Defensores dos imigrantes contestam a “crise” na fronteira de New Hampshire com o Canadá

Uma coalizão de ativistas dos direitos civis e dos imigrantes de New Hampshire escreveram uma carta ao Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos pedindo a continuação da suspensão dos acordos de delegação do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês), o mesmo programa federal que o governador Chris Sununu deseja retomar.

A carta foi escrita menos de uma semana depois de Sununu e o Procurador Geral John Formella anunciarem a Northern Border Alliance Task Force, uma iniciativa que adicionará aproximadamente 10.000 horas de patrulhas adicionais dentro de um raio de 25 milhas da fronteira canadense ao longo do próximo ano e meio.

O financiamento para essa iniciativa, que se espera seja de US$ 1,4 milhão, foi aprovado pela Assembleia Legislativa do estado na última sessão, em resposta ao aumento nas travessias ilegais na região de Swanton, sob responsabilidade da Patrulha de Fronteira dos EUA, que compreende New Hampshire, Vermont e parte de New York.

Sununu justificou a decisão de buscar o aumento das operações estaduais após tentativas malsucedidas de obter apoio do governo federal, incluindo um pedido ao Secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, para que suspendesse o congelamento nacional dos acordos de delegação do ICE, conhecido como programa 287(g).

Esse programa permite que a aplicação da lei estadual e local execute funções específicas de um oficial de imigração sob a supervisão da agência federal. Após a recusa, Sununu voltou-se para a delegação congressional do estado em agosto, solicitando ajuda para que New Hampshire assegurasse um acordo de delegação com o ICE.

Nesta semana, opositores ao aumento das operações na fronteira de 58 milhas de New Hampshire com o Canadá questionaram o pedido de Sununu, pedindo a Mayorkas que continuasse a moratória nacional sobre os acordos de delegação do ICE. "A fiscalização da imigração é uma responsabilidade federal, e o programa 287(g) prejudica a confiança da comunidade na polícia", diz a carta. "O programa é inerentemente falho e, além disso, as alegações do governador Sununu sobre o aumento nas travessias não autorizadas carecem de evidências."

DECLARAÇÕES QUESTIONADAS

Entre aqueles que assinaram a carta estavam representantes da Rights and Democracy NH, American Friends Service Committee, NH Alliance of Immigrants and Refugees, Granite State Organizing Project, ACLU de New Hampshire, Granite State Interfaith Action Fund e NH Immigrant Rights Network.

A carta começa questionando as afirmações de Sununu de que há uma "crise" na fronteira norte de New Hampshire, afirmando: "Não há dados para sustentar tal afirmação."

O escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP, sigla em inglês) afirmou que mantém dados de travessias apenas para o setor Swanton como um todo, e não para estados individuais. Até o momento, os funcionários do estado não têm dados específicos sobre travessias em New Hampshire e disseram que todos os números relacionados vêm diretamente do governo federal.

O CBP negou o pedido do Bulletin por números de New Hampshire em abril, dizendo que não divulga números a nível estadual. Na semana passada, Formella disse que o setor Swanton de 295 milhas viu mais de 6.000 detenções no último ano, "um aumento significativo" e "mais do que nos últimos 11 anos combinados." Sununu e Formella também apontaram dados mostrando um aumento nas tentativas de travessia em toda a fronteira norte do país, de Maine a Washington, por pessoas na lista de observação de terroristas - aproximadamente 430 pessoas no último ano fiscal.

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