Morte de pai imigrante revela obstáculos no acesso à saúde para trabalhadores indocumentados em Connecticut

Johnne Alberto Núñez Palomino, um imigrante peruano de 54 anos, morou em Connecticut por menos de um ano. Ele faleceu em seu apartamento em Hartford, após um longo turno de trabalho no dia 27 de fevereiro.

Quando chegou a Connecticut, ele imaginava encontrar oportunidades econômicas e um caminho para reunir sua família. "A família estava determinada a buscar melhores oportunidades nos Estados Unidos", disse sua filha, Rosa Isabel Núñez Villanueva, de 28 anos, natural de Lima, Peru.

Alberto e um filho cruzaram a fronteira entre os Estados Unidos e o México e chegaram a Connecticut em março de 2023. Quase um ano depois, ele faleceu.

A morte de Alberto trouxe à tona discussões sobre o acesso aos cuidados de saúde para populações vulneráveis, destacando os desafios enfrentados pelos imigrantes indocumentados para obter atenção médica adequada.

Apesar de sentir uma dor de cabeça, Alberto foi trabalhar em um restaurante em West Hartford, na esperança de poder sair mais cedo. "Meu pai pediu permissão, mas eles recusaram, apesar de verem que ele não estava bem", disse a filha.

Ela relatou que seu pai retornou para casa perturbado. Na manhã seguinte, ela o encontrou inconsciente. Os paramédicos levaram Alberto para o Hospital St. Francis, onde os médicos o declararam morto por parada cardíaca.

A notícia deixou a família devastada e com muitas perguntas sobre as últimas horas do patriarca no trabalho. "Meu pai me informou que não lhe forneceram o almoço ou os intervalos", disse ela.

Alberto deixa um neto bebê, uma filha e um filho em Hartford, Connecticut, além de uma esposa que vive Peru.

O gerente do restaurante disse à Connecticut Public que não comentaria sobre as alegações da família. Ele disse que encaminharia a investigação ao departamento de recursos humanos. No entanto, afirmou que Alberto era uma boa pessoa e trabalhador.

A jovem argumentou que o restaurante se aproveitou de seu pai. "Quando alguém é imigrante, tem medo de ser demitido do emprego", disse ela. "Eles definitivamente não foram considerados com meu pai."

Maly Rosado, membro da Câmara de Vereadores de Hartford, destacou que os trabalhadores indocumentados enfrentam desafios distintos no trabalho e no sistema de saúde. Ela relatou ter ouvido histórias preocupantes sobre empregadores ameaçando chamar as autoridades de imigração para funcionários que reclamam das condições de trabalho. "Eles sabem que trabalham por menos dinheiro, então estão explorando-os", disse.

Além disso, a morte de Alberto levantou preocupações sobre as barreiras linguísticas no sistema de saúde. O Dr. Luis Diez-Morales, diretor médico e vice-presidente executivo do Conselho de Saúde Hispânica em Hartford, reconheceu essas barreiras e enfatizou a importância de poder falar a língua nativa para comunicar com precisão os sintomas e acessar atendimento médico oportuno. "O idioma é uma grande barreira para nossa população migrante de língua espanhola", afirmou.

Ele destacou que as barreiras linguísticas podem dificultar a comunicação entre pacientes, suas famílias e os prestadores de cuidados de saúde, potencialmente levando a atrasos no diagnóstico e tratamento.

O Conselho de Saúde Hispânica se comprometeu a fornecer apoio financeiro para os custos do funeral e cremação de Alberto, e conectar sua família a serviços de saúde e comunidade.

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Fonte: Da redação