Patrulha de Fronteira envia imigrantes para acampamentos não oficiais no deserto da Califórnia

Numa manhã fria de outono no deserto da Califórnia, à beira de uma rodovia, dois jovens pedem ajuda. De acordo com uma reportagem divulgada pela NPR eles afirmam que eram da Turquia e atravessaram a fronteira entre os Estados Unidos e o México há alguns minutos antes, acompanhados por cerca de 18 outras pessoas.

E então, pedem algo incomum, dadas as circunstâncias: "Por favor, ligue para a Patrulha de Fronteira". Quase imediatamente após o pedido, agentes chegam e os levam.

A reportagem destaca, ainda, que por mais estranho que isso possa parecer, é isso que eles queriam. Foram informados de que, ao cruzarem e se entregarem à Patrulha de Fronteira, estão dando o primeiro passo para obter um visto ou uma chance melhor de asilo nos Estados Unidos.

Todos os dias nos últimos meses, contrabandistas deixam mais de 300 imigrantes em uma lacuna de vários quilômetros no muro da fronteira no deserto do sul da Califórnia. Ao cruzarem, encontram-se nos arredores da pequena comunidade de Jacumba, com uma população de cerca de 600 pessoas. Acabam em acampamentos como este, um campo aberto perto da rodovia, onde a Patrulha de Fronteira lhes disse para esperar. Ativistas e moradores locais chamam isso de desastre humanitário e afirmam que ninguém está ajudando.

Não há abrigo contra o vento forte ou o frio do deserto. Os acampamentos onde as pessoas são levadas pela Patrulha de Fronteira são uma visão distópica. Em um deles, cerca de 150 adultos e crianças se aglomeram para se aquecer. Um homem curdo, Ramazan Bicer, diz que cruzou a fronteira logo cedo nesta manhã. Fala sobre perseguição governamental e pobreza na Turquia, sua terra natal. Ele diz que seu plano é permanecer nos EUA. "Meu plano é apenas conseguir meu green card e ficar aqui por toda a minha vida. Vamos ficar. Não temos outra escolha."

A maioria das pessoas neste acampamento nesta manhã é curda, mas também há muitos da América Latina. Uma mulher de Honduras diz que saiu de casa porque recebeu ameaças por ser gay. Ela chora: não conversa com sua família desde que partiu há um mês. "Não vou contar a eles que consegui", diz ela, "até sair daqui."

Olhando ao redor para as barracas improvisadas que os imigrantes construíram com lonas, pedras e madeira coletada, isso se parece com um campo de refugiados. Um lugar onde alguém poderia esperar ver a Cruz Vermelha. A Guarda Nacional. Médicos Sem Fronteiras.

Moradores locais dizem que quase não há supervisão. As únicas pessoas que vêm aqui para ajudar são moradores e voluntários. Esta manhã, eles estão distribuindo fórmula infantil, primeiros socorros, água e comida, quando um caminhão da Patrulha de Fronteira chega.

Num alto-falante, um agente diz para as famílias com crianças se alinharem, colocam em vans e partem.

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Fonte: Da redação