Publicado em 12/11/2021 as 10:00am
Elenilda, a mineira que venceu a depressão pedalando por Boston
“O ciclismo é algo transformador em minha vida”, diz Elenilda Souza Almeida
Maria e Betânia são amigas inseparáveis da mineira Elenilda, que descobriu no ciclismo uma forma divertida de driblar a depressão. As meninas são seres inanimados que ganharam vida, e foram batizadas com esse nome em homenagem à cantora Maria Betânia de quem Elenilda é fã. Maria e Betânia são as duas bikes que levam Elenilda a lugares incríveis, elas foram capazes de eliminar a depressão, reduzir o peso e até equilibrar o hipertireoidismo de Elenilda, que após o falecimento de uma sobrinha ficou muito deprimida. Começou a fazer terapia, tomar medicamentos para dormir, mas a melhor terapia para eliminar todos os males foram as bicicletas.
A mineira de Engenheiro Caldas, vive nos Estados Unidos há 15 anos, é casada, tem dois filhos, trabalha como house cleaner todos os dias, mas sempre reserva um tempo para fazer seus passeios ciclísticos. Há sete anos Elenilda começou a pedalar de maneira informal, porém, passou a adquirir o gosto pelo pedal e aos poucos foi aumentando a milhagem e hoje pratica o esporte como hobby. Elenilda faz duas modalidades, o mountain Bike que é um passeio por trilhas e o speed bike, o percurso pelo asfalto com maior velocidade.
A ciclista conta que, tudo começou depois de uma conversa com a terapeuta que lhe disse: “você vai ficar tão bem que vai até sair na neve pedalando”, Elenilda levou a brincadeira a sério, isso deu um insight para ela pegar a bicicleta do marido e sair pedalando em um gelado dia de inverno, saiu de Everett até Malden, no estado de Massachusetts. Durante o percurso apreciou a paisagem, “aquilo me encantou profundamente”. Disse entusiasmada. Depois que a neve foi embora ela aumentou o percurso e a milhagem, a experiência a fez perceber que pedalar lhe fazia muito bem, começou a fugir daqueles problemas que atormentavam a sua cabeça. A partir daí, passou a postar na internet os seus passeios de bicicleta. Começou a perceber que por meio dos passeios poderia conhecer novos lugares. As pessoas começaram a segui-la nas redes sociais e a terem curiosidades sobre os lugares que ela apresentava, com isso se viu na responsabilidade em passar informações mais detalhadas sobre seus passeios, e muitas pessoas começaram a visitar os roteiros que ela apresentava.
Com o tempo surgiram as amigas e amigos para participarem do pedal, o marido José Marcelo também se sentiu motivado e começou a pedalar, por último, formou-se um grupo de sete pessoas, sendo quatro mulheres. “Eu estava muito deprimida na época, quando saio para pedalar, parece que levo um peso nas costas, mas quando regresso, me sinto mais leve, mentalmente falando. Eu falo mais com Deus quando ando de bicicleta do que quando estou na igreja, é um momento muito especial, me relaxa e me sinto bem”.
Uma das propostas de Elenilda é de turistar de bicicleta, a partir do momento que começou a pedalar passou a descobrir a região de Boston. Em seu mapa de passeio ciclístico Elenilda já conheceu mais de 40 cidades. Ela recomenda um passeio ciclístico pelo centro de Boston e para quem gosta de apreciar a natureza e o litoral, a dica é fazer o circuito pela região de Marblehead, Revere e Manhattan Beach, um passeio pelo litoral de Massachusetts, com ciclovia, que oferece segurança e o ciclista pode apreciar uma bela paisagem, inclusive desfrutar o espetáculo do nascer e pôr do sol.
Elenilda aproveita para dar algumas dicas para quem deseja fazer ciclismo, ressalta a importância de se tomar os devidos cuidados, usando equipamentos de segurança. “É preciso ter um calçado especial, roupas próprias, capacete, e uma boa bicicleta, isso inclui a segurança do ciclista”. Fala com maestria. Além disso, ela adverte sobre a importância de se conhecer as regras de trânsito do estado de Massachusetts, para saber como o ciclista deve se comportar, a sinalização para o esportista é muito importante e salva vidas.
Em suas palavras finais, Elenilda deixa um importante recado sobre a importância do autocuidado: “Eu acredito que, para eu cuidar da minha casa, da minha família, para eu demonstrar carinho e amor por eles, a primeira demonstração de amor que tenho que ter é por mim. O conselho que deixo para outras mulheres imigrantes iguais a mim, é que a vida na América não é fácil, o trabalho não para, mas a gente tem que ter uma qualidade de vida para garantir uma saúde física e mental. Temos de levar isso muito a sério, porque a partir do momento que dermos este tempo de prioridade e falar que ele é só da gente, nós vamos poder cuidar melhor das pessoas que amamos, e a gente vai fazer isso mais feliz. Eu preciso ser feliz para fazer o outro feliz”. Conclui, com um largo sorriso no rosto.
Para quem tem interesse em conhecer as trilhas de Elenilda, acompanhe-a em suas redes sociais: @pedala_boston.
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Fonte: Por: Eliana Marcolino