A detenção de um imigrante brasileiro no corredor do Tribunal Municipal do Condado de Franklin, logo após uma audiência de trânsito, acendeu o alerta na comunidade imigrante de Ohio e está gerando questionamentos sobre os limites da atuação do Departamento de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE, sigla em inglês) dentro de tribunais estaduais.
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Brasileiro é detido por agente do ICE em audiência de trânsito em Ohio
A detenção de um imigrante brasileiro no corredor do Tribunal Municipal do Condado de Franklin, logo após uma audiência de trânsito, acendeu o alerta na comunidade imigrante de Ohio e está gerando questionamentos sobre os limites da atuação do Departamento de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE, sigla em inglês) dentro de tribunais estaduais.
Leonardo Fausto, residente em Westerville, compareceu ao tribunal no dia 3 de junho para responder por dirigir sem carteira válida — uma acusação que acabou sendo arquivada. Ele se declarou culpado apenas por excesso de velocidade — dirigia a 70 mph em uma via de 45 mph — e foi multado em US$ 202 no total.
As imagens das câmeras de segurança mostram Fausto deixando o tribunal quando é abordado por um homem de boné e roupas civis. Sem exibir qualquer identificação visível, o agente conversa brevemente com Fausto e o algema em seguida. O brasileiro é então escoltado para fora do prédio.
Segundo o advogado de Fausto, Walter Messenger, seu cliente está legalmente nos Estados Unidos, embora não seja cidadão. Ele e a esposa, que pediram asilo após sofrerem ameaças no Brasil, vivem em Ohio há quatro anos. Apesar de o pedido ter sido inicialmente negado, a apelação segue em andamento, o que lhes garante o direito de permanecer no país enquanto o processo é analisado.
Messenger contesta a alegação do ICE de que Fausto teria perdido uma audiência de imigração. “Isso não é verdade. Eu estive presente em todas as audiências dele”, afirmou.
A esposa de Fausto, que pediu para não ser identificada por medo de represálias, relatou o desespero ao saber da prisão. “Recebi a ligação por volta das 12h30. Estava com nossos três filhos e fiquei sem saber o que fazer. Pensei: ‘Estou sozinha, e agora?’”, disse, em entrevista à emissora NBC4, por meio de um tradutor.
Ela também criticou a abordagem dos agentes. “Eles não estavam com coletes ou crachás de identificação. Só depois descobrimos que eram do ICE. Foi um choque.”
Agentes de imigração estão autorizados a atuar à paisana, mas devem se identificar e mostrar credenciais antes de efetuar prisões. No entanto, como apontou a corte local, a atuação de forças de segurança em áreas públicas fora das salas de audiência é permitida.
Apesar disso, tribunais de instâncias superiores no mesmo condado adotaram novas regras, proibindo prisões civis sem mandado judicial dentro dos edifícios e restringindo detenções dentro das salas dos juízes sem autorização expressa.
Fausto permanece detido na Cadeia do Condado de Butler, enquanto seu advogado tenta garantir sua libertação, alegando que ele não representa risco à comunidade e sempre compareceu às obrigações judiciais. “Essa parte será fácil de provar. Ele nunca cometeu nenhum crime”, reforçou Messenger.
O caso provocou indignação entre ativistas e líderes comunitários. “Nossa comunidade está com medo”, disse a esposa de Fausto. “As pessoas têm medo de sair de casa, de ir ao trabalho, de andar nas ruas. Precisamos de ajuda. Eu peço ajuda para quem puder ajudar meu marido.”
Fausto trabalha na construção civil durante a semana e, aos fins de semana, vende pizzas com a esposa. O casal participa de atividades na igreja local. Seu filho mais novo nasceu nos Estados Unidos e é cidadão norte-americano.
O ICE ainda não respondeu aos pedidos de esclarecimento da imprensa. Representantes dos senadores norte-americanos Bernie Moreno e Jon Husted também foram procurados, mas não se pronunciaram até o momento.
O episódio reforça o clima de insegurança entre famílias imigrantes e reacende o debate sobre o uso de espaços públicos, como tribunais, por agentes federais de imigração para executar detenções controversas.
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