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Empresário brasileiro é investigado por suposto plano de lavagem de dinheiro com imóveis na Flórida

Documentos indicam que Alessandro do Nascimento pretendia investir mais de R$ 7 milhões em propriedades nos EUA durante apuração sobre desvio de recursos públicos em MT

A Polícia Civil de Mato Grosso identificou indícios de um suposto plano de lavagem de dinheiro internacional envolvendo o empresário Alessandro do Nascimento, dono da Tubarão Sports, por meio da aquisição de imóveis de alto padrão na Flórida. A revelação consta em relatório da delegada Juliana Rado, responsável pela Operação Suserano, que investiga desvios de recursos públicos destinados à agricultura familiar no estado.

Segundo o relatório, a polícia apreendeu documentos que apontam negociações de ao menos duas casas no condomínio Westhaven at Ovation, em Orlando. Avaliadas em US$ 596.706 e US$ 584.822, as propriedades somam mais de US$ 1,1 milhão — o equivalente a R$ 7 milhões. A negociação foi feita durante o período em que os Termos de Fomento entre o Instituto Pronatur e a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) estavam em plena vigência.

As investigações mostram ainda que Alessandro, sua esposa Herley Cristina e a empresa americana 18 Homes LLC — com sede na Flórida e nome fantasia de Quick Realty — firmaram um termo de confidencialidade para manter sigilo absoluto sobre os investimentos. A empresa é administrada pelo cuiabano Tiago White Bueno da Silva, apontado como possível intermediário das transações financeiras entre Brasil e EUA.

A documentação, apreendida em duas caixas ocultadas na casa de amigos do empresário horas antes da deflagração da operação, também inclui uma tabela com imóveis em território americano, manuscritos sobre formas de pagamento e detalhes das transações.

Além dos negócios no exterior, Alessandro aparece como proprietário de um apartamento de luxo no edifício Apogeo, em Cuiabá, avaliado em R$ 2,9 milhões. Inicialmente, o imóvel foi adquirido pela filha, Ana Caroline Ormond, com financiamento baseado em renda de R$ 60 mil. No entanto, documentos da Tubarão Sports, da qual ela é sócia, apontam um pró-labore mensal de apenas R$ 9.723,78. O apartamento, posteriormente, foi transferido para o nome do pai em contrato assinado após a operação, o que, segundo a polícia, pode caracterizar uma simulação para encobrir a origem dos recursos.

A Operação Suserano foi deflagrada em setembro de 2024 pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), após relatório da Controladoria-Geral do Estado (CGE) apontar superfaturamento de até 80% na compra de kits de agricultura familiar, num contrato de R$ 28 milhões. Parte dos recursos teria sido liberada por meio de emendas parlamentares de deputados estaduais, sem critérios técnicos ou seleção transparente dos beneficiários.

Durante as buscas, a polícia encontrou cheques com anotações da palavra “saque”, documentos da empresa Tupã Comércio, registros do Pronatur e um caderno com a frase “queimar documentos”. Também foi identificado um contrato de móveis planejados no valor de R$ 560 mil para o apartamento de luxo em Cuiabá.

Além de Alessandro e sua filha, foram alvos da operação o ex-secretário da Seaf, Luiz Artur de Oliveira Ribeiro (MDB), e outras nove pessoas. O relatório também lista os nomes de 14 deputados estaduais que teriam ligação com as emendas usadas para aquisição dos kits.

Com indícios de tentativa de obstrução da Justiça, destruição de provas e possível relação com as eleições municipais de 2024, o inquérito foi encaminhado à Polícia Federal. Para a delegada Juliana Rado, os elementos reunidos até agora apontam “fortes indícios de ilícitos penais relacionados ao desvio de recursos públicos”.

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