RETALIAÇÃO - ICE e DHS perseguem ativistas que defendem imigrantes em Vermont, denuncia organização

Na quarta-feira, dia 14, a organização Migrant Justice, de Vermont, entrou com uma ação em um tribunal federal alegando que o Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, sigla em inglês) e o Departamento de Segurança Interna (DHS, sigla em inglês) - com a assistência do Departamento de Veículos Automotores do estado (DMV) - realizaram uma operação ilegal durante vários anos para vigiar, assediar, prender e deter os membros e líderes da organização.

De acordo com a denúncia, essas atividades foram realizadas em retaliação ao discurso da entidade em apoio aos imigrantes e para desestabilizar a Migrant Justice em sua luta bem-sucedida em defesa dos trabalhadores rurais imigrantes de Vermont.

O processo alega que as autoridades federais de imigração tiveram como alvo os líderes e membros da Migrant Justice desde 2014, já que a organização estava envolvida na organização de direitos humanos em Vermont e nacionalmente. Como parte de um padrão maior para reprimir o ativismo de imigrantes em todo o país, as autoridades federais de imigração se infiltraram nas reuniões e associações privadas de Migrant Justice através do uso de um informante civil, que vigiou os membros e explorou suas páginas na mídia social para obter informações.

Durante este período, pelo menos nove membros da Migrant Justice foram detidos em retaliação direta por seus ativismos.

“Viemos para os Estados Unidos de países com histórias de política de repressão e pensamos que aqui, nossa liberdade de expressão seria protegida à medida que nos levantávamos para defender os nossos direitos", disse Enrique Balcazar, líder do Migrant Justice e autor do caso. “Está claro que o ICE está tentando silenciar as vozes dos imigrantes em Vermont”, denunciou.

O processo alega que o DMV ajudou o ICE e o DHS a atacar os líderes da Migrant Justice depois que a organização lutou para aprovar a lei do Vermont’s Driver Privilege Card (DPC, sigla em inglês) em 2013, permitindo que os residentes do estado obtivessem privilégios para dirigir independentemente do status de imigração.

Documentos obtidos por meio de pedidos de registros públicos mostram que quando os candidatos enviavam seus pedidos de DPC, o DMV enviava as informações pessoais diretamente para o ICE, que compilava dossiês sobre os líderes do Migrant Justice, incluindo suas páginas nas mídias sociais.

Os registros mostram que os trabalhadores da DMV compartilhavam as informações dos candidatos com o ICE para fins discriminatórios, a partir de ações raciais e anti-imigrantes.

A denúncia cita, ainda, que durante este período de represália, o ICE deteve quatro proeminentes líderes da organização. Durante o curso das prisões, os agentes de imigração os assediaram e intimidaram, referindo-se a um como “pessoa famosa” por causa de seu ativismo, e citaram outro membro que seria o “próximo”.

Na prisão, os membros foram proibidos de entrar em contato com um advogado ou qualquer pessoa associada à Migrant Justice. Dois deles foram detidos logo depois de deixar o escritório da organização.

Como parte de sua campanha para minar a Migrant Justice, o ICE divulgou informações falsas sobre a organização, incluindo que a equipe estava colaborando com a agência para localizar e deter membros da comunidade de imigrantes.

O processo alega que as prisões e detenções fazem parte de uma alarmante tendência nacional de retaliação contra os ativistas dos direitos dos imigrantes. Desde 2016, o ICE prendeu pelo menos vinte líderes de alto nível em todo o país.

Fonte: Redação - Brazilian Times