Legisladores e ativista se manifestam contra novas ações do ICE em Boston e outras cidades-santuários

Os defensores dos imigrantes estão criticando a decisão do governo Trump de remanejar unidades táticas da fronteira dos Estados Unidos com o México para reprimir a imigração ilegal em Boston (Massachusetts) e em outras cidades "santuários".

O Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, sigla em inglês) planeja transferir cerca de 100 policiais designados para a Unidade Tática de Patrulha de Fronteira, ou BORTAC, para as chamadas cidades-santuário, incluindo Boston, que limitam a cooperação com os oficiais federais de imigração.

O ICE disse que as unidades táticas conduzirão "operações de alto risco" visando imigrantes indocumentados e com extenso histórico criminal que são conhecidos por serem violentos.

A implantação de equipes especialmente treinadas ocorrerá de fevereiro a maio em Boston, New York, Los Angeles e outras grandes cidades dos EUA que "impediram" o trabalho do ICE, de acordo com relatórios publicados.

A medida é a mais recente ação da disputa do presidente Donald Trump com estados e cidades que oferecem proteção adicional aos imigrantes indocumentados e se recusam a cooperar com as autoridades federais.

Em Massachusetts, que tem várias cidades-santuários, a medida está provocando uma reação dos oficiais eleitos e dos grupos de direitos de imigração que dizem que isso provocará novos temores em comunidades de imigrantes como Salem e Lawrence, que foram alvo de recentes repressões.

O prefeito de Boston, Marty Walsh, recuou contra a implantação planejada, dizendo que as políticas do governo Trump vão "semear divisão e medo e são prejudiciais para a comunidade".

Ele escreveu nas redes sociais que "Boston é uma das cidades mais seguras da América, provando todos os dias que é possível diminuir o crime ao mesmo tempo que é uma cidade acolhedora para todos".

Eva Millona, diretora-executiva da Coalizão de Defesa de Refugiados de Imigrantes de Massachusetts (MIRA, sigla em inglês) classificou a implantação do ICE como "injustificada" e disse que isso tornará as comunidades menos seguras.

"Esperamos que essa implantação seja principalmente um golpe publicitário e não haja operações paramilitares agressivas em nossas comunidades, o que seria perigoso e profundamente traumático", disse ela. "Apelamos aos nossos legisladores, oficiais eleitos e às autoridades responsáveis pela aplicação da lei para defender nosso direito de proteger nossas comunidades de acordo com as leis e valores de Massachusetts", continuou.

Em uma carta ao governo Trump, a senadora Elizabeth Warren e o senador Ed Markey exigiram que as autoridades federais descartassem estes planos, chamando-os de "desnecessários, indesejáveis e perigosos". "A ameaça de pessoal fortemente armado e militar em nossas cidades vai gerar somente uma coisa: provocar o medo", escreveram os dois democratas. "A verdadeira explicação para essa implantação parece ser que o presidente Trump e seu governo estão tentando punir cidades norte-americanas que rejeitam suas políticas de imigração equivocadas".

Os legisladores apontam que o momento da operação, que coincide com a contagem do Censo de 2020, e isso "aumenta a possibilidade de que a pesquisa possa ser prejudicada”. Isso porque deve reprimir a participação dos imigrantes e pessoas de cor, que são as mais prejudicadas por este tipo de atitude insana do governo.

Os agentes do BORTAC são treinados para operações de risco, atiradores de elite que usam até granadas.

Fonte: Redação - Brazilian Times.