O desenvolvedor Joshua Aaron, com cerca de 20 anos de experiência na indústria da tecnologia, criou um aplicativo que está despertando atenção e polêmica nos Estados Unidos.
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Aplicativo é criado para alertar sobre operações do ICE nos EUA

O desenvolvedor Joshua Aaron, com cerca de 20 anos de experiência na indústria da tecnologia, criou um aplicativo que está despertando atenção e polêmica nos Estados Unidos. Batizado de ICEBlock, o app permite que usuários alertem pessoas nas proximidades sobre a presença de agentes da Imigração (ICE) em suas regiões. A ferramenta foi lançada em abril, em meio à intensificação das políticas de deportação promovidas pelo governo do presidente Donald Trump.
Aaron conta que sua motivação para desenvolver o ICEBlock veio da indignação ao observar o que ele descreve como uma repetição sombria da história. “Estamos literalmente assistindo à história se repetir”, disse à CNN, comparando os esforços de deportação à perseguição de minorias na Alemanha nazista.
O aplicativo funciona como um sistema de alerta precoce: quando alguém avista agentes do ICE, pode inserir um ponto no mapa com informações opcionais, como a descrição dos uniformes ou dos veículos usados. Usuários em um raio de até cinco milhas recebem notificações automáticas, o que permite que evitem a área e, possivelmente, o contato com os agentes de imigração.
Com mais de 20 mil usuários — muitos deles em Los Angeles, onde grandes operações de deportação vêm sendo conduzidas —, o ICEBlock ganhou força especialmente entre imigrantes e ativistas. No entanto, a iniciativa também gerou críticas por parte das autoridades. O diretor interino do ICE, Todd Lyons, divulgou um comunicado condenando o aplicativo, alegando que ele “basicamente coloca um alvo nas costas dos agentes federais” e ressaltando que os ataques a oficiais aumentaram 500%.
Apesar da controvérsia, Aaron afirma que o app tem uso exclusivamente informativo e adverte contra qualquer tentativa de incitar violência ou interferir em ações da lei. “Não queremos que ninguém interfira com os agentes. A ideia é simplesmente ajudar as pessoas a se manterem seguras”, explicou.
Preocupado com a privacidade dos usuários, Aaron assegura que o ICEBlock não coleta dados pessoais, como ID do dispositivo, endereço IP ou localização exata. O app é exclusivo para iOS, pois, segundo ele, a versão para Android exigiria permissões que comprometeriam o anonimato. Além disso, foram implementadas medidas para evitar o uso indevido da plataforma, como a limitação de alertas a uma vez a cada cinco minutos e o prazo de expiração de quatro horas para os avisos.
O aplicativo é gratuito e, segundo Aaron, não há planos de monetização. Ele destaca que seu foco é o serviço à comunidade, e critica abertamente líderes do setor tecnológico que apoiam Trump. “Eu diria: criem coragem. Não pode ser só pelo dinheiro”, disse. “Sei que vocês têm acionistas e funcionários. Mas, em algum momento, é preciso dizer: ‘Basta’.”
Enquanto o debate sobre imigração continua a dividir os Estados Unidos, o ICEBlock surge como uma ferramenta que alia tecnologia à resistência, colocando a privacidade e o direito à informação no centro da discussão.
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