Trump continua a construir muro na fronteira mesmo diante da crise do coronavírus

O presidente Donald Trump usou poderes de declaração emergência durante a pandemia do coronavírus para implementar o tipo de regime de fiscalização rigoroso na fronteira sul dos Estados Unidos que ele desejava há muito. Através de ordens e medidas, ele suspendeu leis que protegem menores e requerentes de asilo dando liberdade para o governo deportá-los imediatamente ou rejeitar as solicitações sem processos.

Através de uma ordem de expulsão, os agentes da patrulha de fronteira conseguem enviar imigrantes de todas as idades de volta ao México em um processo que dura 96 minutos. Eles não realizam exames médicos quando encontram pessoas que cruzam o país.

Autoridades do Departamento de Segurança Interna (HSI, sigla em inglês) dizem que as medidas são necessárias para proteger agentes, profissionais de saúde e o público em geral contra o coronavírus. “Apertar os controles na fronteira e impedir que populações potencialmente infectadas entrem nos Estados Unidos minimiza o número de detidos nas prisões de imigração e nos centros de detenção”, disse um comunicado da agência.

Numa época em que grande parte da nação está trancada em suas casas, as autoridades federais afirmam que controles rigorosos de fronteira são uma resposta essencial à saúde pública, “já que cada travessia não monitorada expõe as comunidades dos EUA ao que Trump chamou de inimigo invisível”.

"As principais autoridades de saúde de nosso país estão extremamente preocupadas com as graves consequências para a saúde pública diante do movimento fronteiriço descontrolado", disse Trump ao anunciar novas restrições à imigração.

A fronteira com o México e a enorme muro de aço que o presidente está construindo na região - ainda em constante construção durante a crise - permanecem questões-chave da campanha para a reeleição de Trump.

Durante as coletivas na Casa Branca sobre a pandemia, Trump repetidamente invocou seu projeto sobre o muro na fronteira, sem avisar, e divulgou o progresso da construção.

Durante anos, Trump criticou as leis de imigração dos EUA qualificando-as como muito branda, e a pandemia global permitiu ao presidente abandonar muitas das políticas e proteções legais que ele chama de "piores leis de imigração de todos os tempos".

Em seu lugar, o presidente criou um teste piloto para implantar medidas mais rigorosas que ele defendia há muito tempo.

Os impactos mais imediatos são que os imigrantes que cruzam ilegalmente a fronteira dos EUA não são mais levados para pontos de entrada onde teriam a chance de registrar uma reivindicação de proteção humanitária e acesso aos tribunais de imigração. Além disso, alguns menores não acompanhados que normalmente receberiam proteção e abrigo também estão sendo barrados.

"Estamos chocados com a maneira como as coisas estão sendo conduzidas", disse Linda Rivas, diretora do Centro de Advocacia para Imigrantes de Las Americas, em El Paso.Alguns defensores dos imigrantes dizem que temem que Trump demore para suspender estas medidas de emergência mesmo depois que o surto de coronavírus não for mais uma crise.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.