Índice de mortalidade por Covid-19 em New Jersey e Mississippi supera o Brasil

O Estado Jardim recentemente perdeu a posição de ter a maior taxa de mortalidade por COVID per capita dos EUA para o Mississippi, cujo índice de vacinação é extraordinariamente baixo e a falta de um mandato do uso de máscaras ajudaram a aumentar a propagação da variante Delta.

O Mississippi, com cerca de 10 mil mortes pelo vírus, está registrando 315 mortes de COVID por 100 mil residentes. New Jersey está se aproximando de 28 mil mortes, ou 306 por 100 mil habitantes, uma taxa que é em grande parte uma consequência dos primeiros meses da pandemia, antes de ter sido criada uma vacina.

Para ter uma noção de como esses números são abismais, considere que os dois estados, um industrializado e de tendência democrata e o outro de tendência conservadora e que foi o berço da Confederação, são ambos destaques globais. Em ambos os casos, o legado de gerações de racismo sistêmico e falta de acesso a cuidados de saúde regulares fez com que as pessoas de cor fossem as mais vulneráveis ao COVID.

De acordo com a Universidade Johns Hopkins, isso coloca os dois estados bem acima do Brasil, o país mais atingido do mundo, com 281,29 mortes por 100 mil habitantes, seguido pela Argentina, que relata 255,52 por 100 mil habitantes. Os EUA como um todo está em 4º lugar no planeta, com 209,32 mortes por 100 mil habitantes, apenas um pouco abaixo da taxa do México, com 215,33.

Ao comparar as estatísticas mais recentes do Mississippi e New Jersey, percebe-se o arco da trágica experiência dos EUA com relação ao COVID, que era totalmente evitável. O partidarismo cego causou um "curto-circuito" na capacidade dos estados de aprender uns com os outros, à medida que o número total de mortes da COVID ultrapassa os 675 mil vítimas durante a pandemia de gripe espanhola de 1918 a 1921.

Com mais de 1 ano e meio de pandemia, o Mississippi está tendo agora uma contagem de mortes e índice de hospitalização exponencialmente maior do que New Jersey. Embora o Mississippi tenha uma das taxas de vacinação mais baixas do país, sob a liderança do governador Phil Murphy, mais de dois terços da população em New Jersey está totalmente vacinada. O índice de vacinação do Mississippi é de pouco mais de 43%. Ao contrário do governador republicano Tate Reeves no Mississippi, Murphy defendeu mandatos do uso de máscara nas escolas públicas de New Jersey.

Incrivelmente, o ex-deputado Jack Ciattarelli, oponente republicano de Murphy na eleição para governador deste ano, quer eliminar o mandato da máscara nas escolas, que o alinha com Reeves, bem como com o governador da Flórida, Ron DeSantis, e o governador do Texas, Greg Abbott.

Oito meses após a presidência de Joe Biden, os EUA continua profundamente dividido, onde a média de 7 dias para a contagem diária de mortes por COVID atinge mais de 2 mil, algo que não era visto desde março. Ou seja, dois terços do número de americanos que morreram nos ataques terroristas de 11 de setembro, todos os dias.

Mesmo quando nos aproximamos de 45 milhões de infecções e a realidade de que até 25% das pessoas infectadas terão consequências de saúde variadas em longo prazo, democratas e republicanos em Washington-DC continuam a discutir se e como estender o teto da dívida pública.

Apesar do progresso tangível na batalha contra a COVID em New Jersey, ainda não chegou-se a um acordo sobre o quão vulneráveis as comunidades negras eram e permanecem. A aceleração da desigualdade econômica e as antigas disparidades na saúde impactam milhares de residentes de cor em New Jersey, um grupo que inclui muitos imigrantes indocumentados que atuaram como trabalhadores essenciais da linha de frente durante a pandemia.

Em abril de 2020, Murphy assinou uma legislação determinando que todos os hospitais do estado relatassem a idade, etnia, gênero e raça de todos os infectados. "Compreender o impacto do COVID-19 por grupos demográficos é fundamental para garantir a equidade em nossa resposta ao vírus", disse ele em um comunicado à imprensa na época. "Devemos fazer tudo o que pudermos para proteger os mais vulneráveis em nosso estado durante esta crise sem precedentes. Esses dados irão informar nosso esforço e nos permitir ter certeza de que ninguém será deixado para trás".

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Fonte: Leonardo Ferreira