Publicado em 23/12/2022 as 5:00pm
Filho de brasileiros, eleito para Congresso dos EUA, é réu pelo crime de estelionato no Rio de Janeiro
George Anthony Devolder Santos foi eleito para Deputado dos Estados pelo 3º Distrito de New York nas eleições de novembro se tornou alvo de uma investigação do New York Times CNN.
George Anthony Devolder Santos foi eleito para Deputado dos Estados pelo 3º Distrito de New York nas eleições de novembro se tornou alvo de uma investigação do New York Times CNN. De acordo com os dois canais de comunicação, o republicano mentiu sobre o seu currículo. Pouco depois que a mídia tornou pública a denúncia, ele se defende e disse estar sendo vítima e pessoas que não ficaram satisfeitas com a derrota dos democratas.
O problema é que a vida do filho de brasileiros começou a ser mais investigada mais a fundo após esta denúncia. Também foi descoberto que ele é réu em um processo no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por crime de estelionato. De acordo com o registro de ocorrência, no dia 7 de julho de 2008, um vendedor de uma loja de roupas e calçados relatou que na manhã de 17 de junho do mesmo ano fez uma venda no valor de R$ 2.144. O cliente se identificou como Délio da Câmara da Costa Alemão e pagou com dois cheques, escrevendo diversos telefones nos versos das folhas.
Após a compra, desconfiado, o vendedor tentou ligar para os números a fim de checar a procedência e a veracidade das informações. Mas não conseguiu contato e foi pessoalmente ao endereço que do nome dado pelo comprador, mas também não localizou ninguém chamado Délio.
Dias depois, outro homem esteve na loja para trocar um tênis que dizia ter recebido de um amigo como presente. O vendedor reconheceu o produto como um dos itens que vendeu ao cliente que se apresentara como Délio. Após ir embora, o funcionário resolveu segui-lo, até que viu o rapaz entrando em outra loja de roupas e descobriu que ele trabalhava no local. Por meio de pesquisas no Orkut, o vendedor conseguiu localizar seu perfil e ainda descobrir, entre os amigos dele na rede social, que o responsável pela compra era chamado de Anthony Devolder.
Após a descoberta, o vendedor foi à delegacia e apresentou imagens e os cheques e reconheceu “George Anthony Devolder Santos como autor do estelionato em apuração”. Intimada a depor, Fátima Alzira Caruso Horta Devolver, mãe do deputado eleito, confirmou que o talão de cheque havia sido furtado de sua bolsa pelo filho, que tinha 19 anos à época. A mulher disse que Délio tinha falecido havia pouco mais de um ano e lhe entregara o documento para que fosse devolvido ao banco.
George Santos assumiu o furto dos cheques, a falsificação das assinaturas e as compras realizadas. Ele negou que o amigo presenteado ou a mãe soubesse dos crimes e afirmou que quando contou para ela sobre o ocorrido, Fátima “entrou em desespero e solicitou a devolução do restante dos talões de cheques”.
Em 18 de fevereiro de 2010, George foi indiciado por estelionato e sua prisão preventiva foi solicitada. Em 30 de junho de 2011, a promotora Martha Pires da Rocha Hisse ofereceu denúncia contra o rapaz e em 13 de setembro do mesmo ano, a juíza Renata de Lima Machado Amaral, da 2ª Vara Criminal de Niterói, “diante dos suficientes indícios de autoria e materialidade”, recebeu a denúncia e deu início ao processo criminal.
Mas como o réu nunca foi encontrado para ser citado, em 12 de dezembro de 2013, o juiz Ricardo Alberto Pereira, da mesma vara, acolhendo pedido do Ministério Público, determinou a chamada suspensão do processo. Essa medida, prevista no artigo 366 do Código de Processo Penal, estabelece que a ação somente tenha continuidade quando o acusado for encontrado ou vier a constituir advogado para representá-lo no processo.
Em seu site de campanha, George Santos se apresenta como “um americano de primeira geração nascido em Queens, NY”. Ele conta que os avós fugiram da perseguição aos judeus na Ucrânia, se estabeleceram na Bélgica, e escapando da Segunda Guerra Mundial, mudaram para o Brasil. Enquanto sua mãe nasceu em Niterói, seu pai é de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O casal foi legalmente para os Estados Unidos, “em busca do sonho americano, onde começaram suas novas vidas com base na vida, na liberdade e na busca da felicidade”.
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