Brasileiro é condenado a prisão perpétua pelo assassinato da ex-namorada na Pensilvânia

O paraense Danelo Sousa Cavalcante, 34 anos, não tinha argumentos ou desculpas a justificar a sua decisão de esfaquear a sua ex-namorada até a morte em frente aos próprios filhos pequenos dela, do lado de fora da casa onde ela morava, Condado de Chester, na Pensilvânia. O crime aconteceu há dois anos e a vítima, Deborah Brandão, também era brasileira.

O final do julgamento, que aconteceu na terça-feira, dia 22, ele foi sentenciado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional por assassinato em primeiro grau. "Quero pedir desculpas a eles", disse Cavalcante sobre a filha e o filho da vítima, e sua irmã, Sarah Brandão, que fez uma declaração emocionante sobre como as crianças e ela têm lutado para seguir em frente após o trágico assassinato.

Mas o juiz do Tribunal Comum de Chester County, Patrick Carmody, que presidiu o julgamento de Cavalcante na semana passada, impôs a sentença obrigatória de prisão perpétua, mais 2 anos e meio a cinco anos por posse de instrumento para cometer crime. Ele afirmou que as ações do brasileiro não demonstraram qualquer remorso. “Se ele estivesse verdadeiramente arrependido, teria percebido que o caso contra ele era muito forte e teria se declarado culpado, poupando a irmã de da vítima e a filha, agora com 9 anos, de testemunhar”, disse Carmody a Cavalcante, que estava sentado na mesa de defesa e ouvindo o julgamento por meio de um tradutor de português.

Carmody disse que as ações do acusado desmentiam qualquer sentimento de remorso.  "Causar à esta menina a experiência de reviver o assassinato de sua mãe foi uma decisão consciente de sua parte e isso não demonstra arrependimento", acrescentou o juiz.

No dia 16, o júri havia considerado o brasileiro culpado de assassinato em primeiro grau após menos de 20 minutos de deliberação. A evidência apresentada pela equipe de acusação da Procuradora Distrital Deb Ryan e dos Assistentes de Procuradoria Distrital, Zachary Yurick e Monica Szyszkiewicz, era avassaladora e incluía o depoimento da filha de Deborah, relatos de vizinhos, de Schuylkill Township, que ajudaram a resgatar as crianças, cúmplices da fuga do acusado e a própria declaração de responsabilidade de Cavalcante à polícia após sua prisão.

Os advogados de defesa, os Defensores Públicos Assistentes, Sameer Barkawi e Nellie Verduci, reconheceram a culpa, mas argumentaram que ele havia agido no calor da paixão e deveria ser considerado culpado de um grau menor ou homicídio em terceiro grau. O júri rejeitou a sugestão.

Em suas observações antes da sentença, Barkawi pediu a Carmody que amenizasse a sentença não impondo uma pena de prisão consecutiva pela acusação de posse de um instrumento do crime. Ele disse que Cavalcante havia crescido pobre no Brasil e tinha sido vítima de abuso. "Essas pessoas muitas vezes acabam cometendo os mesmos crimes que testemunharam", disse ele. “Ele começou a se associar a membros de gangues e se tornou viciado em drogas e álcool”, acrescentou.

Mas Ryan pressionou Carmody a impor uma sentença consecutiva e castigou duro a Cavalcante por seus crimes, que ela disse serem especialmente graves devido ao impacto sobre os sobreviventes. "Toda a família está em choque como resultado desta tragédia", disse ela em suas observações antes da sentença. "Ele não apenas assassinou brutalmente Deborah Brandao, mas o fez na frente de seus dois filhos".

Ryan chamou as ações de "frias, calculistas e hediondas" e observou que elas haviam ocorrido depois que ele a agrediu em duas ocasiões anteriores. "Ele queria que ela estivesse morta porque ela havia ameaçado contar às autoridades que ele era procurado por assassinato no Brasil. Se a senhor Brandão tivesse ido à polícia, ele teria sido exposto. Ele fez isso para silenciá-la”, afirmou. 

DESABAFO NAS REDES SOCIAIS

Nas redes sociais, a irmã de Deborah, Sarah Brandão, comemorou a sentença e destacou o quanto este crime prejudicou a sua família: “Hoje o assassino da minha irmã foi condenado a prisão perpétua. Isso não trará ela de volta, mas o alívio em saber que nunca mais ele vai matar ninguém e nunca mais ele vai sair da prisão nos Estados Unuidos, Justiça feita. Apodreça na cadeia seu demônio”.

A mãe, Carolyn Saraiva, também falou sobre o caso: “Ele destruiu nossa família, os sonhos da minha filha com os filhos. Honesta, batalhadora e corajosa, que só foi em busca o melhor e ele sem motivos interrompeu todos os sonhos. Mãe, grande filha e batalhadora. A justiça de Deus não falha. Não a trará de volta, mas temos a certeza de que nunca mais matará alguém e por aqui estamos a cada dia a reconstruir, gradativamente, nossas vidas, mas a saudade é muito grande e nada irá cobrir esse imenso vazio”.

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Fonte: Da redação