Ativistas pedem investigação sobre crise de saúde mental causada a imigrantes em prisão que brasileiro cometeu suicídio

Ativistas de imigração e prestadores de serviços jurídicos estão pedindo uma investigação urgente sobre a “crise aguda e contínua de saúde mental e médica” que os imigrantes detidos em uma instalação privada no Novo México enfrentam. Os advogados dizem em sua carta endereçada ao ICE Health Service Corps que uma revisão dos registros médicos revela falhas “sérias” no Centro de Detenção do Condado de Torrance, operada pela CoreCivic.

Entre os problemas apontados tem pessoas detidas que temem revelar ideias suicidas à equipe médica por medo de serem jogadas em confinamento solitário, que é tortura.

“Quando parece haver alguma discussão sobre questões de saúde mental, isso não está sendo levado a sério. Os profissionais de saúde do cento de detenção exortaram os detentos a ‘pensar positivamente’ em vez de oferecer-lhes atendimento médico adequado”, diz a carta.

A carta destaca, anda, que “a atual crise médica e de saúde mental no centro não deve ser uma surpresa para o ICE, dado o histórico da instalação”.

A carta destacou, ainda, que uma inspeção feita em outubro de 2022 constatou que o pessoal falhou “em documentar o monitoramento necessário de indivíduos sob vigilância de suicídio”.

“Pouco antes disso, em setembro de 2022, o Gabinete do Inspetor-Geral do Departamento de Segurança Interna (DHS, sigla em inglês) divulgou descobertas sobre o centro, incluindo: a escassez de pessoal médico que afetou o nível de atendimento que os requerentes de asilo receberam sobre vigilância de suicídio; o pessoal de saúde não estava familiarizado com as diretrizes básicas para os padrões de atendimento; e a instalação falsificava rotineiramente registros médicos sobre a administração de medicamentos”.

Em março, o órgão de vigilância do DHS pediu a “remoção imediata” das pessoas detidas em Torrance, citando “condições flagrantes”. A resposta do ICE foi, em vez disso, acusar os investigadores de falsificar evidências.

Em agosto, um brasileiro morreu após uma tentativa de suicídio. De acordo com os registros, Kesley Vial tinha apenas 23 anos e enfrentava problemas emocionais. Os advogados disseram na época que os companheiros de cela que o encontraram ficaram “profundamente traumatizados com sua morte, mas o ICE se recusa a libertá-los para que possam buscar os cuidados de saúde mental de que precisam”.

Após sua morte, e em resposta à piora das condições e cuidados de saúde mental inescrupulosamente inadequados, as pessoas detidas em Torrance fizeram uma greve de fome.

As organizações American Civil Liberties Union of New Mexico, Innovation Law Lab, New Mexico Immigrant Law Center, Las Americas Immigrant Centro de Advocacia, Justice For Our Neighbours, El Paso e Santa Fe Dreamers Project assinaram a carta que afirmou que apenas 11 pessoas estão atualmente detidas em Torrance.

O ICE se absteve de transferir mais imigrantes para lá após a morte do brasileiro. Mas, apesar da pouca quantidade de pessoas detidas, a agência de imigração continua a pagar por mais de 500 leitos vazios.

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Fonte: DA REDAÇÃO