Publicado em 28/08/2024 as 10:00am
Jovem brasileiro registra Pica-Pau com anomalia na íris nos EUA
Em um raro e intrigante evento no mundo da observação de aves, o jovem brasileiro Thomas...
Em um raro e intrigante evento no mundo da observação de aves, o jovem brasileiro Thomas Michel Ambiel, de 19 anos, fez uma descoberta que tem emocionado tanto amadores quanto cientistas. Durante uma viagem com seu pai em 2023, Ambiel registrou um pica-pau-de-barriga-vermelha (Melanerpes carolinus) com uma anomalia notável: íris brancas. Este achado, ocorrido na cidade de Winter Haven, na Flórida, é o primeiro desse tipo registrado na espécie nos Estados Unidos.
O episódio ocorreu em 27 de março de 2023, e o registro de Thomas foi feito em um condomínio. Menos de duas semanas antes, em 13 de março, um macho com íris brancas foi fotografado em Wildwood, no condado de Sumter. Ambos os pica-paus exibiam a rara característica de íris brancas, um fenômeno que, segundo especialistas, é inédito para a espécie.
O jovem brasileiro não tinha o objetivo principal de observar aves durante a viagem, mas a descoberta inesperada chamou a atenção de Eamon Corbett, pesquisador do Departamento de Ciências Biológicas e Museu de Ciências Naturais da Universidade do Estado da Luisiana. Corbett entrou em contato com Ambiel após visualizar o registro na Biblioteca Macaulay, a maior base de dados mundial sobre mídia animal. Segundo Corbett, a anomalia pode estar relacionada a pigmentos pteridínicos brancos, que normalmente são ocultos na espécie, e uma mutação pode ter causado a perda do pigmento vermelho-amarronzado.
Em um estudo recente, pesquisadores revisaram 45 espécimes de pica-pau-de-barriga-vermelha no acervo do museu para analisar a coloração das íris. Dentre esses, nenhum apresentou íris completamente brancas. A maioria dos espécimes exibiu combinações de cores vermelhas e marrons, o que torna a descoberta de Ambiel ainda mais significativa.
A descoberta do jovem brasileiro destaca a importância da ciência cidadã e o papel dos observadores amadores na pesquisa científica. A falta de dados e amostras similares em museus torna o trabalho de indivíduos como Ambiel essencial para o avanço do conhecimento sobre essas anomalias.
O pesquisador Corbett acredita que o desenvolvimento de olhos brancos sem alteração na cor das penas pode indicar um gene específico para o pigmento vermelho-amarronzado que está defeituoso nesses pica-paus. No entanto, mais estudos e dados genéticos serão necessários para entender completamente a causa dessa anomalia.
A descoberta foi recentemente publicada na revista Southeastern Naturalist, sublinhando a importância da observação meticulosa e da colaboração entre cientistas e entusiastas da natureza. À medida que a pesquisa continua, a contribuição de observadores de aves como Thomas Ambiel poderá fornecer novas perspectivas e descobertas sobre a vida selvagem.
Para os amantes das aves e curiosos da natureza, este é um lembrete de que até mesmo as observações mais inesperadas podem revelar aspectos fascinantes e novos sobre a biodiversidade. E quem sabe, a próxima grande descoberta pode estar mais próxima do que se imagina, possivelmente surgindo da janela de alguém ou da câmera de um observador apaixonado.
Fonte: DA REDAÇÃO