Publicado em 5/12/2022 as 4:00pm
Brasileiras e outras imigrantes relatam abusos dos direitos humanos, negligência médica e agressão sexual em centro de detenção na Pensilvânia
Depois que o governo Biden assinou um novo contrato em setembro com o operador do centro de detenção, Berks County, a instalação foi reaberta em janeiro de 2022.
Em setembro de 2021, o governo Biden assinou um novo contrato para reabrir o centro do Condado de Berks (Centro de Detenção de Berks ou Berks) em Reading, Pensilvânia, a fim de deter requerentes de asilo e outras mulheres adultas imigrantes. Apenas alguns meses antes, o Departamento de Segurança Interna (DHS, sigla em inglês) e Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês), em uma ação, parado de usar o Centro de Detenção de Berks para encarcerar crianças imigrantes menores com seus pais.
Depois que o governo Biden assinou um novo contrato em setembro com o operador do centro de detenção, Berks County, a instalação foi reaberta em janeiro de 2022. Organizações de direitos humanos e de imigrantes e membros da delegação do Congresso da Pensilvânia se opuseram fortemente à mudança para reabrir o local, principalmente devido a longa história do centro de detenção relacionada a abusos dos direitos humanos, negligência médica e agressão sexual.
Desde janeiro, o governo dos EUA transferiu centenas de mulheres que buscaram refúgio nos Estados Unidos para Berks. Em agosto de 2022, o governo transferiu aproximadamente 100 mulheres que estavam sob custódia na fronteira para o centro de detenção e, posteriormente, transferiu outras 160 mulheres para o mesmo local, no outono de 2022.
Relatórios recentes indicam que o DHS rescindirá seu contrato com o condado de Berks em 31 de janeiro de 2023, uma etapa crítica que encerraria o encarceramento cruel e desnecessário de requerentes de asilo e imigrantes. A decisão vem depois de anos de defesa incansável e esforços das organizações comunitárias para apoiar as famílias e mulheres na instalação que corajosamente revelaram os abusos que sofreram.
Pesquisadores da Human Rights First e Physicians for Human Rights (PHR) realizaram uma visita de monitoramento de direitos humanos ao centro em setembro de 2022 e conversaram com mulheres encarceradas na instalação, incluindo adolescentes separadas dos pais na fronteira, mães separadas de filhos adultos e mulheres separadas de cônjuges e outros membros da família.
As mulheres entrevistadas foram notificadas sobre essas visitas com antecedência e tiveram a oportunidade de se voluntariar para falar com a Human Rights First e a PHR. As entrevistas foram realizadas em inglês, espanhol, português e russo e duraram aproximadamente de 30 minutos a uma hora.
Foram entrevistadas 27 mulheres, algumas pessoalmente no Centro de Detenção de Berks e outras posteriormente por telefone. Pseudônimos foram usados para proteger suas identidades. Suas histórias refletem o tratamento cruel do DHS a essas mulheres e ressaltam a decisão desumana do governo Biden de encarcerar requerentes de asilo que solicitam proteção nos Estados Unidos, tendo autoridade legal para libertá-los enquanto aguardam seis processos.
Entre os encarcerados na época da visita estavam mulheres – algumas com apenas 18 anos – do Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Eritréia, Nicarágua, Peru, Rússia, Turquia e outros países. Em seus países de origem, algumas das mulheres sofreram perseguição política por parte de funcionários do governo, violência de gênero, ataques anti-LGBTQ e ataques religiosos. Muitas delas enfrentaram viagens perigosas para escapar da perseguição e exercer seu direito legal de buscar asilo.
Algumas das mulheres entrevistadas estavam detidas há mais de quatro meses no momento da visita, apesar da promessa de campanha do presidente Biden de acabar com a detenção prolongada.
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