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Publicado em 19/03/2021 as 10:00am

Ativistas brasileiros em NH dizem que “carteiras de motorista melhorariam relações entre indocumentados e policiais”

Um projeto de lei que está na New Hampshire State House, que permitiria que imigrantes...

Ativistas brasileiros em NH dizem que “carteiras de motorista melhorariam relações entre indocumentados e policiais” Líderes comunitários e ativistas em recente encontro com o chefe de policia de Hudson Chief Bill Avery e outras autoridades

Um projeto de lei que está na New Hampshire State House, que permitiria que imigrantes indocumentados obtivessem uma carteira de motorista, enfrenta uma batalha difícil este ano. Os defensores da imigração dizem que a legislação é fundamental para melhorar as relações que vêm construindo com os chefes de polícia em todo o sul do estado.

Aloisio Costa passa muito tempo fazendo o que o pastor faz: orando, lendo sua Bíblia, escrevendo sermões, atendendo às necessidades de sua igreja.

Ele, que lidera a igreja Assembleia de Deus Betel na crescente comunidade brasileira de Nashua, disse que os pastores em comunidades de imigrantes se envolvem mais do que apenas na vida espiritual de suas congregações. “Eles são mecânicos, são advogados, são psicólogos”, disse ele. "Eles são pais, são mães, seja o que for. Temos que nos reinventar cada vez que há uma necessidade diferente", continuou.

Isso é muito importante para pessoas que são indocumentadas, não falam inglês ou não têm as mesmas estruturas de apoio que tinham em seus países de origem, e também quando se trata de seu relacionamento com a polícia. “Eu preciso ser essa ponte, mesmo que ela não exista”, disse Costa. “Preciso lutar o máximo que puder para abordar a polícia e as necessidades da comunidade, para que eles possam entender suas necessidades”.

Desde o ano passado, Costa, junto com outros pastores e defensores da imigração, realizaram reuniões com chefes de polícia de Nashua, Salem, Hollis, Hudson e Merrimack.

Um dos membros do grupo, Leuson Veloz, contou a história de imigração de sua família. “Quando meu pai saiu do Brasil, eu tinha 13 anos. Então, dos 13 aos 16, eu não tive meu pai”, disse ele. Em seguida um oficial perguntou: "Porque ele estava aqui?” e o brasileiro respondeu que "wele estava aqui, trabalhando como um louco para sustentar a família”.

Em cada reunião, os membros da comunidade falaram sobre como sua experiência molda sua perspectiva da polícia e explicaram os motivos pelos quais algumas pessoas têm medo dos policiais. “Isso foi o que realmente me chamou a atenção. Eu nunca tive esse tipo de conversa”, disse o chefe de polícia de Hudson, Bill Avery. Ele e outros membros da polícia sentaram-se com o grupo de ativistas em setembro passado.

Avery diz que deseja que todas as pessoas, independentemente do status legal, sintam-se seguras ao ligar para seu departamento se forem vítimas de um crime ou precisarem de outra ajuda. Isso não estava acontecendo, porque a cidade teve uma má reputação para com as comunidades de imigrantes de New Hampshire por muitos anos.

Costa disse que o fato de Avery e outros chefes de polícia quererem construir relacionamentos com as comunidades de imigrantes é necessário para avançar. Como ex-policial no Brasil, o pastor disse que é fácil para ele falar com a polícia nos EUA. “Eu não tenho medo”, disse ele. “Eu sei exatamente qual é o papel. Eu os respeito pelo que fazem e pela posição que devem ocupar. Mas eles não podem ir além disso”, afirmou.

Ele disse que existe uma coisa em particular que daria tranquilidade às pessoas - uma carteira de motorista. “Esse tipo de identidade ajudaria a tornar as pessoas mais dispostas a falar, mesmo em situações como violência doméstica”, afirmou. “Você tolera abusos, pouca violência em casa, porque não quer chamar a polícia”, acrescentou.

O grupo não revelou quando poderá ocorrer outras reuniões, mas os membros garantem que vão lutar para que o projeto da carteira de motorista siga adiante principalmente em uma época que o presidente da nação defende os imigrantes.

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