mais nem um centavo”.

Lorena entrou em contato com a dona do imóvel para falar que tinha apenas US$500 e que ela tivesse paciência até conseguir o restante. “Ela perguntou se a igreja não se comprometeria pagar o aluguel até eu conseguir voltar a trabalhar e eu respondi que não. Foi então que ela falou que sentia muito e que não podia esperar e que iria no advogado resolver a situação e me acionar judicialmente”, relata emocionada.

Duas semanas depois chegou a primeira intimação e no final de novembro recebeu a data da audiência, marcada para 17 de dezembro. “Quando eu cheguei lá, ela tentou entrar em um acordo me dando mais 15 dias para morar no apartamento. Mas eu me recusei e optei por falar com o juiz e tentar um prazo maior”, explica.

Lorena lamenta atitude insensível da comunidade.

Após ouvir os dois lados, o juiz me deu até o dia 31 de março para ficar no imóvel, assumindo uma dívida de US$3,300 ou deixasse o local em 1º de fevereiro, me arcando com US$2,200. “Eu optei pela segunda opção”, disse.

Apesar da data ter expirado, Lorena aguarda um e-mail para ficar em um shelter. Ela disse que já recebeu a confirmação, mas que quinada espera o dia que pode ir.

Neste tempo, o pequeno Lyandro ficou bastante doente e isso forçou a brasileira a ficar em casa durante mês de dezembro até meados de janeiro. Sem carro e dependendo de carona, ela quase não trabalhou e contou com amigas que moram no mesmo edifício que ela. “Tentei vender meus móveis e produtos da Mary Kay pela metade do preço que uma consultora amiga me doou”, segue. “Tudo para conseguir algum dinheiro, mas foi em vão”.

A brasileira conta quando começou uma campanha para conseguir o dinheiro e arcar com as despesas de alimento e moradia, recebeu o apoio de muitas pessoas, mas no domingo, dia 28 de janeiro, algumas pessoas começaram a criticá-la. “As pessoas, sem conhecer a minha história e o que estou tendo que enfrentar, me crucificara, me ridicularizaram e me ofenderam de uma maneira que me deixou muito triste”, fala. “Chorei muito”.

Mesmo assim, Lorena conta que não desanimou, pois sabia que seus filhos dependem dela e ela fará tudo para que eles tenham o essencial para sobreviver. “Algumas pessoas que me criticaram, depois que souberam da minha história mudaram de ideia e estão me ajudando”, acrescenta. “Elas perceberam que não estou extorquindo ninguém e que só estou pedindo ajuda porque meus filhos precisam”.

Mas ela optou em não mais pedir ajuda, pois na comunidade existem muitas pessoas que quando ficam sabendo de uma campanha, elas entram na história apenas para criticar. “Vou deixar tudo nas mãos de Deus e vou ficar no shelter até que eu consiga pagar minhas dívidas e tenham como trabalhar e sustentar meus filhos”, finaliza.

O ex-companheiro de Lorena, Lorenzon Santos Car-Sanches, teve uma audiência em setembro sobre a acusação de abuso sexual de uma criança. A fiança dele foi estipulada pela juíza Jennifer Stark no valor de US$100 mil.

Fonte: Redação - Brazilian Times

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