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Publicado em 19/02/2022 as 10:00am

Conheça as diretrizes de uma autora de sucesso nos Estados Unidos

Arleandra de Lima Ricardo, autora do renomado livro “O cotidiano repressor dos Agentes da DOPS de Pernambuco (1931-1946)”, conta para a comunidade brasileira nos Estados Unidos um pouco sobre sua trajetória de luta e garra.

Cláudia Abreu Leite

A historiadora Doutora Arleandra de Lima Ricardo, filha de Arlindo Gonçalves Ricardo e Maria Helena de Lima, nos seus quase 45 anos, nasceu na região metropolitana do Recife, em Cabo de Santo Agostinho – Pernambuco. Ela destaca que essa região “é banhada por um belíssimo litoral e também opulenta por ter se tornado um complexo industrial importantíssimo para o Brasil devido à instalação do Porto de Suape, porém a cidade camufla desde suas origens uma pobreza social estruturada,  testemunhamos esgotos a céu aberto, moradias precárias, baixos salários e exclusão da população pobre aos bens básicos de dignidade humana”.

O pai operário e mãe feirante trouxeram-lhe a experiência que precisava para lutar por um espaço na intelectualidade paulista. Foi assim que Arleandra aprendeu a correr atrás dos seus sonhos, metas de vida e crescimento profissional desde cedo; sua força veio da história da família, dos pais e irmãos. Mas sem dúvidas, foram as pessoas certas nas horas ainda mais certas que abriram caminhos e oportunidades para que ela pudesse se destacar como escritora, professora e pesquisadora.

O ponto de partida foi em 2003, quando iniciou seus estudos no curso de História na Universidade Nove de Julho (UNINOVE). Ela destaca que tinha admiração pelos excelentes professores como Fábio Franzini, Elaine Lourenço, Geraldo Alves e Lucio Mendes, que lhe abriram as portas para o mundo acadêmico. Mas foi com a escrita do TCC que ela descobriu seu sonho: queria o conhecimento, a capacidade de articulação, escrita e pesquisa histórica. Ela revela que a paixão pelo conhecimento dos seus professores a contagiaram. 

No ano seguinte de sua conclusão, 2005, ela entrou em curso de extensão na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e novamente encontrou professores fantásticos, como sua então orientadora Vera Lucia vieira, Izilda Matos, Antônio Rago Filho, Estefânia Knotz, entre tantos outros que a moldaram para o reconhecimento da injustiça, dos direitos humanos, das questões relacionadas à violência policial, do Estado, da estrutura de poder, das questões de gênero e estudos sobre a América Latina. 

Quando Arleandra iniciou suas pesquisas em 2007, nos arquivos recém-abertos por sigilo de Estado no Arquivo Público Jordão Emerenciano, novamente apareceram outras pessoas que a ajudaram a alcançar seus objetivos, como a curadora Marcilia Gama, e posteriormente o Sr. Pedro Mouro. Foi a receita para trilhar esse caminho sem fim que é o saber histórico, o entendimento do presente, que como uma lupa olha para o passado para reconhecer onde deveríamos não falhar, não repetir, e aprender com os erros. Porque a história nos ensina a reconhecer as grandes e pequenas estruturas enraizadas no consciente e inconsciente dos acontecimentos históricos.

Em função de sua grande força de vontade, capacidade de aprendizado prático e experiência, mesmo com suas limitações, Arleandra foi capaz de se destacar e receber bolsas de estudos tanto no mestrado como no doutorado, oferecidas por meritocracia na PUC/SP - essas bolsas são dadas mediante o grau de excelência dos seus concorrentes, relevância social e historiográfica propostos nos projetos de pesquisa.

Arleandra foi polida como ouro e diamante, toda estrutura dada nos 10 anos de suas pesquisas trouxeram a luz, força e brilho que ela precisava para romper com o ciclo de pobreza e falta de oportunidade.

Ela se formou no mestrado em 2009. Em 2013 entrou no doutorado também na PUC/SP, concluindo em 2017. Foram muitos anos de estudos e progresso em sua carreira de pesquisadora, escritora e professora Universitária. Desde 2018, Arleandra recebeu dois prêmios, o primeiro na categoria “melhor livro de pesquisa” dado pela Editora ZL Books com o livro "O cotidiano repressor dos agentes da DOPS de Pernambuco (1931-1956)”, lançado em salões do livro em Portugal - Lisboa e em New York nos Estados Unidos.

Em 2021, Arleandra recebeu o Troféu Literatura Clarice Lispector pela segunda vez como coautora na modalidade melhor coletânea, “Pernambuco na Mira do Golpe”, um trabalho monumental coordenado por Thiago Nunes e Marcilia Gama sobre a sociedade, fatos e acontecimentos históricos sobre a Ditadura Militar em Pernambuco.

Arleandra participou com a escrita do capítulo: “As cassações dos direitos trabalhistas em Pernambuco em 1964”: estudo de casos de pessoas comuns atingidas pelo primeiro ato Institucional na região dos Guararapes, publicado pela editora Fi em 2021.

Ela trabalhou também como coordenadora na Câmara Jovem de Timóteo, em Minas Gerais; neste trabalho ela ensinou noções de cidadania e conceitos de política para jovens do 6º ano ao 3º ano do colegial. Ela se orgulha por ter implantado as eleições nas escolas para vereadores mirins treinarem conceitos básicos de cidadania, para mais de 4.000 alunos das escolas públicas e privadas.

Arleandra atualmente mora aqui nos Estados Unidos com a família, ela veio com visto de estudante e, além de estudar, continua com os seus projetos de trabalho e lançando livros de gênero histórico. Quando questionada sobre o futuro, ela com a mesma paixão e brilho nos olhos diz que quer continuar escrevendo livros, ensinar, e compartilhar os conhecimentos históricos, para assim compreender melhor o passado para que possamos olhar para o futuro com mais consciência e responsabilidade social.


 

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