Publicidade

Publicidade

Imagem padrão para Notícias Lateral 3

edição ma

Edição MA 4202

Última Edição #4202

BT MAGAZINE

Revista # 72

Última Edição #72

Brasileiro preso pelo ICE em Massachusetts relata “pressão psicológica” para se “autodeportar”

Lucas dos Santos Amaral, de 29 anos, foi detido em meio à ofensiva migratória do governo Trump; agora, responde ao processo de imigração em liberdade, ao lado da esposa grávida e da filha pequena.

 


Da redação

Durante os 26 dias em que ficou detido nos Estados Unidos, o brasileiro Lucas dos Santos Amaral viveu dias de incerteza. Seria deportado? Recomeçaria a vida no Rio de Janeiro? Ou voltaria para casa, em Massachusetts, com sua esposa grávida e a filha pequena? No final de fevereiro, ele teve a resposta: reencontrou a família no aeroporto de Boston, após passar por três prisões em dois Estados — Massachusetts e Texas.

“Só caiu a ficha quando minha filha me abraçou forte no carro e disse: ‘papai, eu não te largo nunca mais'”, contou Lucas, que trabalha como pintor de paredes e também é músico gospel.

Natural do Rio de Janeiro, Lucas entrou nos EUA em 2017 com visto de turismo, mas permaneceu após o prazo legal, o que o colocou em situação migratória irregular. Ainda assim, nunca teve passagem pela polícia ou histórico criminal, nem nos Estados Unidos, nem no Brasil.

Ele foi preso no dia 27 de janeiro, a caminho do trabalho, apenas uma semana após o presidente Donald Trump assumir o cargo e intensificar as ações do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Aduanas), prometendo priorizar a deportação de imigrantes com antecedentes criminais. O caso, noticiado pela BBC News Brasil, ganhou grande repercussão entre brasileiros e evangélicos no país.

No entanto, durante o período em que esteve preso, Lucas foi alvo de boatos nas redes sociais. Grupos que apoiam a política migratória de Trump tentaram desacreditá-lo, espalhando acusações infundadas de envolvimento com crimes como tráfico e até pedofilia — todas negadas pela família e pela advogada Eloa Celedon, que assumiu sua defesa.

Lucas representa o que alguns apoiadores da atual política migratória chamam de “efeito colateral”: imigrantes sem antecedentes criminais ou ordens de deportação que acabam sendo presos durante operações do ICE. “Infelizmente, o ICE não volta para casa de mãos vazias”, diz Lucas. “Assim como aconteceu comigo, pode acontecer com outros.”

O brasileiro foi transferido para um centro de detenção no Texas, onde enfrentou uma audiência diante de um juiz que, segundo sua advogada, tem histórico anti-imigrante. Ainda assim, a Justiça reconheceu que Lucas não apresentava risco, mantinha uma rotina de trabalho estável e possuía fortes laços familiares nos EUA — incluindo uma filha nascida no país e uma cunhada cidadã americana que atuou como fiadora.

A libertação só foi possível após o pagamento de uma fiança de US$ 8 mil (cerca de R$ 47 mil). Agora, Lucas responde ao processo de imigração em liberdade, aguardando futuras audiências que decidirão se poderá permanecer legalmente no país.

Ele relata ter sido alvo de “pressão psicológica” nas prisões. “Fazem de tudo para te quebrar psicologicamente e você falar: ‘não quero mais, me manda embora’”, relembra. “Eles trabalham para forçar você a pedir deportação.”

Nesta segunda-feira (5), o governo Trump anunciou que oferecerá mil dólares e os custos da passagem para imigrantes que aceitarem deixar o país voluntariamente — medida que reacende o debate sobre os rumos da política migratória nos EUA.

FONTE: BBC News Brasil

Compartilhar

Publicidade

Imagem padrão para Notícias Rodapé

Deixe um comentário

Ouça a Rádio do BT
Rádio BT
WhatsApp

Fale com o

BT no Whats!

WhatsApp
Telegram

Participe do

Telegram

Telegram