Publicado em 13/12/2023 as 6:00pm
Esquema de casamento falso ajudou mais de 300 pessoas a obterem green cards, maioria eram brasileiras
Ulan, que liderava a preparação do casal para a entrevista, estava longe de ser um simples consultor. Seu chefe, Marcialito "Mars" Biol Benitez, era o maestro por trás de uma operação que visava ajudar centenas de estrangeiros a obterem green cards através de casamentos fictícios.
No verão de 2021, um cônjuge em Los Angeles (Califórnia), ansioso por garantir um green card para o marido estrangeiro de 53 anos, encontrou-se com Engilbert Ulan para preparar as respostas cruciais para uma entrevista da United States Citizenship and Immigration Services (USCIS). O que parecia uma busca legítima por residência permanente tornou-se parte de um amplo esquema de fraude matrimonial.
Ulan, que liderava a preparação do casal para a entrevista, estava longe de ser um simples consultor. Seu chefe, Marcialito "Mars" Biol Benitez, era o maestro por trás de uma operação que visava ajudar centenas de estrangeiros a obterem green cards através de casamentos fictícios. O casal em questão, como muitos outros, pagou até US$ 30,000 em dinheiro pelos "serviços" de Benitez.
Recentemente, Ulan, com 42 anos, foi condenado por conspiração para fraude matrimonial e fraude em documentos de imigração. Em um julgamento federal em Boston (Massachusetts), ele enfrenta até cinco anos de prisão e uma multa de US$ 250,000.
Benitez, de 49 anos, que admitiu liderar a empresa de fraude matrimonial, testemunhou contra Ulan em troca de uma possível sentença reduzida.
O advogado de Ulan, Joseph Simons, argumenta que seu cliente desempenhou apenas um papel menor no esquema, retratando Benitez como o "arquiteto" por trás dos casamentos arranjados. Ele destacou que Ulan, um filipino residente em Pasadena, confiou em seu chefe e acabou envolvido em um plano fraudulento de imigração.
O veredicto contra Ulan marca a décima condenação no caso, com nove co-réus anteriormente se declarando culpados. A sentença está marcada para março.
Jodi Cohen, agente especial encarregada da divisão do FBI em Boston, alertou que a condenação de Ulan deve servir como um aviso para outros envolvidos em fraudes matrimoniais. Ele enfatizou que o processo de obtenção da cidadania dos EUA é uma honra, e Ulan transformou essa jornada em uma fraude completa.
As autoridades indicam que Benitez liderou a agência de fraude matrimonial, denominada Career Ad Management LLC, de outubro de 2016 a março de 2022. Durante esse período, mais de 300 "casamentos falsos" foram organizados, proporcionando a clientes o caminho aparentemente legal para obter green cards.
Os promotores afirmaram que a maioria dos clientes era brasileiros e pagaram até US$ 30,000 em dinheiro pelos serviços de Benitez.
Documentos judiciais revelam o modus operandi do esquema, onde intermediários recrutavam cidadãos americanos para atuarem como cônjuges fictícios. Ulan e outros identificavam estrangeiros através de referências e boca a boca. Além de organizar casamentos fraudulentos, a agência decorava capelas com adereços e até mesmo providenciava roupas adequadas para os cônjuges falsos.
Ulan desempenhava um papel crucial nas reuniões introdutórias, orientando os clientes sobre como responder a perguntas durante entrevistas de imigração. Os clientes eram aconselhados a abrir contas bancárias conjuntas, comprar seguros de vida e apresentar declarações fiscais conjuntas para manter as aparências até que o green card fosse concedido.
Clientes fora da Califórnia, que precisavam demonstrar residência no estado, pagavam a Ulan e outros para usar seus endereços e caixas de correio. Esse elaborado esquema de fraude, no qual Ulan desempenhava um papel ativo, agora enfrenta o escrutínio das autoridades.
Quanto ao destino dos beneficiários do esquema, há incerteza sobre a validade de seus green cards. O Departamento de Justiça está investigando, e a USCIS pode rever o status de residência permanente daqueles envolvidos no esquema.
A audiência de sentença de Benitez está marcada para janeiro, com promotores recomendando uma pena de três anos e meio. O caso destaca a necessidade de vigilância rigorosa e medidas para proteger a integridade do processo de imigração nos Estados Unidos.
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