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Publicado em 10/10/2022 as 1:00pm

Brasileira adotada por casal de norte-americano finalmente conhece os pais biológicos

A mobilização foi grande. A busca, liderada pelo repórter investigativo Thathyanno Desa, contou com a ajuda de inúmeras pessoas e chegou ao fim, menos de um mês depois, com um final feliz. Renata finalmente sabe que é.

Imagem extraída do programa Lado a Lado com a Verdade

Uma espera de três décadas finalmente chegou ao fim. Depois de 30 anos, Alea Maya Goldberg, ou melhor, Renata Duarte de Souza finalmente pode conhecer, mesmo que de forma virtual, a família biológica. Uma história marcada por emoção, mas que mantém muitas dúvidas sobre a maneira como ela foi separada dos pais e adotada por um casal de americanos, por intermédio de uma mulher que mora no Brasil.

A mobilização foi grande. A busca, liderada pelo repórter investigativo Thathyanno Desa, contou com a ajuda de inúmeras pessoas e chegou ao fim, menos de um mês depois, com um final feliz. Renata finalmente sabe que é.

O calor do abraço, ela ainda não sentiu, mas não vê a hora do encontro. Mesmo assim, os laços estão se fortalecendo. Passou a ter contato com os pais biológicos, além de falar diariamente com o irmão. Além disso, descobriu que tem outros irmãos, por parte de pai.

Uma história que foi contada ao vivo, no programa Lado a Lado com a Verdade. “Eu fiquei muito triste porque aconteceu tudo isso. Ainda estou em choque, depois de 30 anos a gente se reencontrar. Ainda não estou acreditando”, disse, emocionada, dona Maria Ivanir Duarte de Souza, mãe de Renata.

Ela revelou com exclusividade, as circunstâncias que a fizeram dar a filha para a adoção. “Em 1991, eu fui para São Paulo, na casa da minha ex-cunhada. Eu cheguei em novembro e fiquei grávida dela. Passou dezembro, janeiro, fevereiro e decidi voltar para o Ceará. Já estava grávida. Aí eu tive ela, em 1992. Então decidi voltar para São Paulo de novo. Deixei ela, com a minha ex-sogra, o pai e o irmão, mas depois de três meses, eles resolveram vir para São Paulo e me chamaram porque ela estava muito doente no hospital. Fui lá visitar ela e depois decidi que eu ia ficar com eles, mas a minha ex-cunhada, falou que na casa dela não ia dar para ficar eu, minha ex-sogra, meu ex-marido, meu filho e ela. Eu tinha que dar a minha filha para uma pessoa, que o marido dela já tinha arrumado. Porque lá não ia dar para ficar todos. Eu não tinha para onde ir. Tinha 16 anos e não tinha como cuidar de duas crianças sozinha. Eles me convenceram que era o melhor para ela”, contou.

A ideia da doação veio justamente do marido da ex-cunhada, que havia trabalhando como segurança e conhecia Maya Kann, que foi quem intermediou a adoção. Dona Ivanir, inclusive, acredita que ele ganhou dinheiro com a situação.

“Depois de uns três meses, ele quis mudar de cidade, porque tinha trocado a casa dele em uma outra casa em São José dos Campos, uma casa boa, grande. E ele morava em um barraco de três cômodos. Jamais que uma pessoa iria trocar uma casa daquelas por um barraco. Eu fui desconfiando, mas não podia provar nada e não podia falar nada. Nunca perguntei nada disso. Apaguei. Eu quis esquecer. Não consegui, mas quis esquecer”, revelou.

Na época, Ivanir trabalhava como doméstica. Mais tarde, passou em metalúrgica e cozinha industrial até que voltou ao Ceará, cerca de dois anos depois de ter entregue Renata para adoção. Ela nunca soube quem eram as pessoas que haviam ficado com a filha. Nem mesmo por foto. Inclusive, ela achou que era Maya quem iria ficar com a criança.

“Ela falou que uma ficar um tempo com ela, mas que talvez não fosse ficar com ela e passar ela para um casal, mas ia ficar com ela por um tempo. E falou até que eu ia poder visitar ela e que ela ia ficar no Brasil. Quando descobri que outra pessoa adotou e levou aos Estados Unidos, eu não acreditei, achei que não era verdade. Achei que ela estava em Guarulhos, tanto que eu procurava ela nas redes sociais como Renata Duarte”.

Dona Ivanir também negou as histórias contadas por Maya e por uma ex-funcionária dela, de que Renata havia sido entregue por uma cunhada, ou então que a criança havia sido deixada no lixo ou esquecida no ônibus. Segundo ela, um motorista de Maya a buscou, junto com o ex-marido e a ex-sogra e levou todos ao Fórum, onde finalmente conheceu Maya.

“Falaram várias mentiras que não aconteceram. Que ela tinha sido achada no lixo, que tinha sido esquecida no ônibus, coisa que nunca aconteceu. Eles vieram buscar em casa. A gente foi entregar ela. Demorou muito para sair os papeis que a Maya estava tentando conseguir. O motorista dela foi comprar lanche pra gente. A gente ficou o dia inteiro lá, e ela estava no meu braço”, relembrou.

“A papelada demorou uns dois dias. Um dia foi para o Fórum, e no outro fomos em um escritóriozinho com dois advogados, e ela ficou conversando comigo, dizendo que eu não queria a menina, que eu tive depressão pós-parto, tentando colocar essas coisas na minha cabeça. Ficou falando pra mim, que tive depressão pós-parto, que eu não queria ela, por isso eu estava dando”.
Na entrevista, Thathyanno lembrou da burocracia envolvida em uma adoção, e que seria muito difícil o trâmite ter ocorrido tão rapidamente, o que abre suspeitas sobre a maneira como as pessoas envolvidas fizeram tudo.

Ivanir, disse que Maya não ofereceu dinheiro, mas uma passagem de volta ao Ceará. Contou também que um mês depois, um homem apareceu no lugar onde ela trabalhava, com um papel para assinar, dizendo que não poderia voltar atrás, caso contrário, teria que pagar tudo o que havia sido gasto de remédios para Renata. Ela assinou os papeis e o homem nunca mais apareceu.

Mesmo assim, a imagem da filha nunca saiu da cabeça. “Desde o dia que ela se foi, eu pensava todo dia nela. Eu nunca esqueci. Estou muito feliz que vocês tenham me encontrado e agora vou tentar ser uma mãe melhor”.

Questionada se se sentiu pressionada ou com medo para entregar Renata, Ivanir revelou que sim. “Falaram que iam me pôr na rua com ela, com o menino, que não podiam ficar com ela lá, que a casa era pequena, que a mulher estava grávida e eu não tinha muito tempo. Tinha que decidir rápido”, contou.

Já Renata fez questão de apoiar a mãe biológica. “Eu sinto muito que isso aconteceu com a senhora, que a senhora é muito corajosa de vir aqui compartilhar essa história, que essas pessoas são covardes e mentirosas e vão pagar pelo que fizeram. A Maya também falou para mim que eu era louca”, disse ao lado da amiga Luciana, que foi quem levou o caso até Thathyanno. “O prazer foi meu. Eu estou feliz de ter ganhado uma irmãzinha. Agora estamos todos em família agora”, complementou.

O pai biológico de Renata, seu Francisco Reginaldo Duarte de Souza também participou da entrevista. Ele contou não saber de muitos detalhes do caso, mas confirmou que das informares que possui, todas são as mesmas informadas pela ex-esposa. “Foi o meu ex-cunhado que achou esse pessoal, e ela foi adotada. Levaram os papeis e foi muito rápido”.

Ele contou que a família de Renata também era maior do que ela mesma imaginava, já que ele possui outros cinco filhos, além de um que foi adotado. E emocionado, contou que sabia que um dia a reencontraria.

“Eu sempre sonhei com esse momento. Eu pensava que antes de Deus me levar ela para o outro mundo, eu ia ver ela. Estou muito feliz. Estou sem palavras. Só posso agradecer. Nunca deixei de pensar nesse momento. É minha filha e estou aguardando por esse momento de encontrar ela e dar um abraço. Fico até emocionado de contar”, desabafou.

“Eu queria pedir perdão para a Renata por eu não ter cuidado dela direitinho como ela merecia. Eu fico muito magoada, porque hoje eu cuido muito bem da minha família. Faço de tudo para deixar minha família bem e queria que ela me perdoasse por essa tragédia que aconteceu na nossa vida. Me sinto culpado também e queria que ela me perdoasse”, pediu, emocionado.

“Eu já te perdoei e eu te amo pai. Isso não foi sua culpa. Essas pessoas são covardes e mentirosas e vão pagar pelo que eles fizeram”, disse Renata.

O irmão biológico, Renato, também participou da entrevista e não escondeu os sentimentos. “Eu estou feliz, cara. Desde semana passada, meu coração se encheu de alegria. A gente tem se falado todos os dias. Ela é uma pessoa maravilhosa”.

Ele sabia que tinha uma irmã que havia sido entregue para a adoção, mas nunca recebeu detalhes do que aconteceu. “Minha mãe sempre falou que tinha adotado por circunstâncias que ela não soube falar bem. E eu e meu pai, ficamos afastados por uns 10 anos depois que ele se separou da minha mãe. Ele ficou em São Paulo e ficamos uns 10 anos sem nos falar. Fiquei sem pai, achando que ele tinha morrido. Eu sempre soube que eu tinha uma irmã, mas nunca soube onde ela estava. Uns falaram que estava nos Estados Unidos. Outros falaram que estava no Japão. A minha mãe sempre fugia desse assunto. Eu era criança, não ia entender. Não explicou bem. E depois de adulto, contava histórias vagas. Depois quando eu vim morar com meu pai, que a gente se reencontrou, ele contava dessa minha irmã, que ela estava por aí e que um dia A gente ia encontrar ela”, contou.

Ele também contou do choque recebido ao descobrir que a irmã estava procurando por eles, e de como se conectaram rapidamente.

“A mãe jogou uma bomba na minha mão. Foi uma enxurrada de informação. Não sabia se eu ficava feliz ou se ficava com raiva. Mandou o link que a minha irmã estava procurando a gente. Eu passei mal de tanta emoção. Foi forte. Depois eu fui entendendo o que foi acontecendo. Uma bênção na minha vida. A melhor notícia que eu poderia receber é saber que a minha irmã estava procurando a gente. Eu amo todos os meus irmãos e já tenho um amor gigante por ela”.

“Eu gostaria de falar para ela que ela é maravilhosa. Forte, guerreira, nordestina forte como a gente. Enche a nossa casa de alegria. Gostaria de ter passado a infância com ela. A nossa família, meus filhos e minha esposa, logo de cara, gostaram muito dela. Uma pessoa maravilhosa. Eu amo ela”, se declarou.

“Meu irmão é um dos homens mais fortes que eu conheci, gentil, maravilhoso, e mal posso esperar para continuar passando tempo com ele pelo resto das nossas vidas”, respondeu Renata.

Assista à entrevista completo no link https://bit.ly/3rI5EtZ

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