Especialistas explicam porque brasileiro que fugiu da prisão não foi deportado após sua condenação

O brasileiro Danilo Cavalcante, 34 anos, esfaqueou sua ex-namorada. Deborah Brandao, 33 anos, dezenas de vezes. O crime ocorreu na Pensilvânia, na frente dos dois filhos pequenos dela, em 2021. Ele foi condenado por homicídio de primeiro grau e sentenciado à prisão perpétua. Mas depois, no dia 31 de agosto, escapou da prisão do Condado de Chester.

Enquanto centenas de policiais estão procurando por Cavalcante, que está foragido há quase duas semanas, alguns moradores se perguntam por que ele permaneceu nos Estados Unidos após a sua condenação.

O brasileiro entrou nos Estados Unidos e de acordo com informações, ele já era procurado por um assassinato ocorrido em 2017 no Brasil. Os promotores afirmam que ele matou Brandao depois que ela soube desse assassinato e ameaçou denunciá-lo às autoridades.

Isso levou algumas pessoas a se questionarem: Ele não deveria ter sido deportado antes de cometer outro crime ou depois de ser condenado pelo assassinato de Brandão? De acordo com advogados de imigração da região que trabalham com pessoas enfrentando deportação, a resposta curta é não, e isso geralmente é feito para garantir que a justiça seja cumprida nos crimes mais graves.

Estudos mostram que cidadãos dos Estados Unidos têm mais probabilidade de serem presos por crimes violentos, relacionados a drogas e contra a propriedade do que imigrantes indocumentados. De acordo com dados do Censo, existem cerca de 11 milhões de pessoas indocumentadas vivendo no país, e os advogados de imigração afirmam que aqueles que mantêm um perfil baixo podem passar despercebidos, já que as autoridades estão mais preocupadas com imigrantes que representam uma ameaça à segurança pública.

De acordo com as regras, o principal sistema que o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos usa para tentar pegar essas pessoas e iniciar o que são chamados de procedimentos de remoção é um contato com o sistema de justiça criminal. É isso que parece ter acontecido com Cavalcante.

Ele estava vivendo no país tranquilamente e só foi descoberto que ele era procurado no Brasil depois que as autoridades do Condado de Chester começaram a processá-lo por homicídio nos EUA.

Um porta-voz do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês) disse que um pedido de custódia foi feito contra Cavalcante após sua prisão no Condado de Chester. Mas, segundo os advogados, é do interesse do sistema de justiça manter alguns dos infratores mais graves em solo norte-americano, já que seu país de origem não tem a obrigação de impor penas de prisão por crimes cometidos em outros lugares. Isso é uma maneira de garantir justiça para as vítimas de crimes graves e suas famílias.

Lonny Fish, da Liberty Law Team e que representa imigrantes indocumentados acusados de crimes, disse que manter infratores graves sob custódia nos Estados Unidos também é uma medida dissuasória. Isso mostra às pessoas que cumprirão sua pena integral se cometerem um crime.

Ainda assim, os advogados disseram que as autoridades de imigração não hesitam em deportar pessoas que foram condenadas por crimes. As chamadas ofensas deportáveis abrangem uma ampla gama de crimes, incluindo aqueles envolvendo má conduta moral, posse de substâncias controladas e infrações relacionadas a armas de fogo. Também incluem crimes menores, como furto. Os advogados afirmam que o sistema de imigração geralmente oferece pouca indulgência para os crimes menores.

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Fonte: Da redação