Chegou o Classificado do Brazilian Times. Divulgue ou busque produtos e serviços agora mesmo!

Acessar os Classificados

Publicado em 29/03/2023 as 9:00am

Perguntamos a 8 educadores infantis sobre suas felicidades e frustrações. Aqui está o que eles disseram:

A WBUR conversou com oito atuais e ex-educadores infantis a respeito das alegrias e desafios de se trabalhar neste setor, e o porquê de alguns terem largado a profissão


Escassez de mão de obra e alta rotatividade têm sido desafios enfrentados pela educação infantil em creches e pré-escolares há anos. Mas a pandemia levou essas questões de mal a pior. Segundo dados recentes analisados pela Universidade da Califórnia, Berkely, a quantidade atual de trabalhadores na educação infatil em Massuchussetts é aproximadamente 12% menor do que antes da pandemia
Com menos trabalhadores disponíveis, creches e pré-escolas em funcionamento também não conseguem abarcar toda a demanda. De acordo com um levantamento realizado em maio pelo Departamento de Educação Primária e Cuidado Infantil de Massachusetts, o estado opera com cerca de 92% da capacidade disposta pré-pandemia – totalizando 640 educadores a menos.
A WBUR conversou com oito atuais e ex-educadores infantis a respeito das alegrias e desafios de se trabalhar neste setor, e o porquê de alguns terem largado a profissão. E aqui está o que eles têm a dizer:
Conversamos com os seguintes educadores infantis:

Bernadette Davidson

Ao longo de uma carreira de 50 anos no centro infantil Boston Chinatown Neighborhood, Bernadette Davidson vivenciou de tudo. Como diretora, já supervisionou uma reestruturação da pré-escola e várias outras introduções a diferentes programas de aprendizagem. Mas assume que, durante os últimos anos, permanecer empregada tem sido seu maior desafio.

“Depois da pandemia, fomos atingidos por uma falta ainda maior de educadores”, diz Davidson. “Hoje é a situação é três vezes pior do que antes da Covid-19.” É possível ver os impactos da escassez de trabalhadores por toda a creche que Bernadette dirige. Há pelo menos um professor substituto de meio-período em cada sala. Mas uma das salas, capaz de comportar até 20 crianças pequenas, se econtra atualmente vazia. Davidson comenta que a decisão de fechar essa turma foi difícil, mas igualmente necessária; ela já havia perdido cinco professores de tempo-integral ao longo do ano.

“Depois da pandemia, fomos atingidos por uma falta ainda maior de educadores. Hoje a situação é três vezes pior do que antes da Covid-19.”
“Em alguns casos, professores têm se transferido para centros nos subúrbios que pagam um ou dois dólares”, diz Davidson. “E alguns outros casos, eles simplesmente deixam a profissão. Estão fazendo qualquer outra coisa, já não conseguiam se sustentar.”

Kyia Savannah

Kyia Savannah e sua filha de 2 anos acordam às 5h30 todas as manhãs. Tomam café e se vestem. Em seguida, elas têm uma viagem de 45minutos de carro entre Brockton e Boston para chegar à creche Ellis Early Learning, onde Savannah ensina crianças de 4 a 5 anos; sua filha também frequenta esta mesma instuição.

Savannah trabalha na Ellis Early Learning há sete anos – e ama sua profissão. Mas permanecer na carreira tem sido cada vez mais difícil desde o nascimento de sua filha. O tempo de viagem e as horas de trabalho viraram grandes desafios, mas o maior problema é o próprio salário.
“Sou mãe solteira”, explica Savannah. “Só tenho uma fonte de renda e você ainda espera que eu pague 300 dólares por semana [em taxas da creche], sendo que faço menos de $40,000 dólares por ano? Como? Como isso seria possível?”

Savannah tentou refazer as contas, mas no final a matemática não fechou. Nesta circustância, optou então por reduzir sua carga horária de trabalho, podendo se qualificar à assitência financeira do estado. Embora essa escolha tenha permitido manter sua filha na creche, Savannah ainda luta financeiramente.

“Mesmo que eu não precise desse dinheiro para me sentir mais valorizada, ainda assim ajudaria muito minha vida pessoal”, ela diz, acrescentando que seu orçamento atual não permite que ela guarde dinheiro na poupança mensalmente ou mesmo custeie atividades extracurriculares para sua filha.

“É isso que eu gostaria de fazer? Não. Eu amo ensinar essa faixa-etária.” Savannah pretende continuar na Ellis Early Learning por enquanto; conseguiu montar uma boa rotina e preza pela qualidade de ensino do programa para sua filha. Mas é provável que este arranjo seja apenas temporário. Quando sua filha, agora com 2 anos, entrar no Jarim de Infância ao completar 5 anos, Savannah planeja sair de uma só vez tanto da creche quanto da área de educação infantil como um todo.

“É isso que eu gostaria de fazer? Não. Eu amo ensinar essa faixa-etária”, diz Savannah. “Mas minha filha está crescendo e as coisas estão ficando mais caras… A situação deve complicar para mim, então infelizmente preciso tomar esta escolha.”

Vanessa Pashkoff

Deixar a educação infantil em 2021 foi uma decisão angustiante para Vanessa Pashkoff, moradora do Oeste de Massachusetts.
“Há um sentimento gigante de culpa dianto disso”, diz Pashkoff. “Eu amo o que eu faço. Eu amo cuidar de crianças de outras pessoas e poder contribuir com a nossa comunidade”.

A decisão de se retirar da profissão veio das finanças. O custo com a creche para sua primeira filha fez com que Pashkoff e seu marido caíssem em endividamento. Quando descobriram que outro bebê estava a caminho, algo então precisava ser feito.

“Eu amo cuidar de crianças de outras pessoas e poder contribuir com a nossa comunidade”

“Não consigo bancar uma creche nem mesmo para minha própria filha com meu salário de educadora infantil”, ela diz.

É difícil para Pashkoff dizer essas palavras em voz alta. Seus 15 anos de carreira lhe trazem muitas memórias, e ela assegura que a vasta maioria são de bons momentos. Uma das recordações favoritas de Pashkoff vem ainda dos seus primeiros anos na profissão. Seu aluno fazia arte com alguns blocos de plástico; Pashkoff então pergunta o que ele estava montando – e a resposta foi inesquecível.

“Ele usava um cachecol longo, colocou a mão na cintura e fez pose. Então jogou o cachecol para de trás do pescoço e disse, ‘É a estátua da Lixodade[1], ué! A de Nova Iorque’,” lembrava Pashkoff. Ela diz que são esses momentos de confiança e confusão das crianças que ela mais ama.

“Não consigo bancar uma creche nem mesmo para minha própria filha com meu salário de educadora infantil.”

Ela também admite que o trabalho foi responsável por sérios desafios físicos, foram longas horas de pé sem garantia de pausa ao banheiro. Pashkoff afirma que precisar lidar com fezes de crianças, sangue e vômito era “mais do que comum”. Ela ainda se recorda claramente de uma ocasião em que uma aluna de 3 anos vomitou por cima da camisa que usava naquele dia, era enorme e abotoada.

“E todos os bolsos estavam cheios de vômito”, relembra a educadora. “Lembro de eu ficar como… bem, ‘Isso realmente está acontecendo!”, Mas, sabe de uma coisa, ele não parece incomodado com nada, então não vou interferir”. Pashkoff diz que é sempre suspeita para falar sobre a profissão – apesar de ter havido boas razões para sair, é uma carreira que ela de fato amava.

Kimberly Artez

Kimberly Artez, 61, perdeu seu emprego como diretora numa pré-escola que fechou durante a pandemia.
Artez passou os 18 meses seguintes procurando por empregos similares. Quando finalmente conseguiu uma oferta, foi para posição de professora-líder em salas de creche.

“Saí da mesa de escritório para uma sala de aula do tamanho de um armário”, diz a ex-diretora infantil. Artez conhece bem o ambiente de sala de aula. Lá dentro ela passou boa parte dos 25 anos de sua carreira em educação pré-escolar antes de ser promovida à diretora.

Ela aceitou a vaga de professora-líder depois de o seguro desemprego ter vencido, mas ainda se questiona se um dia voltará ao topo da carreira que atingiu com tanto esforço. Para Artez, o aspecto mais frustrante de se trabalhar com educação infantil é a falta de oportunidades de crescimento na área, sobretudo às mulheres negras.

Artez é ex-militar e soma quatro títulos superiores, incluindo dois mestrados – em educação e justiça criminal. Em 2006, recebeu seu certificado de Diretora [diretoria], que, por sua vez, exigia o cumprimento de créditos extras universitários. Ainda assim, foi necessário esperar mais uma outra década até que conseguisse chegar à posição de diretora. Foi um caminho longo.

“Se não dá mais para empacotar tudo isso e fazer com que algo aconteça, então preciso dizer a mim mesmo que talvez este ramo não seja para mim”, ela diz. De acordo com o Centro de Estudos de Empregos em Educação Infantil da UC Berkeley, educadores pré-escolares negros recebem nacionalmente por volta de 0.78dólares/hora a menos do que seus colegas brancos. E, mesmo que trabalhadores negros componham pelo menos 40% do corpo de educadores em creches e pré-escolas, é menos provável que atinjam cargos mais bem remunerados – como o de diretores.

Mesmo como diretora, o salário mais alto que Artez já conseguiu foi de $38,000 dólares anuais. “Você recebe alguns momentos quentes de carinho. Mas não acho que haja carinho suficiente para superar esses desafios.”

Artez segue profundamente apaixonada pela educação infantil, seu sonho é poder continuar dentro do setor e trabalhar para resolver estes problemas através de políticas [sociais]. Ela deseja fazer da pré-escola algo melhor para professores e funcionários. Artez acredita que a incapicadade de manter a mão-de-obra vai além dos baixos salários, e solucionar estas questões involverá ajudar pessoas a progredir em suas carreiras.

Apesar das circunstâncias, houve para Artez alguns momentos gratificantes – pais costumam elogiar e apreciar seu trabalho.
“Você recebe alguns momentos quentes de carinho”, diz Artez. “Mas não acho que haja carinho suficiente para superar esses desafios.”

Llanet Montoya

Já se foram quase 19 anos desde que a colombiana Llanet Montoya abriu uma creche no primeiro andar de sua casa em Worcester.
Montoya é uma das quase 5,000 pessoas em Massachusetts que detêm licença para educação infantil domiciliar, o que lhes dá liberdade para trabalhar com até 10 crianças dentro de sua própria casa. Somados, educadores domiciliares representam em torno de 17% dos empregados em educação infantil de Massachusetts.

Montoya é fascinada pela profissão. Cuidar de crianças com necessidades especiais é um de seus focos de atuação, e ela se encanta em poder ajudá-las a atingir metas.

“É algo que eu amo fazer”, diz Montaya. “Sou muito apaixonada por trabalhar com a comunidade.” Entretanto, a pandemia introduziu algumas novas circunstâncias desafiadoras.

Montoya manteve sua creche aberta durante os primeiros momentos da pandemia como um ambiente de emergência para filhos de trabalhadores essenciais. Ela comenta que estava feliz por poder ajudar, mas o avanço dos protocolos de saúde começou a afetar a estrutura da casa. Recentemente, a educadora precisou trocar o piso da cozinha, então danificado pelos produtos químicos utilizados diariamente para desinfecção.

Inflação tem sobrecarregado seu orçamento nos últimos tempos, e Montoya estima que o preço gasto com comida tenha dobrado desde o último ano. Custos com energia também subiram. Para manter seu negócio funcionando e continuar pagando seus assistentes licenciados com quem trabalha, Montoya cortou seu próprio salário.

“Não tenho plano de saúde. Não tenho férias remuneradas. Só tenho direito a cinco dias de licença por ano.”

“Graças a Deus tenho o salário do meu marido”, diz Montoya. Parte da renda da família também se sustentou através de cursos de capacitação que a educadora leciona a organizações como o Sindicato de Trabalhadores Internacionais (SEIU) em Massachusetts e Rhode Island.
Um programa de subsídios do governo estatal criado para trabalhadores do setor pré-escolar durante a pandemia também permitiu com que o seu negócio se mantivesse aberto.

Montoya pretende continuar na carreira de educação enquanto conseguir manter sua creche funcionando. É sua paixão. Mesmo assim, ela espera que novas políticas estatais possam fazer o sistema funcionar melhor, voltando a ter um salário e benefícios básicos – tal como oferecidos à maioria das demais profissões de período integral.

“Não tenho plano de saúde”, diz ela. “Não tenho férias remuneradas. Só tenho direito a cinco dias de licença por ano.”

Montoya se sente encorajada por toda a atenção que a educação pré-escolar está recebendo dentro da política. Novos programas de auxílios estatais e federais criados durante a pandemia vêm se mostrando de grande assistência, mas ela ainda sente que o governo poderia fazer mais.

Anna Rogers

Muitos educadores infantis têm um nicho de talento dentro da profissão. Para Anna Rogers, era ajudar crianças a desenvolverem habilidades básicas. Ela adorava assistir àqueles momentos ‘ahá!’ de descobrimento que abriam portas a atividades mais complexas.

“Eu sei que bebês levam de 3 a 4 meses para conseguir sentar, mas quando eles finalmente o fazem, é a melhor sensação do mundo”, diz Rogers. “Eles desenvolvem uma nova noção de independência só por se sentarem sozinhos”.

Rogers não trabalha com educação infantil mais. Ela deixou uma carreira de 10 anos para trás em Fevereiro para assumir uma vaga na Escola Pública do distrito de Westwood.

A carga horária pesou enormemente em sua decisão de sair. Sua filha comecerá o Jardim de Infância em breve, e o horário da nova escola não encaixava com a agenda da creche onde Rogers trabalhava. Baixa remuneração foi um fator igualmente importante.

“Você não consegue trabalhar em creches e ainda bancar uma casa própria”, explica Rogers. “Você mal consegue, mesmo com muita sorte, ter um apartamento só para você. É impossível se manter neste setor sem qualquer outro sistema de suporte financeiro”.

“Precisamos aliviar o fardo em cima de ambos pais e educadores infantis.”

Rogers não culpa aos proprietários de creches ou diretores pela baixa remuneração. Ela sabe que eles também estão sob constante pressão de pais para manter os custos baratos.

“A única maneira que vejo isso funcionando seria se houvesse alguma oferta de subsídio,” diz Rogers. “Precisamos aliviar o fardo em cima de ambos pais e educadores infantis.”

Desde que ela começou a trabalhar com escolas públicas [de ensino médio], Rogers sente que recebe mais respeito de pais do que quando estava em setores de pré-escola.

Rogers não nega que ainda sente saudade das salas infantis. De alguma maneira, caso políticas públicas governamentais pudessem consertar o problema da baixa remuneração, ela voltaria em um piscar de olhos.

Kitt Cox

Kitt Cox, agora semi aposentado, começou sua carreira em educação pré-escolar no fim da décade de 1970 ao encontrar uma vaga no jornal que prometia “muita criatividade e baixa remuneração”

“Essa vaga é minha!”, Kiri Cox.
Cox começou na profissão como educador em creches e eventualmente se tornou diretor em centros infantis.

Ao longo das últimas quatro décadas, ele presenciou uma evolução memorável dentro do setor educacional infantil. Grandes pesquisas vêm mostrando a importância crucial dos primeiros cinco anos de vida ao desenvolvimento cerebral, e como esse crescimento afeta a vida adulta do indivíduo. Essas mesmas pesquisas hoje formam boa parte dos treinamentos e estudos de educação pré-escolar.

“Estamos muito, muito melhores. Mais inteligentes.”, ele comenta. “Hoje em dia, especialmente em Massachusetts, construímos um sistema [educacional] que exige que saibamos o mínimo tanto sobre as crianças quanto dos pais.”

Mesmo que Cox note que a profissão agora exija mais treinamento, muitos outros aspectos, como salário e qualidade de vida, permaneceram estagnados.

“Costumávamos caçoar que até arranjar uma namorada[2] era muito mais fácil do que trabalhar com educação”, brinca Cox.
“Costumávamos caçoar que até arranjar uma namorada era muito mais fácil do que trabalhar com educação.”

Apesar da exaustão física e mental diária vivida em creches, Cox se apega a muitas memórias marcantes. Recorda-se de um certo dia em que estava folheando enciclopédias com uma de suas alunas, uma garota ainda pequena; quando ela percebeu que todas as figuras eram quase exclusivamente de homens e garotos, a jovem enfureceu-se e gritou, “Quem escreve esse tipo de coisa?”

Homens contabilizam menos de 5% dos educadores pré-escolares, de acordo com a Agência Federal de Estatísticas do Trabalho. Para Cox, que por muitas vezes era o único homem na sala de aula, a profissão era usualmente solitária. Houve momentos em que os pais se recusaram a deixá-lo ensinar seus filhos. Do mesmo modo, alguns diretores simplesmente não contratavam homens. Em certas ocasiões, Cox comenta, era comum receber elogios falsos.

“Homens não são encorajados neste setor”, diz Cox. “Homens podem ser gentis. Homens podem ser brincalhões. Homens podem trocar fraldas. E precisamos ser outras coisas além professores de Educação Físicas ou diretores.”

Stacia Buckmann

Como proprietária de uma creche, Stacia Buckmann tem muitas responsabilidades e multi-tarefas. Ao longo do dia, ela pode ser vista tratando de arranhões e machucados de crianças, administrando pagamentos, ou mesmo fazendo o seu melhor para manter as redes sociais da creche atualizadas. Contudo, ultimamente ela tem se ocupado mais e mais preenchendo pedidos de subsídios.

Buckmann se tornou dona da creche Tiny Town Children's Center, Plymouth, em 2018 após o falecimento de seus avós, então proprietários.
Para ela, poder fazer deste negócio algo pessoal vem sendo uma “experiência mágica”; mas igualmente incerta – especialmente durante a pandemia.

Buckmann precisou fechar sua pré-escola em Março de 2020, quando o Governador Charlie Baker exigiu que a maioria dos estabelecimentos parassem temporariamente.

“Todos achávamos que não levaria mais do que duas semanas, e então voltaríamos ao normal sem mais problemas”, ela diz. “Mas acabaram sendo seis extramemnte longos meses.”

Buckmann solicitou auxílio-desemprego e outros programas do governo relacionados à pandemia, conseguindo então manter seu negócio vivo. Mas reabrir as portas no final daquele ano trouxe novos desafios. No começo, os protocolos anti Covid do Departamento de Educação Infantil e Pré-Escolar de Massachusetts foram rígidos: Nada de salas misturadas ou brinquedos compartilhados. Trocar fraldas passou a exigir toda uma gama de equipamentos de proteção, como máscaras e luvas.

“Eu trabalho até de madrugada, e muitas vezes organizando a papelada. Meu marido odeia tudo isso e me pede para deixar as obrigações no trabalho. Sempre digo que não posso, a carga é de 24/7.”

“Sinto que fizemos nosso melhor e tentamos ser muito cuidadosos”, diz Buckmann. “E no final nada importou, ainda assim precisamos fechar as salas de aula [por conta do Covid].”

Seu negócio também foi atingido pela falta de trabalhadores da área, além da rotativada de mão-de-obra acima do normal. Toda esta incosistência afetou seus alunos, muitos dos quais voltaram com traumas significativos.

“Tenho percebido que as crianças estão com atrasos na fala e com comportamentos [mais] difíceis”, diz Buckmann. “Foi um período traumático para todo mundo, e você nunca sabe o que realmente acontece de trás das portas quando essas crianças estão em casa.”

Por enquanto, Buckmann ainda se sente com muita sorte. Ela vem se sustentando com os auxílios estatais liberados durante a pandemia, mantendo também as finanças da creche estáveis. Buckmann acredita que o Estado venha a realizar novos e melhores programas deste tipo ao longo dos próximos anos, o que lhe permitiria um balanço mais equilibrado e saudável entre trabalho-vida.

“Eu trabalho até de madrugada, e muitas vezes organizando a papelada”, comenta Buckmann. “Meu marido odeia tudo isso e me pede para deixar as obrigações no trabalho. Sempre digo que não posso, a carga é de 24/7.”

----------
Max Larkin e Yasmin Amer, ambos da WBUR, contribuíram para esta matéria. [Text Wrapping Break] Este artigo foi ao ar em 13 de Junho de 2022.
[1] Tradução adaptada; expressão cultural. Original: ‘Statue of Litter Bee’
[2] Tradução adaptada; expressão cultural. Original:‘Would you like fries with that?
[Text Wrapping Break]Traduzido do inglês por Pedro Lino

Fonte: Por Carrie Jung / WBUR

Top News