Chegou o Classificado do Brazilian Times. Divulgue ou busque produtos e serviços agora mesmo!

Acessar os Classificados

Publicado em 28/10/2022 as 12:00pm

Entrevista com Heloísa Schurmann

Heloisa é uma mulher corajosa e aventureira, que abandonou a terra para viver com a família...

Heloisa é uma mulher corajosa e aventureira, que abandonou a terra para viver com a família numa aventura em alto mar, ela se mudou de uma confortável casa para dentro de um veleiro. É uma esposa romântica e cuidadosa, mãe amorosa que assumiu a educação formal dos filhos. Foi uma professora que ensinou todas as disciplinas in loco, de forma dinâmica e divertida. Ela é velejadora, escritora, ativista e ambientalista. Esta é a sua quarta volta ao mundo, na expedição A voz dos Oceanos. Escritora premiada pela Focus Brasil Nova Iorque 2022, fala com o Brazilian Times sobre a sua experiência de vida no mar e sobre o seu novo projeto de navegação.

Brazilian Times (BT): Você é uma mulher corajosa que abandonou a terra e lançou-se no mar. Gostaria de saber onde você mora?

Heloisa Schurmann (HS): Esta é uma pergunta muito curiosa. Eu moro em um veleiro, navegando pelo mundo. Faz um ano que saímos nesta última expedição que se chama Voz dos oceanos. Estamos com a missão de conscientizar as pessoas sobre o plástico nos oceanos e todas essas sequelas do microplástico, provocando a mortandade não só dos animais, mas que também estão sendo encontrados nos organismos do corpo humano. Nós estamos percorrendo desde o Brasil, passamos pelo Rio Amazonas, percorremos pelo Caribe, Bahamas, e agora na Costa dos Estados Unidos, desde Miami, Nova York, Boston. Agora estamos em Maine.  Esta é a minha quarta volta ao mundo.

BT: Quem compõe esta expedição?

HS: Eu e meu marido. Antes éramos com os três filhos. Hoje somos eu, meu filho mais novo, que passou dez anos velejando pelo mundo, hoje ele é o nosso capitão a bordo. Ele, a esposa dele e temos três tripulantes que fazem toda a parte de mídia, filmam voam drone, fazem toda esta parte de divulgação do projeto.

BT: De quem foi a ideia de dar a volta ao mundo?

HS: A ideia começou com nós dois: Vilfredo e eu. Nós viemos passar o Natal aqui em Nova Iorque, em 1974, a minha mãe morava aqui, ela era casada com um americano. Já tínhamos um filho de 5 anos e nasceu o nosso filho David, trouxemos as crianças. E o nosso presente foi uma passagem com tudo pago para Saint Thomas, no Caribe. A mamãe falou para deixarmos as crianças com ela, e viajamos para a nossa segunda lua de mel. Um dia fomos fazer um passeio de barco a velas, estava escrito assim: passeio 10 dólares. Eu olhei pra ele e falei, vamos! Ele disse, vamos! E ali no momento que começamos a navegar, que o barco desligou os motores e levantaram aquelas velas e o barco saiu navegando só com o barulho do vento, eu olhei para o meu marido e nós nos apaixonamos de novo e juntos nos apaixonamos pelos mares, pelos oceanos e falamos: um dia nós vamos voltar aqui com o nosso próprio barco. E desse sonho que estava nas nuvens até colocar o pé no chão, demorou dez anos. Nesse tempo ainda tivemos mais um filho, então com a tripulação já formada, com a data marcada que era quando o nosso filho David fizesse 10 anos. Nós vamos sair para dar a volta ao mundo, então, não era nem ele, nem eu, fomos nós dois.

Nós fizemos um trabalho muito grande porque Vilfredo não cozinhava, não fazia nem ovo cozido. Então eu disse: E se eu caio no mar e essas crianças ficam aí sem ter ninguém para cozinhar? Você precisa aprender, então ele aprendeu a cozinhar e eu aprendi a trocar o óleo do motor e a fazer manutenção, então nós sempre vivemos fazendo as tarefas divididas, o que deu muito certo.

BT: De todas essas aventuras, tem um momento que foi muito marcante que você poderia nos contar?

HS: Para mim, a aventura mais marcante foram os dez anos no mar, porque eu vi os meus filhos crescerem, quando saímos, o Wilhelm tinha 7anos, o David tinha 10 e o Pierre tinha 15, então ver meus filhos crescerem independentes de qualquer ideologia, ou seja, estou morando em uma casa, meu filho tem que ter uma bicicleta, nós temos que ter um carro. Foi uma mudança de vida total, então, para mim foi a maior aventura de vida foram os dez anos no mar. Tive que aprender a ser professora dos meus filhos. Naquela época não tinha nada de tecnologia. A primeira viagem foi de 1984 até 1994, ensinar os meus filhos foi muito marcante porque eu tive que aprender muita coisa. Nós matriculamos as crianças em uma escola americana, eles já sabiam inglês, mas tiveram que aprender a ler e a escrever bem para poder seguir o currículo da escola americana, uma escola de correspondência na época.

Eu aprendi a mergulhar, aprendi a ser mais aventureira com os meninos. Eles olhavam pra mim e diziam: o que? você não vai? E eu não tinha escolha. Uma vez nós fomos em uma caverna enorme e quando chegamos no fim da caverna, o guia falou: O único lugar que vocês podem sair da caverna é descendo o rio, eu cheguei e perguntei: não tem outra maneira? E eles me disseram: você não vai? E eu tive que escorregar na pedra e descer pelo rio para sair da caverna.

Escritora premiada pela Focus Brasil Nova Iorque 2022

BT: Os seus filhos, sempre encararam essa aventura com muita naturalidade ou eles questionavam? Reclamavam que não gostariam de estar ali?

HS: Olha, eu vou te confessar, nós fizemos uma “lavagem cerebral” nas crianças, desde que eles eram pequenininhos a gente falava: Um dia nós vamos sair para viver nos mares. Nós vamos ser como nas histórias de Robinson Crusoé, como as histórias de Júlio Verne. Com as aventuras que vamos viver, e foi! passarmos por 35 países, conhecer a cultura, fazer aventura, a culinária, foi tudo diferente e aí à medida que eles iam crescendo, eles eram meio que guiados.

A gente tinha um caiaque em casa, a gente saia muito de barco, então nós tínhamos um barco pequeno e fomos aumentando o tamanho do barco. Nas férias fazíamos passeio de barco, nós demos a eles essas oportunidades. Nenhum dos meus filhos anda a cavalo, joga tênis ou futebol, os esportes deles passaram a ser velejar, remar, ir à praia e até mergulhar. Então, quando chegou o dia que nós íamos sair, tivemos que doar os brinquedos, as roupas, vender o carro e fechar a casa, eles falaram, puxa já era hora né! Durante todo o tempo eu ofereci e a minha mãe também ofereceu a oportunidade de eles ficarem com ela. Quem não quiser ir, pode ficar com a vovó, e nenhum deles fez essa escolha.

BT: E a sua mãe, ela apoiou esse projeto?

HS: Nós começamos a contar para as pessoas, amigos e até parentes, e muitos diziam: imagina, isso não vai dar certo, esses meninos vão sair da escola, vão ser uns vagabundos, outros diziam: eles vão morrer, o tubarão vai comer. Por isso nós paramos de falar, mas a minha mãe e o meu pai estavam sempre muito animados, eles perguntavam: onde vocês vão parar, avisem que nós vamos visitar. E realmente eles nos visitaram nos dez anos em volta ao mundo.

BT: Me fale um pouco sobre a sua carreira literária:  Quando você escreveu o seu primeiro livro?

HS: Na realidade, as pessoas falam escritora, mas eu sou uma contadora de histórias. Eu conto as histórias que acontecem na minha vida. Comecei com o meu diário de bordo. Na primeira viagem, eu registrei o que a gente fez para preparar a viagem, fui escrevendo e depois durante a viagem, então tinha calhamaços de cadernos, eu os tenho até hoje, foi escrito à mão. Quando voltamos da primeira viagem, uma editora nos procurou e perguntou, se teríamos interesse em contar esta história. Aí meu marido disse: Está aqui! o livro saiu um ano depois, Os dez anos no mar.

Depois, saímos para uma segunda expedição de volta ao mundo, dessa vez, na rota do grande navegador Fernão de Magalhães. Nós já tínhamos adotado a nossa filha Kat, e ela dos 5 aos 8 anos também foi conosco. E foi o nosso segundo filho, o David, que fez um filme de longa-metragem: Pequeno segredo. Saímos para essa segunda volta e quando retornamos eu publiquei o livro.

Infelizmente em 2006, a Kat virou uma estrelinha, nós ficamos um pouco parados, em termos de viajar, continuamos morando em um barco, mas nós tínhamos uma casa, e quando nós começamos a pensar em fazer uma nova aventura, que era uma expedição ao redor do mundo, a Expedição Oriente, na rota nós tínhamos feito uma de Fernão de Magalhães e uma rota do grande navegador Chinês Zheng He. Havia um livro que dizia que há 20 anos um pesquisador escreveu um livro que os chineses já tinham descoberto a rota ao redor do mundo, antes dos europeus.

 A ideia era fascinante, conversamos com este escritor e fomos para uma nova expedição, chamada, Expedição Oriente. Essa nos levou para a Antartica, nos levou para a China, então foi uma expedição totalmente diferente que durou dois anos. Desta vez aí foi o meu filho, o Wilhelm, Vilfredo e eu. Nós fizemos esta expedição com oito tripulantes. Foi maravilhosa. E foi nessa expedição que surgiu a ideia da Voz dos Oceanos, porque nós começamos a nos deparar com muito lixo no mar, lixo plástico em ilhas desertas desabitadas, e aí nós paramos para pensar. Os oceanos têm nos dado uma vida maravilhosa. Qual é o legado que nós vamos dar para os nossos netos? O que nós podemos devolver para os oceanos? E foi nesse momento aí, que nós decidimos, sentados com várias pessoas e pesquisadores, nós criamos A voz dos oceanos. Então, A voz dos oceanos, é à nossa maneira de dizer: muito obrigado oceanos!

BT: Gostaria de entender melhor sobre o processo desta expedição Voz dos Oceanos:

A expedição começou em 29 de agosto de 2021, então nós já estamos navegando. Fizemos a costa do Brasil todo, do rio Amazonas até o Pará, em Santarém e de lá saímos, fizemos o Caribe, Bahamas, e depois os EUA. Quando acabar a temporada dos furacões nós vamos para as Bermudas, Caribe de novo, México, canal do Panamá, visitaremos as ilhas do pacífico, onde existe a grande ilha de plástico. É uma ilha de plástico do tamanho da França, gigante, e que foi descoberta há muitos anos, estão tentando limpar e ainda não conseguiram.

BT: Existe uma data prevista para finalizar esta expedição?

HS: Sim, 2028!

Essa de dois anos termina agora em dezembro de 2023. Depois começa, subsequentemente, a cada dois anos uma nova expedição. Nós precisamos dar um tempo para fazermos a manutenção do barco. É uma aventura muito grande.

BT: Qual é a estratégia de comunicação que vocês adotam para convidar as pessoas para aderirem ao projeto?

HS: Hoje, é através das mídias sociais. Nós temos Instagram Facebook, Tik Tok, Twitter LinkedIn, através dessas mídias sociais e entrevistas, como esta que você está fazendo. Nós somos contadores de histórias, e divulgamos através de filmes e livros.

BT: Como podemos contribuir?

HS:  Seguir A voz dos oceanos. Colocar nas redes sociais. Seja você também A voz dos Oceanos!

BT: E sobre o livro que você está lançando, nos fale um pouco?

HS: Esse livro é a minha primeira aventura infantojuvenil. Ele tem muitas ilustrações que são de fotografias, que foram tratadas. O livro se chama: As aventuras de Formiga e Capitão, que é o meu apelido Formiga, porque o meu filho mais velho me via correndo pra lá e pra cá, e ele assistiu o desenho animado da Formiga Atômica, então ele me disse, nossa mamãe, você parece uma formiga, só falta as anteninhas. Por isso eu virei Formiga para toda a família e amigos, é como as pessoas me conhecem.

O livro conta as aventuras que eu e Vilfredo fizemos na última expedição, a Expedição Oriente. Ele tem lendas e várias histórias bem interessantes. Nereide (a escritora Nereide Santa Rosa) e eu somos parceiras do crime, porque nós duas nos juntamos durante a pandemia para escrever o livro, e acabou que fizemos o primeiro lançamento online, por causa do distanciamento social. Hoje estou muito feliz por fazer esta tarde de autógrafos aqui em Nova Iorque.

A ambientalista está em sua quarta volta ao mundo na expedição Voz dos Oceanos_

BT: O que representa para você esta premiação aqui no Focus Brasil?

HS: Focus Brasil mora no meu coração, porque a Focus Brasil vem dando um apoio e muita visibilidade para os escritores brasileiros. Me sinto muito honrada de saber que eu estou aqui representando e recebendo este prêmio hoje.

BT: Qual é a mensagem que você deixa aos seus leitores?

HS: Ler é viajar, então leiam livros, não importa, de qualquer forma você está em um outro mundo, você está viajando, você está conhecendo, você está participando da vida daquele escritor, daquilo que ele quis dizer para você. Ler é um tempo muito especial, em que você está sozinho ali, e ninguém está te incomodando, mas que você está ali naquele mundo daquele escritor, do que o autor pode falar para você. Leiam!

Contatos

Instagram: @vozdosoceanos

Site: https://www.cleanseas.org/pt-br/initiatives/voz-dos-oceanos



Apoiem os Pequenos negócios. Mantenha a economia girando!

Acesse a rádio Brazilian Times: https://radiobraziliantimes.com/

ATLAS- Seu celular parcelado é aqui. Todas as marcas de Iphone e Samsung. À partir de $22,23 por mês. Ligue para Atlas Celular. Parcelamos seu celular em até 36 vezes sem juros. Ligue: (781) 730-2915.

USEND- O melhor dólar para fazer envios ao Brasil tá no app Usend! Aproveite taxa zero com o cupom BrazilianTimes e envie agora mesmo! www.usend.com

Beneficial Financial- você e a sua família sempre em boas mãos. Somos a empresa mais confiável no mercado de seguros com milhares de clientes satisfeitos em todo o mundo. Seguros de saúde à partir de $90 por mês. Ligue para Luiz Silva: (561) 302-2947.

 

Fonte: Eliana Marcolino

Top News