Publicado em 31/10/2022 as 7:00pm
Imigrantes vítimas do trabalho escravo podem obter Vistos T, afirmam especialistas
Visto é para vítimas de trabalho escravo Em 2018, a polícia chegou a uma casa em Saugus,...
Em 2018, a polícia chegou a uma casa em Saugus, Massachusetts, para resgatar Anabelle Masalon, uma imigrante que trabalhava como governanta e era “prisioneira de uma família dos Emirados Árabes Unidos” que a empregava.
Ela foi forçada a trabalhar 21 horas por dia, ganhando não mais de US$ 400 por mês, e não podia sair de casa sozinha.
Depois que a polícia agiu, a imigrante ficou livre, mas não tinha telefone, dinheiro. Apenas algumas roupas embaladas às pressas. Ela estava traumatizada e dependia de conhecidos para moradia.
Masalon foi informada de que ela poderia solicitar uma forma de alívio de imigração chamada T-visa. O visto é uma tábua de salvação para aqueles que sofreram tráfico sexual ou de trabalho nos Estados Unidos, permitindo-lhes um caminho para a residência legal. Mas, ao contrário dos pedidos de asilo e outros tipos de vistos, a maioria dos solicitantes de visto T não pode trabalhar legalmente até que seu visto seja aprovado. E o processo pode levar mais de um ano.
“É muito difícil porque não podemos trabalhar. Como posso comer?”, indagou ela.
Muitos sobreviventes como Masalon escapam de uma situação de tráfico com pouco mais do que “uma camisa nas costas”.
O GBH News Center for Investigative Reporting conversou com quase uma dúzia de pessoas em Massachusetts que dizem ter sido vítimas de trabalho forçado. Uma série em andamento da GBH sobre tráfico de mão de obra descobriu que essas vítimas são muitas vezes esquecidas e seus agressores ficam impunes.
Vítimas de tráfico de mão de obra – ainda mais do que vítimas de tráfico sexual – carecem de serviços governamentais suficientes, de acordo com um relatório federal recente sobre tráfico de seres humanos.
E os defensores da imigração dizem que os pedidos de visto T podem demorar muito para serem processados, e muitos são negados, além de haver uma falta de conhecimento sobre quem pode se qualificar para eles. Embora o governo federal permita a emissão de até 5.000 vistos T por ano, apenas uma fração desse número é emitida – uma média de pouco mais de 600 por ano entre 2008 e 2022, de acordo com dados federais.
Julie Dahlstrom, diretora do Programa de Direitos dos Imigrantes e Tráfico Humano da Faculdade de Direito da Universidade de Boston, disse que apesar do compromisso em nível federal de apoiar o programa de visto T, há muitos obstáculos para fazê-lo funcionar.
“Não está funcionando bem e não está protegendo aqueles que são mais vulneráveis”, disse. “É incrivelmente importante para nós olharmos para este programa, ver as falhas e como podemos fazer este trabalho melhor”.
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