Produtores agrícolas alertam para falta de alimentos devido a restrições de imigração e coronavírus nos EUA

Grupos agrícolas alertam que as restrições de imigração implementadas este mês pelo governo Trump podem levar à escassez de alimentos no futuro. As informações são do colaborador da Razão Sean Higgins divulgadas nesta semana pelo Washington Examiner.

Na semana passada, os EUA fecharam consulados no México, que interromperam o processamento de vistos de trabalhadores rurais no âmbito do programa de vistos H-2A.

Os EUA e o México também concordaram, na semana passada, em fechar temporariamente a fronteira para quase todo o tráfego essencial, embora o transporte comercial e os trabalhadores com permissão legal de trabalho ainda estejam livres para atravessá-la.

As medidas também acontecem quando manifestantes mexicanos bloquearam uma passagem de fronteira nesta semana para exigir que os visitantes dos Estados Unidos sejam testados quanto ao coronavírus antes de serem autorizados a entrar no México.

O programa de vistos H-2A permite que agricultores, pecuaristas e outros produtores agrícolas dos EUA, que enfrentam a falta de mão-de-obra, contratem trabalhadores estrangeiros temporariamente para preencher as vagas.

"Ao contrário do que alguns podem supor, esses portadores de visto não são mão-de-obra não qualificada", escreve Higgins. "A agricultura moderna envolve muita tecnologia, incluindo equipamentos pesados, com a qual os trabalhadores devem estar familiarizados, além de outras habilidades que as pessoas comuns não possuem".

De acordo com dados do Departamento de Trabalho, publicados em 2016, mais de 165.000 posições de trabalho agrícola foram ocupadas naquele ano através do programa H-2A. Mais da metade dessas posições foram na Flórida, Carolina do Norte, Geórgia, Washington e Califórnia. As principais culturas colhidas por estes trabalhadores incluem frutas, maçãs, melões, batata doce, alface e milho. Mais de nove em cada dez trabalhadores rurais que possuem um H-2A são mexicanos.

De acordo com uma cartilha da American Farm Bureau Federation, o maior lobby agrícola do país, o Congresso aprovou a Lei de Imigração e Nacionalidade, que deu origem ao processo de visto H-2, no início dos anos 50. O programa H-2A cresceu muito nos últimos anos.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, reconhecendo o potencial impacto de uma escassez de mão-de-obra agrícola, disse que o governo "fará tudo o que puder para manter essa parte da economia trabalhando".

Mas algumas organizações e meios de comunicação tentam amenizar a situação e afirmam que não haverá falta de alimentos. "Mesmo que a pandemia do COVID-19 se estenda por meses, não haverá grande escassez de alimentos, especialmente em alimentos básicos como leite, ovos, queijo, pão e carne", informou a CNBC na semana passada.

O New York Times também informou (assim como o site Político) que os suprimentos e a produção doméstica de alimentos estão em terreno sólido. Rodney McMullen, CEO da Kroger, disse ao Motley Fool que a escassez de alimentos é improvável, uma vez que "há bastante comida na cadeia de suprimentos".

Porém, como a Forbes informou na semana passada, produtores e vendedores estão enfrentando muitos desafios, incluindo "dificuldades no sistema de transporte de alimentos que podem ser agravadas pelo aumento da demanda por alimentos". E, embora algumas mercearias estejam prosperando no momento, elas também estão lutando para acompanhar a demanda do consumidor.

Previsivelmente, os EUA não são o único país a enfrentar obstáculos no fornecimento de comida devido ao COVID-19. A Europa, por exemplo, está enfrentando desafios trabalhistas semelhantes, que também estão provocando temores de escassez de alimentos.

O COVID-19 levou os países a tomar várias medidas para reavaliar seus suprimentos de comida. Alguns países, por exemplo, começaram a interromper as exportações de alimentos. Mas esses medos não são universais.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.