Organização de Connecticut pede libertação de todos os imigrantes em condado de Massachusetts

Para milhares de indivíduos detidos sob custódia do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês), o distanciamento social durante a pandemia do COVID-19 é impossível.

Por isso, no dia 26, o grupo que defende os direitos dos imigrantes Unidad Latina en Acción, com sede em New Haven (Connecticut), fez uma parceria com a Never Again Action Boston, uma organização de ação política judaica, para pressionar os políticos a liberarem imediatamente os detidos no Centro Correcional do Condado de County, em Massachusetts.

Os grupos de justiça de imigração realizaram um protesto seguro envolvendo mais de 100 manifestantes que ficaram dentro de seus veículos, buzinando enquanto circulavam nas imediações do centro de detenção.

O protesto foi um sinal de demonstração de apoio após três cartas abertas assinadas pela maioria dos imigrantes que estão detidos do centro.

Essas cartas detalham preocupações de que os agentes penitenciários estejam supostamente infectados com o vírus - uma alegação que o centro negou - e exigiram medidas de saneamento mais rigorosas, bem como a libertação de detidos com sérias condições de saúde pré-existentes.

“Uma equipe médica que não estava usando o colete oficial declarou que a infecção de toda a população nas instalações é inevitável e ocorrerá nos próximos 30 dias”, dizia a primeira carta da Unidade B de Bristol, datada de 18 de março. “Tal declaração se espalhou mais rápido que o próprio vírus entre os detidos que agora estão extremamente agitados e em pânico”, continuou.

A maioria dos imigrantes detidos em Connecticut fica no centro de Bristol, distante da família por tempo indefinido. Os detidos da Unidade B estão alojados em beliches a um metro de distância um do outro - em contraste com a exigência recomendada pelas autoridades para manter o distanciamento social.

De acordo com a lei estadual, a Unidade B tem uma capacidade obrigatória para 25, mas atualmente contém 59 detentos.

As cartas dos detidos também afirmam que o serviço de saneamento é fraco: o desinfetante para as mãos não é fornecido, o sabão é diluído, os agentes penitenciários negligenciam o uso de máscaras e os dispositivos de escaneamento, telefones e banheiros comuns não são desinfetados.

Os detentos ficaram particularmente alarmados quando dois agentes penitenciários apresentaram sintomas do COVID-19, a doença causada pelo coronavírus, e logo foram substituídos sem explicação. A carta afirma outro agente penitenciário tratou das preocupações com o vírus dizendo: "Vocês não entenderam que esse coronavírus não passa de uma gripe".

"Este é um sistema que não fornece os cuidados de saúde adequados como forma de punição", disse Alicia Camacho Schmidt, presidente da Ethnicity, Race, and Migration e membra do Fundo de Fiança de Connecticut.

Ela explicou que, além de isolá-los de suas famílias, o transporte de imigrantes para outras instalações apresenta riscos à saúde pública. "Definitivamente, muitas famílias em Connecticut estão lutando porque têm um ente querido encarcerado em um centro de detenção de imigração a mais de 160 quilômetros de distância", disse a ativista Vanesa Suarez, em New Haven. "E todos estão aterrorizados e preocupados com suas vidas e temem morrer por causa do vírus", continuou.

A carta apelava à libertação imediata de 28 reclusos com condições médicas graves, como asma, tuberculose e enfisema. O COVID-19 representa uma ameaça maior para idosos e indivíduos com baixa imunidade. Ela também pedia a libertação de detidos de baixo risco - aqueles que não têm crimes agravados - e os imigrantes que consentiram em deportação.

"Atualmente, não há casos positivos ou suspeitos de coronavírus entre funcionários ou detentos", disse Jonathan Darling, porta-voz do escritório do xerife do condado de Bristol. “O protesto foi pacífico, mas também uma completa perda de tempo. Não temos autoridade legal para libertar nenhum preso do ICE. Tudo o que os manifestantes fizeram foi causar atrasos no tráfego para as pessoas comuns”, finalizou.

Elizabeth Weinbloom, porta-voz do Never Again Action, disse que manifestação seguiu outras medidas criativas que não incluíam grandes reuniões de pessoas próximas. No domingo passado, dia 29, o grupo projetou simbolicamente uma imagem de Anne Frank no JFK Federal Building, em Boston, com a legenda: "Anne Frank morreu de uma doença infecciosa em um centro de detenção lotado".

A ação teve como objetivo pressionar o governador de Massachusetts, Charles Baker, a usar seus poderes de declarações de emergência para libertar os detidos do ICE. Weinbloom disse que Baker poderia usar os mesmos poderes executivos que ele já empregou para o fechamento de escolas, parques e empresas para libertar os detidos. "Os centros de detenção se tornarão campos de concentração mortais se o vírus entrar e se espalhar sem controle", afirmou.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.