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Publicado em 22/07/2023 as 10:00pm

Entrevista com Cláudia Tamsky, presidente do Núcleo do PT em Boston (MA)

DA REDAÇÃO    Cláudia Tamsky foi eleita coordenadora do Núcleo do Partido dos...

DA REDAÇÃO   

Cláudia Tamsky foi eleita coordenadora do Núcleo do Partido dos Trabalhadores de Boston, em assembleia realizada em maio de 2023, depois de quatro anos fora da coordenação ela volta a assumir o cargo. Natural de Manaus do Amazonas. Formada em Sociologia pela Universidade Federal do Amazonas. Vive nos Estados Unidos há 22 anos. Trabalha na área educacional em Uxbridge, MA. Cláudia concedeu entrevista exclusiva ao jornal Brazilian Times, fala sobre a estruturação do Núcleo do PT em Boston, relata acerca dos desafios e conquistas do maior partido político de esquerda da América Latina.

 

BRAZILIAN TIMES - BT: Quando surgiu o núcleo do PT em Massachusetts?

CLÁUDIA TANSKY- CT: O grupo de petistas começou a se reunir como um grupo político nos anos 90, e ao longo dos anos foi se organizando. Quando o presidente Lula ganhou as eleições em 2003 a gente começou a se organizar oficialmente com uma equipe estruturada com funções dentro do grupo.  O grupo passou a atuar muito mais dentro da comunidade, a lutar pelos direitos dos trabalhadores imigrantes. Somos imigrantes, por isso essa é a nossa bandeira.

 

BT: Fale um pouco sobre a trajetória do grupo:

CT:  Como todo partido político, como até mesmo em um casamento, em um relacionamento têm altos e baixos. No início, éramos apenas um grupo de conversas relacionadas ao partido, filiados ao partido lá no Brasil e que se encontraram aqui, e quando o PT chegou ao governo, o nosso grupo se fortaleceu. O PT é um dos maiores partidos de esquerda da América Latina. A gente começou a se organizar, diria que o partido esteve no auge durante os 12 anos de governo do PT. A gente tinha acesso às pastas para levar as nossas reivindicações dos imigrantes e dos trabalhadores.

Depois do golpe que tirou a presidenta Dilma. Durante todo aquele bombardeio que foi feito com relação à ‘Lava Jato’, de muitas calúnias, foi um período muito difícil e o partido ficou abalado. Somente hoje é que foi comprovado toda armação e toda artimanha golpista que foi feita para difamar e tentar acabar com o PT. A gente realmente teve períodos altos, mas quando começou a questão da ‘Lava Jato’ e do impeachment da presidenta Dilma, foi um período muito difícil e nós realmente caímos bastante porque a perseguição era muito grande e com a ascensão radical do fascismo no Brasil.

Já com a eleição do Bolsonaro em 2018, acredito que foi um momento forte para o partido se reerguer. As aberrações eram tão grandes que nós não poderíamos ficar calados, então fomos para rua. Com a prisão do presidente Lula arquitetada pelo então juiz  Sérgio Moro, o grupo foi para as ruas, para as trincheiras, defender a honestidade do presidente Lula  e o nome do Partido dos Trabalhadores e tentar mostrar a farsa que era aquela armação daquele juiz para prejudicar um partido e uma pessoa que possivelmente iria ganhar as eleições em 2018 mas que foi impedido, foi um período de reerguimento  porque nós fomos dar a nossa cara para bater mesmo, para enfrentar o fascismo.

Acredito que de uma forma em geral o partido teve uma alta durante esse período, porque deu para ver, deu para separar o joio do trigo. Quem estava do lado do povo, quem estava trabalhando para o povo, defendendo o povo e quem estava do lado das oligarquias, do empresariado, dos milionários, das milícias, isso foi um divisor de águas e eu acho que nós crescemos. Tanto que, com a união do PT com todos os outros partidos de esquerda, partidos progressistas e direita moderada, elegemos novamente o presidente Lula para um terceiro mandato. Estamos aí agora reforçando a nossa luta, a nossa batalha com relação aos direitos dos imigrantes, principalmente dos indocumentados aqui nos Estados Unidos que a gente sabe o quão difícil é a vida do indocumentado aqui. Essa é a nossa bandeira de luta em terras estrangeiras.

 

BT: Então você afirma que o partido se fortaleceu durante o governo Bolsonaro?

CT: Sim! A questão do COVID-19 foi um separador de águas, as pessoas puderam perceber quem eram aquelas pessoas que estavam no poder. Deu para comparar o que Bolsonaro fazia e o que Lula fazia em tempos de crises, em situação de catástrofes e desastres. Deu para realmente perceber quem eram os justos e quem eram os injustos. Nós realmente nos fortalecemos nesse período!

 

BT: Como é composto o Núcleo do PT de Boston?

CT:  Existem pessoas de outros Estados além de Massachusetts, Nova York, Texas e de locais nos Estados Unidos onde ainda não existem grupos formados. Hoje oficializado nos Estados Unidos também tem o Núcleo do PT da Flórida. O núcleo do PT de Boston foi o primeiro a ser fundado, por isso todas as pessoas que não estão na Flórida congregam com o Núcleo de Boston. Nos últimos dois anos Boston está acolhendo um grupo expressivo de petistas do Canadá. Então o núcleo do PT de Boston além de agregar os grupos que estão dentro dos Estados Unidos, congrega também os do Canadá. A secretária geral do Núcleo de Boston, Julia Salles, mora no Canadá.

BT: Como as pessoas podem participar desse movimento aqui nos Estados Unidos?

CT: É possível participar de duas formas:  a pessoa pode se filiar, é só entrar no site do PT e se filiar, aí você pode participar do núcleo aqui, mas se você quiser participar somente como simpatizante, é só mandar uma mensagem para o nosso email, que a gente te coloca em um grupo do WhatsApp chamado Comitê Popular de Luta. Esse grupo foi criado durante a última campanha presidencial para agregar simpatizantes da campanha do presidente Lula e do PT.

 

BT: Tem a previsão de um encontro de vocês com o presidente Lula?

CT: Sabemos que ele poderá vir para a abertura dos trabalhos da ONU, em setembro, tradicionalmente é o Brasil que abre as sessões de trabalho das Nações Unidas. Acredito que ele deva comparecer. Se for confirmada a vinda dele, nós com certeza pediremos uma agenda para nos assentarmos e bater um papo com ele.

 

BT: Quais foram as conquistas do Núcleo do PT de Boston?

CT:  Nos primeiros seis anos do governo Lula, a nossa comunidade teve um atendimento VIP do governo brasileiro através dos consulados. Nós nunca tivemos tanta atenção e tantos serviços oferecidos à comunidade brasileira. Nunca na história da nossa comunidade a gente viu e teve tantos serviços oferecidos à comunidade. O consulado deixou de ser apenas uma instância burocrática e passou a ser a casa do povo brasileiro e com isso vários serviços do Brasil vindos para cá também, tivemos várias feiras, vários encontros e conferências do Ministério do Trabalho, do SEBRAE, do Ministério da Justiça, de serviços contra a violência contra a mulher, psicólogos, advogados. Todos esses serviços sendo oferecidos através da estrutura consular.

Depois com o impeachment da presidenta Dilma e a entrada do governo golpista do Temer começou a sucatear tudo. Depois veio o governo Bolsonaro e acabou tudo de vez, foi um período que não obtivemos absolutamente nada de ganho, não para o partido, mas para a comunidade. Desde que houve o impeachment até a saída do Bolsonaro, todo mundo perdeu.

Um outro ganho que posso citar é que nós, durante a campanha presidencial, fomos para as ruas e pudemos conversar com as pessoas e ver a receptividade delas, até mesmo para quem não apoiava o PT. Sair para as ruas em um período extremamente violento, caótico, onde as pessoas não aceitam diferenças de opinião, eu acho que foi um ganho muito grande, porque elas puderam ver também que nós temos o que dialogar, o que debater. Não estamos aí para a violência e o bate boca, nós pudemos mostrar com dados concretos a diferença. Se você acha que o governo Bolsonaro foi bom, me mostra os projetos que ele fez de bom para a população. Nós temos o que falar sobre o que o governo do PT fez para a população. Fora a reestruturação do PT nos Estados Unidos. A criação de um núcleo na Flórida foi um ganho muito grande para nós. Tivemos uma explosão de filiações, desde 2019 e 2020. Isso mostra que as pessoas acreditam na nossa filosofia.

BT: Qual é a pauta que vocês têm para apresentar ao Presidente Lula?

CT: Durante a campanha fizemos uma consulta popular para saber quais são as reivindicações da comunidade brasileira para que fosse entregue ao candidato do PT, na época o candidato Lula. E o PT ganhou em uma coalizão, e nós gostaríamos de ter isso na agenda: o ponto número um são esses tópicos que a comunidade levantou como prioritária. Queremos escutar do governo para saber como a comunidade pode ser escutada nas suas necessidades. Nessa consulta pública nós escrevemos a carta de Boston com vários pontos. São questões que vão desde suporte aos pequenos e microempresários, ao apoio às pessoas que são presas nas fronteiras. Posso aqui citar alguns:

  • Facilitar acesso ao voto/voto a distância no exterior
  • Expansão e reativação do Ciências Sem Fronteiras para atender a todas as disciplinas onde os integrantes e participantes possam fazer uma contribuição acadêmica e retornar talentos e conhecimentos produzidos para atuação no Brasil.
  • Aumentar o acesso a serviços de saúde mental e atendimento às vítimas de violência doméstica à comunidade brasileira transnacional.
  • Facilitar o acesso à Previdência Social, e implementar o acordo bilateral assinado durante os governos Dilma e Obama que prevê contagem de tempo de trabalho no Brasil e nos EUA para fins de aposentadoria, sem necessidade de dupla contribuição.

Abertura de espaços culturais disponíveis à comunidade brasileira transnacional.

  • Assistência legal a brasileir@s encarcerad@s
  • Apoio a pequen@s empresári@s atuando nos Estados Unidos e Canadá
  • Redução das taxas de remessas bancárias e abertura de agências da Caixa e Banco do Brasil nos Estados Unidos e Canadá

BT: Quais são as suas palavras finais?

CT: Depois de muitos anos e muitos percalços, assim como o presidente Lula ressurgiu das cinzas, aconteceu a mesma coisa com o Núcleo do PT de Boston, ressurgiu das cinzas. Com novas abordagens, novos integrantes, com uma agenda para se trabalhar neste governo. Ressalto o ressurgimento do PT.

 

BT: O que já se pode celebrar com o governo do PT?

O mais importante do que qualquer outra coisa é a volta da democracia!

 

Contatos:

Email: nucleo.pt.boston@gmail.com    

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